IV - O contrato

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No caminho até o meu quarto ficaram para trás minhas roupas, as deles, nossos medos e nossas dúvidas.

Ao mesmo tempo em que ele sabia muito bem meus pontos fracos, eu percebia um certo receio. Ali não era o Jamie e de certa forma, era ele que eu já conhecia. Talvez ele quisesse mostrar o que Sam faria e eu dei graças a Deus a isso.

Jamie pode ser um cavaleiro, disposto a aprender e a realizar Claire na cama, mas Sam não. Ele é experiente, um homem que já conhece bem os caminhos de um sexo bem feito, aproveitou o que conhecia sobre mim e me deixava cada vez mais louca.

Agora no meu quarto, ele explorou cada partezinha do meu corpo, beijando, mordendo, lambendo, enquanto suas mãos me acariciavam de uma maneira gentil e firme.

Um tempo depois eu o virei, quis controlar um pouco a situação. Uma hora ele mordia os lábios, outra abria um sorriso. Seus olhos olhavam fixos nos meus, aqueles olhos azuis, aquele olhar já tão familiar, me mostrava o quanto de desejo ele carregava naqueles meses em que convivíamos juntos.

- Tem camisinha na primeira gaveta Sam. - Eu disse sem conseguir me aguentar mais de tanta vontade de realmente tê-lo dentro de mim, pela primeira vez. 

Ele não tirou os olhos de mim enquanto ia buscar, eu ri, era uma cena linda, ver as curvas de seu corpo na penumbra do quarto, céus como eu sonhei com aquele momento. 

Enquanto nossos corpos se completavam e buscavam o prazer mútuo, nenhuma palavra foi pronunciada, mas muita coisa foi dita. Não precisávamos de coordenadas para entender o que o outro queria, assim como a gente já tinha percebido em cena, era como se já fizéssemos isso há anos.

Quando chegamos várias vezes ao ponto máximo do prazer de todas as formas possíveis. E mais uma vez nos procurávamos para relaxar e refazer nossas forças. Eu estava extasiada. Era como se vários fogos de artifício estivessem estourando dentro de mim. Eu sentia ondas e mais ondas de prazer, mesmo agora que estávamos apenas deitados um no colo do outro.

Mas de repente, a gente se lembra de algo:

- O contrato. - Ele disse como se estivesse falando sozinho.

- Estava pensando justamente nisso neste momento. - Eu completei com um desânimo na voz. 

Ele buscou meu olhar com uma expressão desesperada, eu sabia muito bem que Sam não queria fazer nada errado, nada que pudesse prejudicar nossas carreiras, e isso, me dava uma sensação de alívio e ao mesmo tempo de raiva.

No contrato que assinamos quando conseguimos os papéis há uma cláusula que diz que, se houver qualquer relacionamento amoroso entre os membros da equipe depois de assinado o contrato, o mesmo não poderia ser levado ao conhecimento público sem antes a permissão dos diretores da empresa.

Apesar de não estar escrito que não poderia haver relacionamento e sim a divulgação do mesmo, nossos agentes já tinham nos alertado da gravidade disso caso acontecesse.

- O público está sempre de olho, eles vão observar cada passo de vocês, os olhares, as mãos, as falas. Haverão pessoas tirando fotos nas ruas e muitas vezes sem o consentimento de vocês, por isso, não substime esta cláusula ok? Tudo deverá ser de conhecimento da diretoria.

Ao mesmo tempo que estava pensando no contrato, não entendia o porquê de nossa preocupação. Éramos somente amigos, tudo bem que já tinha rolado uns beijos e algumas carícias reais em cena. Tudo bem que já vinha sentindo uma atração cada vez maior pelo meu co-star, mas ainda assim éramos somente amigos.

- Talvez a gente não devesse se preocupar com isso agora. - Eu disse me levantando da cama e procurando uma calcinha na gaveta. - Quero dizer, foi uma noite, não é nada demais né? Somos dois adultos, solteiros e amigos.

- Claro, sim claro. Você tem toda razão, talvez tenhamos bebido demais e nos deixado levar. - Sam parecia um pouco decepcionado pela voz.

- Eu não quis dizer isso, você sabe que não é assim que funciona Sam, não entre nós dois, só que ainda não sabemos o que foi isso aqui.

Ele concordou com a cabeça e sem dizer mais nada, entrou no banho.

Que vontade que eu estava de entrar lá com ele e dizer que não, que há muito eu sentia algo bem maior que amizade, que ele era bem mais especial pra mim, que muitas e muitas noites eu dormia e sonhava com ele, que eu me excitava muito e de verdade com cada toque dele em mim, em cena ou ali nos bastidores. Que vontade de dizer que eu o admirava muito, como profissional e como pessoa, que o jeito dele ser me encantava, o modo em que ele era ligado à família, que se preocupava com os outros, que cuidava de mim era lindo e fantástico. Queria dizer que eu acreditava que estava apaixonada por ele.

Mas não consegui. Fiquei ali na cama sentada, olhando para chão, ouvindo o som do chuveiro, sem me mexer, absorta em todos esses pensamentos.

Eu sabia muito bem dos riscos de me apaixonar por um colega de elenco, ainda mais essa pessoa sendo meu par romântico, ainda mais sabendo de todas as cenas íntimas que fazíamos e de muito mais que ainda seria feito. E se desse errado? E se tivéssemos um relacionamento e não conseguíssemos mais entregar toda aquela verdade na tela? 

Quando nasce o amor? - Sam & Cait (Outlander)Where stories live. Discover now