VIII - Eu sou o amor da sua vida

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- Toc, toc.

Minha mãe chegava na porta do quarto de braços dados com Sam, os dois rindo e brincando sobre o fato de eu e Anne estarmos no quarto conversando como nos velhos tempos.

- Sam, me desculpe, subi para organizar um pouco das coisas por aqui e já ia te chamar para tomar um banho.

Minha mãe e minha irmã notaram que precisávamos ficar um pouco sozinhos e saíram do quarto fechando a porta logo em seguida.

- Como foi lá embaixo? - Perguntei curiosa.

- Sua família é demais, mas acho que seu pai não gostou muito de mim. - Sam disse fazendo um beicinho, mas com o semblante realmente preocupado.

- Que isso, meu pai só demora um pouquinho mais de tempo para se soltar quando conhece alguém, mas não tenho a menor dúvida de que você e ele logo estarão vendo jogos e bebendo juntos. Mas agora que tal um banho, quero te levar em um lugar!

Apesar de estarmos ali para ver minha família, eu queria muito levar Sam para conhecer alguns lugares na cidade. Um deles era um café com livraria, lugar que eu amava ir antes de me mudar para Paris. Eu me sentia completamente em paz ali dentro e poder dividir essas pequenas coisas do meu passado com Sam, era novo, um pouco estranho, mas ao mesmo tempo um grande alívio. Parecia que ele sempre fez parte da minha vida de alguma maneira. Estranhamente, com Sam eu não  medo de mostrar minha vulnerabilidade.

- Chegamos! - Eu disse assim que paramos na porta do estabelecimento, na vitrine haviam doces e bolos e uma parte do local vendia livros. Pouca coisa havia mudado com os anos e era muito bom ver que aquele lugar havia resistido ao tempo e à modernidade e continuava servindo um bom café com a possibilidade de se ler e levar qualquer livro pra casa. 

- Aqui não parece um lugar que serve Whisky, my love! Ele brincou.

- Não mesmo! - Respondi entre risadas. - Mas serve café!

Entramos e logo fui contando como aquele lugar fez parte da minha adolescência e do início da minha fase adulta. Como eu me refugiava ali para ler, escrever, ensaiar os textos das aulas de teatro ou simplesmente refletir sobre minha vida. Em uma casa com muitas pessoas, é difícil conseguirmos ficar a sós com nossos pensamentos.

Andávamos pelo local, e logo escolhemos uma mesa, eu me deliciando com as boas lembranças que ele me proporcionava seguida por Sam. 

- É verdade? - Sam perguntou após um breve silêncio ter nascido entre nós.

Eu sabia sobre o que ele estava falando. Com certeza, ao se aproximar do quarto em que Anne e eu estávamos conversando, ele deve ter ouvido a última parte da conversa e queria saber um pouco mais sobre meu passado amoroso, queria saber se eu realmente o amava de uma maneira diferente de qualquer outra pessoa que pudesse ter existido na minha vida.

Levantei de repente e pedi para darmos uma volta na rua. Acho que eu precisava respirar antes de mais nada. Eu, uma mulher, agia sempre como uma adolescente quando se tratava dos meus sentimentos em relação ao Sam. Comecei a pensar que, apesar de toda a intensidade do que estávamos vivendo, nunca havíamos dito que nos amávamos. Talvez porque tínhamos medo, ou porque decidimos não rotular e expressar isso poderia trazer um peso desnecessário para o nosso relacionamento, seja ele o que quer que ele fosse.

Mas ao mesmo tempo, não dizer estava me sufocando. Sempre fui uma pessoa que se doou por inteiro para meus relacionamentos. Não foram muitos, mas aqueles que tive eu sempre estava de corpo e alma, sem amarras, sem joguinhos, sem máscaras. Tomei fôlego e soltei...

- Sim Sam, eu te amo! Eu te amo tanto que nem sei explicar. Eu o amo de uma forma diferente de qualquer outra pessoa que já tenho amado. E não, não estou falando isso porque estou com você agora. Sempre fui muito sincera e muito bem resolvida em relação aos meus sentimentos. Sempre soube o que eu senti por cada pessoa que entrou na minha vida, por cada homem pelo qual me apaixonei e sinceramente? Nada consegue se comparar ao que eu sinto por você. Ultrapassa a barreira da paixão, ultrapassa qualquer atração física. É uma certeza, que eu não sei de onde vem de....

- De que eu sou o amor da sua vida. - Sam completou meu raciocínio com palavras que eu não havia pensado em pronunciar, mas que não poderiam descrever melhor o que eu havia sentido desde o primeiro momento que o vi e que só vinha crescendo com o passar do tempo e me beijou. Tínhamos a sorte de não sermos facilmente reconhecidos na rua e nos beijamos um pouco mais, como se, através daquele beijo, eu pudesse provar a ele a veracidade de cada palavra que tinha acabado de pronunciar.

- Lembra do nosso passeio no parque, em Londres? Logo que você foi escolhida para viver Claire? - Sam se referia ao nosso primeiro passeio juntos após o resultado final do teste, ideia dele para começarmos a criar uma conexão para vivermos Claire e Jamie.

- Como eu poderia esquecer, Sam? Fizemos nossa primeira foto juntos. - Eu me lembrei daquele dia muito mais vezes do que gostaria, antes de tudo entre nós acontecer.

- Então. - Sam continuou com um semblante sério, como se tivesse buscando algo no fundo do coração. - Aquele dia foi interessante pra mim. Sabe que eu estava solteiro há alguns anos. Entrar para Outlander foi algo que eu queria muito e que com certeza mudaria completamente minha carreira e minha vida, e me apaixonar não estava nos meus planos, ter um relacionamento trabalhando em um papel tão importante e que exigiria tanto de mim, era algo totalmente fora de cogitação. Até eu ver você entrar naquele teste. Eu suava igual a uma bica de nervoso, mas eu já tinha conseguido o papel, porque estava daquele jeito? E a resposta eu fui encontrar naquele passeio no parque. Eu pedi para fazermos uma foto, justamente porque ali eu tinha a certeza que, eu podia até não ficar com você, mas que você seria a pessoa que, sem a menor dúvida, eu iria me referir como o grande amor da minha vida. 

Antes que eu pudesse falar qualquer palavra, ele continuou como se tivesse adivinhando todas as dúvidas, os medos e os questionamentos que eu fazia dentro de mim desde aquele dia que nos beijamos no meu apartamento. 

- Por isso que eu fiquei tão estranho com você naquela semana. Você consegue imaginar o que eu senti quando você falou que éramos amigos e que tínhamos nos deixado levar pela bebida? 

E antes que eu pudesse me explicar, ele disparou:

- Caitriona, eu quis voltar pra cama e transar com você e beijar você, eu queria que você entendesse que não, não era a bebida, não era uma atração qualquer e muito menos coisa de momento. Que não, não éramos amigos muito íntimos e nem mesmo era somente uma paixão. Queria dizer que eu amava você e mesmo que você não quisesse nada comigo, eu ia continuar amando você, porque o amor é assim, ele não precisa de resposta para existir. 

- Sam.. - Eu tentei dizer, mas mais uma vez ele me interrompeu. 

- Dormir com você foi como passar em um portal, minha vida jamais seria igual. Olhar pra você, tocar você, que fosse em cena, jamais teria o mesmo significado entende? E eu não conseguia te falar isso, eu até tentei, eu não queria parecer precipitado nem muito menos passar por cima do que você havia falado que existia entre nós. Eu sei que você achou estranho como fiquei naqueles dias, sinceramente, até eu achei, porque eu parecia um menino sem conseguir controlar meus sentimentos, meus instintos e a imensa vontade que eu estava de amar você dia após dia.  

- Sam, precisamos sair daqui. - Eu disse indo em direção ao hotel que já havíamos reservado para ficarmos após alguns dias na casa dos meus pais. - Acredito que a gente consegue antecipar nossa hospedagem. 

Dito e feito. Nosso quarto estava vago e conseguimos antecipar nosso check-in. Entramos no quarto e toda a força daquelas palavras se transformou em beijos, a gente se beijava e algo dentro de mim queimava, mais e mais. Mas eu tinha outra coisa em mente. 

Tirei meu vestido e fiquei nua na frente dele, que logo veio para me abraçar, mas eu o interrompi: 

- Sam! - Ele me olhou muito surpreso. - Por favor, me ame, me ame como você sempre quis, me ame para compensar cada minuto daquela semana e de qualquer outra que tenhamos ficado longe um do outro. Faz amor comigo? 

Ele se aproximou, pegou meus cabelos pela minha nuca e me beijou, beijou meu pescoço, meus seios e aproximou a boca do meu ouvido, e sussurrando disse: 

- Eu faço amor com você, quantas e quantas vezes você quiser. Faço você gozar milhões de vezes, nesta e em qualquer outra noite, mas antes eu tenho uma pergunta pra te fazer.

Novamente ele parou, colocou o corpo, ainda com roupa contra o meu, beijou mais uma vez minha boca e foi descendo até sussurrar em meus ouvidos: 

- Casa comigo? 

Quando nasce o amor? - Sam & Cait (Outlander)Where stories live. Discover now