XV - Trinta e três

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Os dias que se seguiram foram bem difíceis. Ter que lidar com o mal estar do começo da gestação e a ausência de Sam me deixava bastante triste e desanimada e a presença de nossos amigos foi fundamental.

Mesmo longe na maioria desse tempo, Sam não deixava de ligar, pedia para eu colocar o celular na barriga para que ele pudesse conversar com o bebê e ainda fazia todo um trabalho com nossos amigos, a família dele e as pessoas que trabalhavam com a gente para que eu tivesse sendo bem cuidada e amparada. Mas mesmo com todo esse suporte, por algum motivo eu estava inquieta.

Poderia ser somente a preocupação do que seria dali pra frente que muito nos assombrava, poderia ser a ausência constante de Sam nos últimos tempos, poderia ser a presença de uma certa mulher nos 99% dos eventos que Sam ia sem mim, poderia ser que eu apenas estivesse intuindo que algo ruim aconteceria.

Em um noite desses, meu celular toca no meio da noite, era Sam:

- Cait? Como vai nosso bebê? - Ele parecia um pouco alterado, estava falando bastante alto e no fundo ouvia-se muitas vozes.

- Sam? Tem mais gente aí com você? Não fale do nosso filho nessa altura, alguém pode ouvir. - Nesta hora eu já estava sentada na cama bem preocupada.

- Eu amo você Caitriona Mary Balfe, você sabe o que eu sinto sabendo que você está esperando um filho meu? Eu tô muito feliz, eu sou o homem mais feliz do mundo. - Ele continuava falando ao telefone e minha preocupação só aumentava.

- Sam, precisamos desligar, você precisa parar de falar sobre isso assim, ok!? Quando você chegar no hotel, você me liga? Assim a gente pode conversar melhor.

Ele aceitou encerrar a ligação prometendo que me retornaria assim que estivesse sozinho, mas meu sono foi embora. Levantei, fiz um chá e me sentei no sofá. Sentia uma angústia no peito, algo que eu não sabia explicar e chorei. Deixei as lágrimas virem sem tentar impedi-las, chorei por todo e qualquer motivo que existia.

Como eu sentia falta de Sam naqueles momentos, no seu toque, no seu aconchego. Como eu tinha vontade de poder contar aos quatro ventos que agora éramos três, como eu desejava estar com ele nesses eventos apoiando sempre seu trabalho, éramos antes de tudo grandes admiradores dos profissionais que éramos, como eu queria que fosse diferente.

Depois dessa noite, Sam voltou para casa dois dias depois. Trouxe presentes para o bebê e para mim. Curtiu cada segundinho que estava com a gente. Fizemos amor para matar a saudade um do outro. Vimos filmes, passeamos, jantamos, fizemos noite com amigos. Recebi massagem nos pés, fizemos planos para dali a 9 meses e também 9 anos, mas logo ele partiu novamente.

Junto com sua partida voltou minha inquietação. Lá estava Sam novamente com a tal loira em fotos e vídeos na internet. Aquilo estava me sufocando, por mais que eu confiasse em Sam. Nos falamos aquela noite, eu estava preocupada e ele sentiu, e eu resolvi que iria passar dois dias, em que eu não tinha agenda, com a minha família em Dublin. Ele pediu que eu não fosse, queria voltar e nos ver e conversar, sentia que algo estava diferente dentro de mim, mas eu fui.

Comecei a sentir leves cólicas durante o voo que foram se intensificando. Assim que pousamos e cheguei no carro, senti uma pontada muito forte e uma sensação igualmente terrível.

Fui para o hospital e recebi a notícia que tinha perdido meu bebê, nosso bebê.

Chegava ao fim aqueles trinta e três dias e começavam dias nebulosos, dias bem diferentes de todos os que eu tinha vivido desde que conheci Sam, aquele homem que mudara completamente minha vida de tantas maneiras. 

Quando nasce o amor? - Sam & Cait (Outlander)Where stories live. Discover now