IX - De volta à Paris

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Paris - 2018

Lá estava eu de volta à Paris, sentada em um banco no meio da Place des Vosges, perdida em meus pensamentos. A primeira vez que sentei ali eu estava há pouco tempo na cidade, ainda me encontrando na carreira, na vida e no amor. Depois de Sam, eu jamais imaginei que me sentiria assim novamente, mas me senti.

O lugar continuava lindo, a luz, a cor, as flores. Tudo era parte daquela paisagem que parecia mais uma pintura. Tony tinha ido buscar um café e aproveitei para respirar um pouco. Eu havia passado por muita coisa, coisas que nunca imaginei passar. As gravações da 5° temporada estavam cada vez mais perto e a ideia de ir à Paris antes de seguir para a casa dos meus pais passar as festividades de final de ano foi minha e Tony insistiu muito para me acompanhar.

Pra falar a verdade eu queria mesmo era ter ido sozinha, eu precisava tomar fôlego, criar forças para encarar meses a fio trabalhando ao lado de Sam, sem poder tocá-lo de outra forma sem ser Claire tocando Jamie. Eu sentia tristeza por tudo, mas também sentia muita, muita falta dele.

Tony era meu amigo de longa data. Nos conhecemos através de amigos em comum, muito antes de Outlander. Sempre estivera ali de alguma maneira, nas nossas viagens, saídas, reuniões de amigos. Sempre e ainda é muito tímido, mas uma pessoa fantástica, doce, gentil e um excelente ouvinte.

Há cerca de três meses estávamos nos conhecendo melhor, não era um relacionamento, mas estava sendo bom ter companhia nesse período após tudo entre eu e Sam acabar do jeito que acabou.

Logo no começo, ele teve que lidar com Sam parado na minha porta quando voltávamos de um jantar. Ali ele se mostrou um Tony que eu nunca tinha visto, foi logo enfrentar Sam que deve ter ouvido que eu estava saindo com outra pessoa. Mas eu nunca soube o que Sam realmente havia ido fazer na minha porta.

Aquele dia eu não consegui encarar Tony. Eu me sentia péssima, porque comecei a perceber que os sentimentos dele estavam indo para um caminho e os meus não, depois de Sam dificilmente haveria espaço para outra pessoa, pelo menos daquela forma.

Naquele dia conversamos bastante e ele foi embora, na porta eu dei apenas um selinho em seus lábios. Nunca havíamos nos beijado até então, nunca havia clima pra isso.

Mesmo depois de tudo isso, ele não se afastou, sempre que dava a gente saía junto a sós ou com os amigos. Ele chegou a me acompanhar em alguns eventos e festas nesse tempo e foi bem aí que muita coisa começou a sair sobre nós na mídia, e também deve ter sido assim que Sam havia descoberto.

- Seu café Cait! - Tony havia chegado em silêncio para não atrapalhar meu momento.

- Obrigada! - Respondi bastante incomodada por ele ter me chamada assim, o apelido que Sam havia me dado assim que nos conhecemos.

- Vamos dar uma volta? - Ele sugeriu.

Apenas levantei em concordância. Passeamos muito aquele dia. Foi maravilhoso voltar à Paris, o começo de tudo. E finalmente comecei a achar que a presença de Tony ali era uma boa ideia.

Depois de muito andar, meus pés estavam doendo e resolvemos voltar ao hotel. Achamos melhor cada um ficar em seu quarto, mas nos encontrávamos nas refeições ou para fazer nossos passeios e programas juntos.

Naquela noite havia uma festa havaiana no hotel, contrastando com o frio que fazia lá fora. Eu adoro o Havaí e Sam também! Parecia que o mundo conspirava para me lembrar dele sempre, era incrível.

Nos arrumamos e combinamos de nos encontrar no saguão.

- Você está deslumbrante Cait! - Disse novamente Tony, me deixando um pouco irritada.

- Obrigada! Sorri e comecei a andar entre as mesas procurando um lugar para que a gente pudesse se sentar. 

O lugar estava muito bem decorado, a música e as pessoas bastante animadas, e apesar de tudo isso, eu ainda não conseguia ser a Caitriona de antigamente. Sempre me perguntava se um dia conseguiria ser eu novamente.

Sentei em uma cadeira e Tony resolveu ir pegar algo pra gente comer e beber. Voltou com dois copos de bebida e um pote de sorvete.

- Trouxe sorvete, acho que pode te animar. - Disse ele com esperança de que eu pudesse me tornar talvez uma companhia melhor nessa viagem.

- Obrigada. - Peguei o pote e fiquei fitando duas bolas de sorvete de morango na minha frente. Instantaneamente meus olhos se encheram de água e eu não consegui evitar as lágrimas que já escorriam fortes pelo meu rosto. Só consegui mirar o corredor do hotel e saí de cabeça baixa para não chamar atenção de ninguém, seguida por Tony que me parou logo que saímos do salão da festa.

- O que houve? - Ele perguntou preocupado tocando meus cabelos e me chamando para um abraço.

- Eu não consigo! Aceitei o abraço e desabafei por mais que soubesse que aquelas palavras iriam doer bastante nele.

Há alguns meses eu, Sam e o restante do elenco havíamos participado de um evento para divulgação da quarta temporada da série. No meio das entrevistas, Sam me aparece com um sorvete de baunilha. Sim! Ele nunca esqueceu meu sabor favorito de sorvete, mesmo que a única vez que teve essa informação foi quando ele me viu comprar um. Ao me entregar o pote, ficou parado me olhando colocar a colher na boca, aquele olhar de cuidado e atenção que sempre me derretia.

Ele era assim, não esquecia nenhum mínimo detalhe do que me fazia bem e feliz e me proporcionava esses momentos sempre que tinha oportunidade, mesmo depois da nossa separação. E sinceramente, isso acabava demais comigo.

Após eu me acalmar e sair do abraço, Tony caminhou silenciosamente comigo até a porta do meu quarto e antes que eu pudesse entrar, pegou minhas mãos, olhou no meus olhos e disse:

- Caitriona, eu posso imaginar, mas não posso saber exatamente o que se passa em seu coração. Eu sei o quanto você é forte, determinada e decidida, eu a conheço há bastante tempo, já te vi se relacionar com outra pessoa antes de Sam, já te vi lutar por seus sonhos, conquistar o papel que mudou sua vida. Já te vi fazer tantas coisas. Nunca te vi se abalar dessa forma, e quer saber? Não há nada de errado nisso. Você passou por tanta coisa e, vou odiar dizer isso, é nítido que você e aquele cara possuem um amor único.

- Tony eu... - Tentei me explicar, mas ele me interrompeu.

- Não precisa se justificar, eu sabia de todos os riscos que eu corria ao tentar me aproximar de você! Eu te amo há muito tempo e te amo o suficiente para querer te ver feliz.

Ele me abraçou novamente e beijou carinhosamente o topo da minha cabeça.

- Quer ajuda para arrumar suas malas? É hora de ir não acha?

- Sim!

Tony tinha toda razão, era hoje de ir ver minha família e em seguida voltar para casa. Era hora de encarar as situações, de ver Sam, de trabalhar com ele. Era hora de me encontrar com a antiga Caitriona novamente, superar tudo que eu havia passado e seguir em frente.

Era hora de deixar Paris e Sam Heughan para trás.

Quando nasce o amor? - Sam & Cait (Outlander)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora