XI - De volta pra casa

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O dia seguinte amanheceu lindo, claro e não muito frio. Sophie e Richard haviam ficado até tarde em casa, mas paramos a bebida cedo já que teríamos que trabalhar. Sophie queria dormir comigo para me fazer companhia e só foi embora depois que eu garanti a ela, pelo menos umas cinco vezes, que estava bem. E de fato, aquele dia eu estava realmente bem, talvez fosse o melhor dia desde que eu e Sam resolvemos seguir nossas vidas separadamente.

Cheguei no set primeiro que todos do elenco , íamos começar as leituras, então sabia que todos precisariam estar presentes, inclusive Sam, por isso, esse tempinho antes dele chegar seria precioso.

Como era bom estar de volta. Eu não imaginava o bem que me faria estar novamente com aquelas pessoas, naqueles locais. Todos vieram me recepcionar com abraços e café quentinho, além de roscas recém assadas. Era maravilhoso demais estar de volta.

Entrei no meu trailler que estava cuidadosamente arrumado, tudo que eu havia deixado em seu devido lugar: meus livros, as coisas da Eddie e até mesmo as fotografias. Quantas lembranças elas me traziam. Tantos momentos vividos desde que me vesti de Claire pela primeira vez. Outlander havia me dado presentes inimagináveis, amigos pra vida, experiência, visibilidade, carreira e um grande amor.

De repente ouvi batidas leves na porta, ainda olhando aquelas fotografias, dei um sinal para que a pessoa entrasse, ouvi a porta abrir, mas ninguém falar nada e quando me virei, entendi porque, era Sam.

Ele estava parado na porta com uma expressão apreensiva, talvez esperando que eu dissesse que ele realmente podia entrar. Mas eu simplesmente não conseguia. Ver ele ali na minha frente era uma mistura de medo, alegria, alívio, saudade, eu não sabia se corria para abraçá-lo, se era melhor não chegar tão perto agora, se pedia pra ele entrar ou para sair.

Porém era o Sam, aquele homem que já havia aprendido a ler meu olhar, a entender o que eu sentia sem que eu precisasse dizer uma só palavra.

Então ele entrou, chegou perto devagar, fechou os olhos e foi colocando seus braços em volta de mim, aos poucos me puxando e me aconchegando em seu colo. Fechei meus olhos e me deixei levar para aquele porto-seguro, para o lugar onde eu sempre encontrei paz, amor, onde eu sempre recarreguei minhas energias, onde desabafei minhas mágoas. Fechei meus braços em torno dele e descansei.

Esse não era o plano, estava certa de que precisava seguir meu caminho, deixar tudo isso para trás e tê-lo apenas como colega de elenco. É só um abraço, pensei, não vai passar disso.

E não sei quanto tempo ficamos ali, e isso não importava. Como eu precisava daquele abraço. O cheiro maravilhoso dele me tranquilizava e ele cantarolava bem baixinho alguma música em gaélico que mais se parecia com uma canção de ninar. Senti lágrimas escorrerem pelo seu rosto e cair sobre o meu. Eu queria dizer tantas, mas tantas coisas, entretanto, entre nós, mais uma vez as palavras não foram necessárias.

Fomos interrompidos com um sopetão que Sophie deu na porta sem querer. Imagino que alguém deva ter dito a ela que viu Sam entrar no trailler e ela veio saber se eu estava bem seguida por Richard que quase não conseguiu frear e deu outro encontrão na porta.

Saímos do abraço rapidamente e nos olhamos.

- Oi gente, preparados? - Disse Sophie tentando disfarçar sua real intenção ao ir até lá.

- Sim! - Respondeu Sam, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa - Só nos dá um minuto? Preciso discutir umas coisas da produção com a Cait. - Completou direcionando um olhar tranquilizador para Sophie.

Sam tinha um carinho tremendo por ela, tanto que era perceptível nas cenas, e Sophie por ele. Eu sei que quando nos separamos, muitas coisas ficaram um pouco estranhas, mas senti um grande alívio em ver que o amor e o cuidado entre eles não havia sido abalado.

Quando nasce o amor? - Sam & Cait (Outlander)Where stories live. Discover now