XIX - Do nada

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Já haviam se passado três horas desde que eu chegara no hospital sem conseguir nenhuma notícia sobre Sam. Sua família já estava lá, mas sem notícias também. Tudo o que nos diziam era que ele estava em cirurgia e logo que acabasse o médico viria nos contar como ele estava.

Rever sua família era reconfortante, só sentia muito por ser nessas condições. Levantei para ir até a lanchonete pegar um café quando escutei uma voz suave atrás de mim. Limpei rapidamente uma lágrima teimosa e me virei, era Chrissie, a mãe de Sam com seu jeito doce de ser.

- Venha aqui minha querida. - Disse me acolhendo em um abraço.

Enquanto seus braços se fechavam ao meu redor, me entreguei àquele carinho e chorei, deixei a emoção, a tensão e a preocupação virem e saírem em forma de lágrimas. Chrissie esperou eu me acalmar e pacientemente me levou para fora, precisávamos de um ar.

- Sabe querida, foi muito duro o que vocês dois passaram e foi uma grande tristeza pra nós quando se separaram. Você sabe que sempre a tive como uma filha e isso não vai mudar, aconteça o que acontecer. - Ela dizia pausadamente como quem está se preparando para entrar em um solo mais complicado. - Eu senti demais tudo o que aconteceu com vocês e também sei que, você sentiu em seu coração o que é ser mãe. A gente sabe das coisas, mesmo que os filhos não digam. Desde que terminaram Sam mudou completamente. Era nítido, e ainda mais pra mim, a sua falta na vida e nos olhos dele. Ele já teve outros relacionamentos antes de você, sabe disso, mas eu sabia que com todas elas ele não passaria do namoro. Diferente de você querida. A primeira vez que eu o ouvi dizer seu nome, quando ele ainda nem sabia pronunciar direito, eu já sabia que tinha alguma coisa diferente ali.

A mãe de Sam sempre tinha sido uma pessoa muito importante em minha vida desde que nos conhecemos. Eu a amava muito e sentia por ter me afastado. Peguei suas mãos, olhei bem nos seus olhos e falei com todo o meu coração.

- Sinto muito, sinto muito por tudo! Por ter me afastado, por ter perdido tempo demais depois de tudo. Eu precisava me reencontrar primeiro, mas penso que demorei tempo demais. - Eu dizia sentindo as lágrimas brotarem novamente.

- Hey, não se culpe não querida. As coisas acontecem da maneira que têm que acontecer. Você estava certíssima em se curar primeiro, se reequilibrar. O relacionamento de vocês é lindo, mas também precisam estar bem com vocês mesmos para darem amor um ao outro. - Eu não disse o que pensava em voz alta, mas assim como Sam, Chrissie parecia me entender, e logo completou. - Não vai ser tarde demais, não se preocupe.

Assim que ela terminou de falar, o irmão de Sam veio nos chamar pois o médico estava a postos para conversar com a gente. Chrissie tratou logo de dizer que eu era esposa de Sam o que fez surgir no rosto do médico uma expressão de total surpresa, quando finalmente começou a explicar. Sam havia sofrido uma queda de moto o que provocou uma hemarrogia interna, e por isso a cirurgia para controlar, porém nenhuma grave lesão interna foi encontrada. Fora isso, ele teve apenas escoriações nos braços e pernas.

- Ele está em recuperação, dentro de uma hora consigo liberar vocês para visitarem ele. - Terminava de dizer o médico que saía logo em seguida.

Um grande alívio tomou conta de mim e da família de Sam naquele momento, sua mãe me olhou com bondade, como quem dizia: "eu não te falei" e me abraçou.

Na hora em que fomos liberados para vê-lo, deixei sua família entrar primeiro e fiquei aguardando na porta, mas quando ele abriu os olhos, logo perguntou por mim. Chrissie abriu caminho para que ele pudesse me ver.

Naquele momento nem se eu quisesse conseguiria segurar o choro. Fui até sua cama e segurei suas mãos sem dizer nada e percebi que não precisava. Mais uma vez ele sabia o que eu queria dizer, e apenas balançou afirmativamente a cabeça.

Seus pais nos deixaram sozinhos e mesmo com alguma dificuldade ele começou a falar:

- Amor, fiquei com medo, mas eu sabia que nada aconteceria comigo, eu sabia que ia te ver de novo. Sentia seu amor! - Depois de uma breve pausa para recuperar o fôlego continuou. - Eu sinto muito por tudo que aconteceu com a gente, mas depois dessa eu percebi que chega. Vamos lembrar com carinho, mas deixar de uma vez por todas o passado para trás, vamos encontrar um jeito de assumir nosso amor, vamos construir nossa família, viver nossas vidas da melhor maneira possível, porque uma hora ou hora ela acaba e sou muito grato por ter voltado pra você!

Dois dias depois Sam foi para casa se recuperar, para a minha casa! Cancelei minha viagem e minha família foi até Glasgow me ver e claro, ver Sam também. Era tão maravilhoso ver nossas famílias juntas ali se conhecendo e se dando tão bem.

Logo após uma visita de todos no meu apartamento, Sam me chamou no quarto onde se recuperava.

- Deita aqui comigo? - Ele disse quando me viu surgir na porta.

Dei uma risadinha e fui deitar ao seu lado na cama, mas ele me puxou para deitar em seu braço de modo que podia olhar diretamente nos meus olhos e então continuou:

- Sabe, estava vendo todos aqui e pensando, o que você acha da gente se casar? - Ele perguntou pegando uma das minhas mãos e colocando em seu peito de modo que eu pudesse sentir seu coração.

- Casar Sam, assim, do nada? - Agora era o meu coração que acelerava.

- Como assim do nada? Céus, nós temos uma história Cait, uma história linda, um tipo de amor que poucas pessoas chegam a conhecer nesse mundo, temos um ao outro. Dois pedidos de casamento não concretizados por forças alheias à nossa vontade. Não é do nada, é por tudo que nós vivemos, que nós cultivamos, que nós construímos. - Sam explicava agora pegando minha mão e beijando sua parte interna.

Ele tinha razão! Mesmo depois do primeiro pedido de casamento de Sam, não pudemos nos casar, eram muitas coisas envolvidas e fomos engolidos pelos acontecimentos. Já era hora da gente viver tudo aquilo do modo que sempre quisemos desde o início. Eu só não sabia se poderia dar certo um casamento assim, tão em cima da hora e assim ele continuou:

- Olha só! Pedimos ajuda para a Marina, a gente faz uma festa bem intimista só nós, nossas famílias e nossos amigos. Como você sempre me dizia que queria que fosse nosso casamento. Uma celebração pequena, mas com muita verdade e amor. - Ele finalizou tirando qualquer ponta de dúvida que poderia surgir. Sam sabia o jeito que eu via as celebrações e as uniões e concordava com ela.

Fiz uma expressão pensativa, mas ele percebia sempre quando eu estava fazendo de brincadeiras e logo começou a fazer cócegas na minha barriga e a me beijar.

- Sim? Sua resposta é sim? - Ele já sabia, mas mesmo assim esperou que eu confirmasse.

- Sim! Pra você, sempre sim, Sam! - Eu respondi indo devolver os beijos dele.

- Pena que o médico me proibiu fazer esforço. - Ele disse olhando pra mim e fazendo um carinho na minha cintura que foi descendo para a minha coxa. Então eu fui para cima dele, e respondi em seu ouvido.

- Ah é!? Mas olha que engraçado, eu posso fazer.

Fizemos amor devagar, tomando o máximo de cuidado possível com sua saúde, mas com toda a paixão que sempre existiu entre nós. Não importavam as circunstâncias. Sam tinha razão, nada daquilo era do nada. Entre a gente, sempre foi questão de tudo. 

Quando nasce o amor? - Sam & Cait (Outlander)Where stories live. Discover now