XIV - Arco-íris

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Terminamos as gravações mais cedo aquele dia. Porém Sam precisava refazer uma cena em que eu não participava e como não estava me sentindo muito bem, segui para casa. Enquanto estava me arrumando no trailler ele passou por lá para se despedir.

- O que houve com você? Está pálida! - Ele disse com a voz assustada fazendo um leve carinho em meu braço. - Ainda é aquele mesmo mal estar de sábado?

- Eu não sei, talvez uma indisposição, sim é a mesma sensação. - Respondi em referência a um mal estar súbito que tive durante um evento em que fomos naquele final de semana.

- Vou falar com Mary, preciso te levar no médico, não estou gostando nada disso. - Ele dizia enquanto pegava um copo com água pra mim.

- Não, não precisa. Não vamos nos arriscar assim por causa de um mal estar bobo. Pode ser uma gripe querendo me pegar, vou pra casa, tomo um banho, como alguma coisa e descanso até você chegar. - Tentei tranquilizá-lo com o melhor sorriso que conseguia dar naquele momento.

- Ai meu Deus, vou pedir para Sophie ficar com você lá até eu chegar, tudo bem pra você?

Consegui apenas balançar a cabeça em sinal afirmativo, ele tinha razão, ter companhia seria excelente. Há alguns dias vinha sentindo dores de cabeça e uma azia, além de um mal estar e um sono totalmente fora do normal. Acreditei que precisava desacelerar e tinha me comprometido a tirar o restante daquele dia para descansar.

Sophie estava me esperando perto do carro e pelo semblante dela quando eu cheguei eu devia estar com uma cara péssima.

- Por Deus Cait, tem certeza de que não quer passar no hospital? Pelo menos para um exame de sangue, se é que ainda tem algum aí dentro de você né!? - Disse brincando, mas claro com um fundo de verdade.

- Eu preciso é de um bom banho e uma cama para descansar. Obrigada por ir comigo! - Toquei seu braço e a chamei para entrar no carro.

Do local das gravações até meu apartamento dava mais ou menos uns 40 minutos. Aproveitei para me aconchegar no ombro da Sophie e descansar no caminho. Assim que chegamos, ela delicadamente me acordou me conduzindo até o hall de entrada.

Juntei as últimas forças que tinha, tomei um banho e sem conseguir comer nada fui direto para a cama. Sophie me ajudou a me acomodar e disse que estaria na sala caso eu precisasse de alguma coisa.

Não sei quanto tempo eu dormi, mas quando acordei ouvi vozes vindo da sala. Era Sophie conversando com Sam. Ele parecia um pouco alterado, com um ar de preocupação muito pesado na voz. Só consegui ouvir o final da conversa quando Sam acabou falando mais alto:

- Grávida Sophie? Não pode ser!

Grávida! Como seria possível!? Eu usava medicação, estava tudo certo nos últimos exames, inclusive havia trocado de remédio, eu acompanhava tudo sempre de tão perto. Por outro lado, tudo que eu estava sentindo eram os mesmos sintomas que minha mãe sentiu nas suas gestações: a dor de cabeça, o mal estar no estômago, a tontura...

Antes que eu pudesse concluir meu raciocínio minha boca chamou por Sam. Um misto de alegria, surpresa, medo começou a me atingir e uma leve cólica surgiu em meu ventre. Ele e Sophie chegaram assustados no quarto e me encontraram parada no meio do caminho com as mãos sob a barriga.

- Cait, o que houve? O que está sentindo? - Dizia Sam vindo em minha direção e me envolvendo em um abraço ao mesmo tempo que me conduzia de volta para a cama.

Sophie o acompanhou e ajeitou os travesseiros para que eu pudesse deitar e ficou ao meu lado esperando que eu respondesse, mas só saíram lágrimas com algumas palavras quase não ditas.

- Sophie tem razão Sam, acho que estou grávida! - Eu disse e me virei para olhar para Sam que já estava extremamente emocionado. Sophie não sabia se gritava, se me abraçava, se dizia para Sam que ela sabia, mas veio ao meu encontro e me abraçou com muito cuidado na altura da barriga.

- Você tem certeza Cait? Ai meu Deus, eu vou ser pai. - Ele não sabia o que fazer, era nítido a confusão que toda aquela informação e ao mesmo tempo falta de informação estava causando.

- Faz sentido, o mal estar, a troca de medicamento, céus, porque eu não pensei nisso! - Eu ainda não havia entendido como eu poderia deixar passar esses sinais do meu corpo. - Mas preciso fazer um exame para confirmar. Amanhã cedo ligo para minha médica que vai saber exatamente o que fazer.

As certezas a essa altura não eram tão importantes. A gente sentia que sim! Eu sentia, Sophie havia sentido antes e Sam não se aguentava de tanta felicidade.

A confirmação não poderia ser diferente, eu estava grávida, eu esperava um filho de Sam que beijava minha barriga e falava com ela sem parar ainda segurando o papel com o resultado do exame na mão.

- Precisamos contar para nossas famílias, para Duncan, Richard, Jonh, César, Lauren.... - Sam, estava tão emocionado, era lindo de se ver, mas as coisas não eram assim, não poderiam ser assim. Chamei para perto de mim e o abracei com todo meu corpo e minha alma, ele respondeu me abraçando e respeitando meu momento, inconscientemente balançando suavemente meu corpo como se quisesse me ninar.

Sabia que não seria um período fácil dali pra frente, sabia que muitos desafios nos esperavam, mas eu não tinha medo, não tinha dúvidas, eu tinha Sam, e se estivéssemos juntos, eu sabia que independente de qualquer coisa, ficaria tudo bem!

Nossa felicidade era tanta e nosso desejo de compartilhar a notícia com o mundo era enorme. Mas não podíamos, assim, naquela tarde quando fomos presenteados com um lindo arco-íris, coloquei uma foto nas redes sociais, uma forma que encontrei de dizer que, naquele dia, havíamos encontrado nosso tesouro. Naquele mesmo dia, Sam fez o mesmo. O arco-íris seria para sempre o símbolo do começo dessa nossa incrível jornada.

Quando nasce o amor? - Sam & Cait (Outlander)Where stories live. Discover now