Capítulo 17

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Fui recordando os sentidos de pouco a pouco, percebi que eu já não estava no salão de treinos e sim em um quarto, meu corpo estava sob repouso em uma cama muito acolchoada, havia uma silhueta masculina em meu lado e por ter a visão ainda turva deduzi que era Jack.

— Você acordou! Estive preocupado.

Reconheci sua voz, era realmente ele. A este ponto eu já estava completamente lúcida e pude enxergar a feição dele perfeitamente, seus olhos ainda encharcados de lágrima e seu olhar de susto e preocupação.

— Me desculpe pelo que Rosalyn fez, eu não sabia que ela ia te colocar em perigo de tal forma, digo, e se não funcionasse? Você iria morrer e a culpa seria minha. — falou enquanto levantava sua mão à altura dos olhos e secava as lágrimas que estavam lá.

Pela forma que ele estava falando realmente não parecia que ele teve algo haver com isso, e ele havia me dado total segurança de que nada daria errado, e realmente não deu, eu estou viva e tenho o poder da água. Mas agora é hora de me acertar com Rosalyn, ela colocou minha vida em perigo real e isso não vai ficar barato.

— Onde ela está?

— Rosalyn… — gaguejou ele. — É, ela está lá em baixo.

Não poupei esforços ao levantar da cama rapidamente e caminhar com passos firmes em direção a onde Rosalyn estava.
Ao me aproximar, ela me olhou como quem já sabia o que eu faria.

— Você me ajudou, não posso negar, mas você colocou a minha vida em risco. Você parou pra pensar na possibilidade de eu acabar morrendo ali? — gritei.

— Sim, havia uma pequena porcentagem de você morrer, uns 30%, mas quem é que liga para números? Eu me importo com resultados e foi o que nós obtivemos. — respondeu ela.

Meus nervos ferviam e eu me segurava pra não fazer uma besteira. Afinal ela me ajudaria a ter meus poderes do fogo de volta e sem ela não sei se é possível.

— Ok. Agora que eu já tenho o poder da água também, acho que já posso desbloquear o poder do fogo. — falei.

— Pode sim. Irei anotar a relação das coisas que precisa e voltar na casa do Markus pra pedir. Daqui a pouco voltarei lá.

**

No palácio dos Snapes

O guarda ouviu um boato e imediatamente foi até os aposentos de Quara lhes contar.

— Minha rainha, um informante da família Clive testemunhou a filha de Dália manifestando os poderes da água. Aparentemente ela usou ervas para bloquear o poder do fogo. — contou o guarda.

— Eu conheço este encanto. Ele é muito antigo, e sei as ervas necessárias para desbloquear o poder, provavelmente estão plantadas no terreno dos curandeiros. Preciso que você arranque a erva Cromissan, é a erva principal pro feitiço e sem ela não há encantamento. Arranque a plantação dela e plante outra por cima, conheço uma idêntica e tem no nosso jardim, por favor, pegue e substitua. Faça isso sem que Markus e Adela percebam. — ordenou Quara.

—Farei isso imediatamente. — disse o guarda.

**

Palácio da água

Rosalyn anotou as coisas necessárias pra que meu poder fosse desbloqueado e então foi até lá.

Enquanto esperava, voltei à cama onde fui colocada quando desmaiei e deitei para descansar e pensar sobre tudo que tem ocorrido, o sangue realmente é algo forte e na minha alma eu sempre me senti conectada com os dois elementos, sempre amei a água e o fogo, e isso sempre foi sem explicação. Até o momento em que descobri.

Acredito que dentro da minha alma eu sabia a minha verdadeira identidade, e que eu estava destinada a grandes feitos.

No trecho do livro em que li que contava sobre o início das quatro linhagens e a explicação sobre o porquê delas existirem, tudo finalmente fez sentido. Será mesmo que sou a primeira pessoa a ter dois poderes diferentes? Essas famílias existem desde o início dos tempos e não é possível que eu seja a primeira…

A menos que já houvesse existido, porém não fizeram registros sobre essa pessoa. Isso é uma pesquisa que farei numa outra hora.

Ouvi a voz de Rosalyn vindo da sala e imediatamente desci, eu estava me sentindo vulnerável apenas com o poder da água, pois eu não sabia controlá-lo.

— Conseguiu? — indaguei.

— Sim, vou fazer a mistura e você vai tomar. — disse ela — Eu sei que você não confia em mim então trouxe a lista de ingredientes assinada por Markus de próprio punho.

Jack olhava atentamente cada movimento feito por sua irmã, era bem claro que depois do que ela fez a confiança que ele tinha nela havia deixado de existir. Afinal, que tipo de irmã põe a própria sobrinha em perigo?

— Pode tomar. — disse ela.

— Antes de tomar, por favor, me der um gole pra eu me certificar de que não tem veneno, se houver, não pensem duas vezes antes de prendê-la. — disse Jack.

Isso era surpreendente, ele estava disposto a arriscar a própria vida pra se certificar que eu não morreria.

Rosalyn o olhou com decepção, foi visível em seu olhar que ela estava arrependida do que havia feito, mas agora pouco importa.

— Não tem veneno, se houvesse eu teria morrido, pode tomar Elena.

Confiante, peguei o copo e engoli tudo de uma vez. Esse tinha um gosto mais agradável, semelhante a um suco de laranja.

— Ok, quanto tempo pra fazer efeito? — perguntei.

— Pode testar agora. — disse ela.

Coloquei as palmas de minha mão frente a meu rosto e fechei os olhos.
Abri e fui conferir se havia chamas em minhas mãos, e não havia nada.

Não senti o corpo esquentar, não senti a chama interna em meu corpo. Algo está muito errado.

Esperei mais cinco minutos pra testar novamente, dessa vez tinha que dar certo. Todos me olhavam apreensivos

Fiz o mesmo movimento e dessa vez foquei em toda raiva, e novamente, nada.

Algo havia dado errado, e eu estava sem meus poderes.

Uma gota no oceanoWhere stories live. Discover now