XII - Entrevista

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Glasgow - 2016

Acordei com o barulho do chuveiro, olhei para o relógio que marcava 6h da manhã, imaginei que Sam já tivesse saído para correr como fazia sempre, ele amava atividade física, pra ele era importante não pela aparência, mas pela saúde, pela motivação e disposição que ela proporcionava, fazia parte dele e era impossível imaginá-lo de forma diferente.

Levantei da cama devagar e fui até o banheiro em silêncio, empurrei a porta com todo cuidado para não chamar a atenção dele e deslizei sutilmente para dentro do box.

Quando ele me viu ali, abriu um largo sorriso e depois de me olhar por inteiro, mordeu os lábios inferiores e me estendeu a mão, me convidando para entrar embaixo do chuveiro com ele.

- Você não cansa de me surpreender. - Disse já comigo colada nele, rapidamente senti seu membro ficar rígido.

Ele pegou o sabonete e cuidadosamente ensaboou todo o meu corpo, se demorando mais nas áreas que ele sabia que eram mais sensíveis em mim: a nuca, a costas, o interior das coxas, sem deixar de olhar em meu rosto para observar minhas reações cada vez que ele encostava em mim. Como ele sabia fazer isso bem. Virei de costas e comecei a dançar na frente dele.

- Você sempre faz isso né? Sabe que eu fico louco quando você dança. - Ele disse tentando me acompanhar no movimento. 

- Fica é? - Respondi e comecei a intensificar o movimento, o convidando para fazermos amor ali mesmo. 

O sexo entre nós dois só vinha reforçar o que já sabíamos que acontecia fora da cama: a gente se completava, se cuidava, se amava demais e por tudo isso eu não poderia ter dito resposta diferente para seu pedido de casamento a não ser um grande sim.

Nesse meio tempo, nosso relacionamento já havia amadurecido muito e mesmo com toda a correria do cotidiano, estar com Sam no final do dia era sempre estar em paz.

Não éramos inocentes e sabíamos muito bem o que nos esperava, nossa decisão de noivar e contar para os diretores que estávamos juntos era o certo a ser feito. O que quer que fosse o resultado disso, estávamos em conformidade com nossa ética e consciência e no fundo tínhamos esperança de que as coisas não fossem tão difíceis quanto, de fato, sabíamos que poderiam ser.

E foi! Fomos chamados para uma reunião, nela nos foi reforçado que, por questões contratuais, nosso relacionamento não poderia ser revelado ao público enquanto a série estivesse no ar, as consequências para nossas carreiras não seriam nada agradáveis. Tanto eu quanto Sam havíamos batalhado muito para chegar ali. A última coisa que queríamos era prejudicar o trabalho um do outro. Nosso amor ultrapassava há muito essa barreira.

Sam saiu da sala transtornado. No fundo, ele tinha mais esperanças que as coisas poderiam ser diferentes. Ele já havia feito muitos planos de como contaríamos aos fãs que tanto torciam por nós, de como seria poder entrar nos eventos ao meu lado, não somente como meu co-star, mas como meu marido, como seria nosso casamento com a pequena família Heughan e a grande família Balfe.

Da reunião seguimos para uma entrevista, sabíamos muito bem o que nos esperava. A pergunta que todos faziam: de onde vinha a nossa química, o que as pessoas viam na tela se repetia na vida real? E teríamos que negar, nos tratar como amigos e fingir que seguíamos nossas vidas separadamente.

- Hey! - Disse pegando sua mão no caminho para a entrevista. - Vamos dar um jeito ok? Eu sei o quanto está chateado, mas vamos dar um jeito nisso.

Mas lágrimas já estavam rolando pelo seu rosto e logo em seguida começaram a rolar pelo meu também.

- Você entende o que eu sinto por você Cait? Entende de verdade? Consegue perceber que pra mim essa situação não funciona? Como eu vou fingir ser apenas amigo da mulher da minha vida? - O tom de tristeza em sua voz revelava toda a força daquelas palavras.

A mim só cabia tentar acalmá-lo. Não sabíamos como as coisas iriam ser, mas daríamos um jeito.

Entramos no estúdio para a entrevista, quando a pergunta foi feita, eu tomei a frente para responder. Nosso semblante de preocupação e tristeza era visível. Sam conseguiu completar minha resposta com um certo esforço, mas conseguiu e seguimos para casa. Cada um para sua.

Não precisávamos de um tempo longe um do outro, mas por recomendação de nossos agentes achamos melhor dar esse espaço. Mais recomendações foram feitas: cuidado onde vão, evitem se mostrar juntos nas redes sociais, cuidem do carinho em público, cuidem dos olhares.

Tantas coisas a se observar era sufocante. Não era justo com a gente nem com nossa família, com nossos amigos e muito menos com nossos fãs todo esse fingimento. As pessoas que encontrávamos sempre perguntavam e a gente dizia não com a boca e um grande sim com os olhos. Para nosso alívio, eles entendiam, sempre entendiam.

E no meio de tudo isso, saber que as pessoas não deixavam de torcer pelo nosso amor era tão reconfortante. Não seria uma entrevista, um contrato que impediriam nossa verdade e as pessoas mais importantes sabiam disso. 

Quando nasce o amor? - Sam & Cait (Outlander)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant