X - A falta que você faz

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Nas semanas que se seguiram me senti mais forte, senti que estava voltando ao meu eixo. Fui passar o final de ano com minha família e foi maravilhoso me reabastecer emocionalmente. Estar com meus pais, irmãos e sobrinhos era me encontrar com a antiga Caitriona novamente.

Mas era hora de retornar a Glasgow enfrentar a realidade. Começaríamos os trabalhos da quinta temporada de Outlander, também como produtores. Era hora de reencontrar Sam.

Nesse meio tempo, eu e Tony continuamos nos falando e nos encontramos algumas vezes, ele ia no meu apartamento quando estava na cidade, e era bom ter sua companhia. Agora que tudo estava em pratos limpos, eu me sentia mais à vontade em estar com ele, ela me dava aquela estabilidade que eu tanto precisava nesse momento e decidimos a não tocar mais no assunto Sam, apesar de ambos saberem bem o que se passava na minha mente e no meu coração.

Na véspera do primeiro dia de trabalho, convidei Sophie e Richard para jantarem comigo, não havíamos perdido o contato mesmo nas férias, mas há algum tempo não sentávamos para aproveitar um tempo juntos.

Enquanto eu tentava fazer um macarrão, os dois sentaram na mesa bebendo vinho e contando um pouco de como foram as férias e os eventos de divulgação em que foram sozinhos, era bom demais estar com eles. Ríamos muito com as histórias do Richard, sempre muito palhaço e tinha excelentes casos para nos animar. E eu tinha um carinho muito grande por Sophie. 

Mas percebi que, apesar de estarem com Sam em vários momentos, nenhum dos dois dizia o nome dele diretamente. E quanto mais a conversa fluía, mais estava difícil para todo mundo não falar dele.

Sam havia feito parte da minha vida por mais de 2 anos e não só isso, havia feito parte da minha vida de uma maneira única. Todos que conviviam com a gente amavam nos ver juntos e nos ajudavam a manter nosso relacionamento em segredo. Eu sabia e entendia que, para nossos amigos, não haviam lados e nem deveria haver. Sam sempre foi um cara sensacional, muito amigo e éramos adultos e maduros o suficiente para lidar com nossa separação sem interferir no trabalho e nos demais relacionamentos. Mas nem Sophie nem Richard queriam me magoar e acredito que estavam esperando que eu tocasse no assunto quando me sentisse pronta. 

- Tudo bem falarem dele gente! - Expliquei quando vi que o silêncio começava a reinar na sala. - Nós nos damos bem quando nos encontramos, nos falamos algumas vezes, ele sempre se mostrou preocupado comigo e principalmente com a minha saúde e afinal de contas, o trabalho com ele está aí batendo na porta.

- Ufa! - Disse Richard depois de mim, mostrando um imenso alívio na voz. - É difícil ver vocês dois separados, não combina. E aliás, quem é aquele cara das fotos Cait? Pelo amor de Deus, o cara não tem nada a ver com você. O que tá rolando?

Sophie deu um cutucão em Richard como quem diz que isso não era coisa de se perguntar. Mas eu ri e fui tentando levar a conversa para o lado mais leve que eu consegui.

- É um crush! Não é assim que os jovens dizem? - Falei rindo um pouco, tentando esconder a ponta de tensão que ainda restava teimosamente na minha voz.

Ambos riram, mas logo ficaram sérios de novo me dando tempo para pensar e continuar minha fala.

- É um amigo dos velhos tempos, há muito está na minha vida e tem sido muito importante nos últimos meses. Não há um relacionamento sério, mas passamos boa parte do tempo juntos. Ele me faz rir, conversamos e é realmente uma ótima pessoa.

- Ótima pessoa? Isso está me parecendo mais com uma entrevista de emprego do que com um crush. - Disse Richard levando um olhar de reprovação de Sophie.

Acabamos caindo todos na risada, porque de certa forma, Richard tinha um pouco de razão.

- Ele não tem conseguido disfarçar muito bem. - Disse Sophie que até então tinha ficado bastante calada. - Ele acha que disfarça, mas todo mundo percebe. Há uma tristeza no olhar dele, falta o brilho que você dava. A falta que você faz é nítida, quase palpável.

Senti que algumas lágrimas queriam brotar naquele momento, não só porque a falta de Sam doía demais em mim, mas também porque, perceber que ele estava sofrendo me doía ainda mais. 

- Você sente raiva, mom? - Sophie às vezes me chamava assim nos bastidores e de certa forma, eu a tinha como uma filha, sempre tão preocupada e carinhosa. A presença dela na minha vida desde que entrou para o elenco de Outlander foi fundamental. 

- Não! De forma alguma! Acho que nunca senti raiva dele na verdade, eu sentia raiva do mundo, das circunstância, do que aconteceu com a gente, mas não de Sam. Nosso afastamento se deu mais pelo fato de que não ia funcionar continuarmos convivendo como antes, não por enquanto, até acostumarmos com nossa nova condição. Acho bem difícil conseguir sentir raiva de alguém que a gente ama como eu amo o Sam.

Eu sabia, mas dizer que o amava em voz alta era como aceitar a primeira vez esta verdade. Eu continuava amando aquele homem, mesmo depois de me ver obrigada a viver sem ele, mesmo depois de ter perdido o filho dele. 

Quando nasce o amor? - Sam & Cait (Outlander)Where stories live. Discover now