V - Nada será como antes

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Na semana que se seguiu Sam não parecia ser o mesmo, mais precisamente quando estava comigo. Evitava que ficássemos a sós, não fazia mais suas brincadeiras e evitava até olhar nos meus olhos.

Eu não entendia o porquê daquela atitude, afinal de contas, tínhamos chegado a um consenso que não sabíamos ainda o que tinha acontecido e muito menos o porquê de ter acontecido e apesar de sentir que algo dentro de mim pulsava cada vez mais forte, evitá-lo era a última coisa que eu queria. Mas ele parecia pensar totalmente o contrário.

No final do nosso dia de trabalho, enquanto ele passava pelo processo de retirar a maquiagem que simula as cicatrizes em suas costas, eu cheguei sem avisar no trailler.

- Oi! - Eu disse e ele deu um pulo da cadeira.

- É só a Cait, Sam. - Explicou Wendy sem entender o motivo do espanto dele.

Cheguei perto deles e tentei agir da maneira mais natural que me era possível naquele momento.

- Ainda vai mais quanto tempo? - Perguntei me dirigindo à sua maquiadora. 

- Mais uns 10 minutos e libero ele pra você. - Ela respondeu.

Acho que nunca havia reparado como a equipe achava natural nossa maneira de se relacionar. Ninguém achava estranho os abraços, o tempo que passávamos juntos, muito menos as mãos que sempre se tocavam em algum momento do dia. Eu nunca tinha parado pra pensar e nem para perguntar o que é que eles achavam disso, o que eles achavam que acontecia entre nós. Acredito que muito vem do fato de que, a gente funciona muito bem em cena e eles sabiam que essa nossa intimidade fora era um grande fator para isso.

Sam continuava calado e olhando para baixo quando Wendy disse que havia terminado e ia levar o material para higienização.

Ele levantou e foi colocar de volta a blusa quando eu o interrompi antes que pudesse terminar o que pretendia fazer.

- Hey, o que está havendo?

- Nada, porque, alguma coisa deveria estar acontecendo? Não foi você quem disse que não era nada? - Ele disparou a falar.

- Eu? Eu não estou entendendo Sam, do que você está falando? - Eu imaginava, mas não podia acreditar que ele estava com raiva porque eu havia dito que talvez não devêssemos estar preocupados com nossos contratos, porque até aquele momento, apesar da nossa noite juntos, ainda éramos apenas amigos.

- Eu estou falando Cait que pode ter sido pra você, mas pra mim não foi só uma transa não. Você tem ideia de como eu me segurei todo esse tempo para não te beijar? De como eu ficava maluco te vendo dormir ao meu lado sem poder te tocar? Você tem noção do que é conviver todos esses meses ao seu lado sentindo que meu coração ia explodir a qualquer momento e ter que me contentar em ser seu amigo? Não, com certeza você não tem a mínima ideia do que estou falando, então eu preciso de tempo, de espaço, não está dando pra mim, não dá pra continuar tudo como era antes. Nada será como antes. Nada será como antes de você entrar naquela sala de testes comigo. - Disparou em um único fôlego, quando Wendy retorna de repente no trailler alegando que tinha esquecido algumas coisas, mas acho que ela deve ter ouvido nossas vozes, porque me deu uma olhada como quem diz: as pessoas estão ouvindo.

- Sam, vamos para o meu apartamento? Lá podemos conversar melhor. - Eu disse procurando seus olhos e querendo muito que ele entendesse que precisávamos sair dali ou daqui a pouco teríamos que nos explicar para muita gente.

Fui pegar minhas coisas e esperei Sam no estacionamento que chegou ainda parecendo um pouco transtornado.

- Vamos direto para minha casa? Pedimos algo para comer lá e podemos conversar. - Eu disse tocando de leve seu braço e o vi concordando com a cabeça. E ainda o segui enquanto entrava em seu carro. 

Mas quando cheguei em casa ele não estava na garagem e nem sinal de que havia realmente ido para meu apartamento. Tentei ligar, mas o celular só estava dando desligado e comecei a me preocupar. Passaram-se 30 minutos desde que eu havia chegado e nada, não podia mais ficar ali esperando e se tivesse acontecido alguma coisa no caminho? Peguei as chaves do carro, mas antes pensei em passar no apartamento dele pra ver se não era pra lá que ele teria ido. Aguardei o elevador e quando este abriu, lá estava ele.

- Graças a Deus, eu estava muito preocupada. - Foi a única coisa que consegui dizer antes dele me dar um abraço e um beijo que começou tímido, mas foi aumentando de intensidade a medida que eu não o interrompi. 

Quando nasce o amor? - Sam & Cait (Outlander)Where stories live. Discover now