Capítulo 28

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Todos ao meu redor estão assustados, o barulho da terra se chocando abaixo de meus pés é ensurdecedor.

Já presenciei alguns terremotos ao longo de minha vida, mas isso era diferente, parecia literalmente que algo estava sacudindo a terra, com força e vigor.

Todos se seguraram em algum lugar firme, para não cair com o tremor. Havia algumas ferramentas em cima de um garoto, e ele sangrava e chorava.

E eu fiquei triste, triste de não poder ir lá e ajudá-lo, pois nesse momento, a terra estava contra mim.

O tremor durou cerca de dez minutos, sem dúvida, os minutos mais lentos de minha vida. Pois pareceram horas.

Ao parar, imediatamente eu corri em direção ao garoto, e percebo que um peso de ferro está em cima de sua perna esquerda, e seus ossos estão literalmente amassados.

Todos se reúnem em volta dele, para tentar dar socorro, Jack tirou o peso de cima de sua perna e colocou no seu devido lugar, se abaixou e olhou o estrago que havia causado.

— Isso dói, faz parar! — suplicou ele.

Suas palavras partiram meu coração, fez com que eu me sentisse impotente, pois apesar de ser tão poderosa, ainda assim eu não tinha o poder de curá-lo, na verdade, ninguém tem, nem mesmo os curandeiros, pois são capazes apenas de curar pequenas feridas, e isso é um grande estrago.

Seus olhos pretos estavam inundados de lágrimas, e ele gritava de dor enquanto Jack analisava sua perna.

— Levaremos você à casa dos curandeiros, eles te darão uma erva para lhe acalmar, e tomarão as medidas que acharem necessário, ok? — Jack perguntou ao garoto. — Vai tudo ficar bem, eu prometo.

Percebi lágrimas escorrerem dos olhos de Jack, afinal aquela cena era de comover qualquer um, e todos olhavam sem compreender o que havia causado aquele terremoto.

Levaram o garoto embora, e no momento o que eu mais queria era que tudo ficasse bem para ele.

— Alguém sabe o que pode ter causado este terremoto? — gritei para que todos me ouvissem.

O silêncio ecoou naquele recinto, sinal claro de que não sabiam.

Logo em seguida, Rosalyn se pronunciou.

— Eu sei muito bem o que foi isso, e tem um nome. Snape — enfatizou ela.

Imediatamente o caos toma conta, e o barulho das pessoas conversando entre si e especulando sobre isso se torna irritante.

— E por que fariam isso? — questionei em tom alto para que todos ouvissem.

Calaram-se, a fim de receber uma resposta.

— Para distribuir o caos, para colocar medo em todos nós, para anunciar que a guerra está para começar, e está mais próximo do que nunca. — diz ela.

Jack toma posição diante a situação, e sobe em um apoio de ferro para que todos conseguissem visualizá-lo.

— Vocês viram o que eles causaram, o jovem Cale se machucou e talvez seus danos sejam irreversíveis, é hora de nos juntarmos as outras famílias, com um propósito: Derrubar a família Snape de uma vez por todas. Concordam? — diz ele.

As pessoas ali presentes sussurram entre si, como se estivessem decidindo se iriam ou não.

Em um movimento devagar levantaram as mãos, um símbolo união, e falaram em coro;
— Chega de tanta maldade!

Foi emocionante ver todos se unindo em um só propósito.

— Eu irei entrar em contato com a família Bourne, os controladores de ar, eles nunca se envolvem nesses assuntos, mas eles também têm pendências com os Snapes, e os convidarei. — diz Jack.

Rosalyn caminha até mim enquanto as pessoas combinam com Jack os detalhes.

— Elena, você tem que continuar aqui treinando, mais do que nunca você precisa de atenção no que está fazendo, o tempo é curto e não vai demorar mais que dois dias para tudo começar. — diz ela.

— Eu não sei se consigo. Dylan está com minha mãe no palácio do fogo, ele deve ter sentido medo e… — Rosalyn me interrompe.

— Querida, eu preciso que você tenha foco nisso, se você não souber controlar a água de forma eficaz muita coisa pode dar errado, e todos estão confiando em você. — diz ela.

"Todos estão confiando em você" essa é a frase que deixa qualquer pessoa nervosa, e eu estou com medo de não suprir as expectativas das pessoas, não sei se sou digna de tamanha confiança.

Percebo que todos estão saindo do salão, provavelmente indo comunicar as duas outras famílias do que estava pra acontecer, pra os curandeiros, e para as pessoas nulas de poderes ali presente.

O som dos passos deles saindo eram firmes, pareciam soldados marchando em direção a guerra.

— Vamos treinar eu e você sozinha? — pergunto.

— Sim. — responde ela.

— Ok, qual a próxima prova? — questiono.

— Essa é mais complicada. — ela diz enquanto me guia para o canto onde realizarei a tarefa. — Você certamente deve lembrar-se dessa redoma, onde você foi colocada pra despertar os poderes, a prova consiste em você pegar a água presente naquela caixa d'água lacrada, e transferir para a redoma, sem fazer com que a água encoste-se ao chão. — explica ela.

Só de ouvir isso, já me sinto desanimada.

— E como farei isso? — questiono.

— Você simplesmente tem que querer, não pense muito em nada, faça. Na hora da guerra você não terá tempo para se concentrar, apenas para agir. — disse ela.

Antes que eu pudesse falar algo, ela tornou a dizer;
— Olhe para aquela caixa e queira tirar a água dela, vai acontecer, acredite.

Olhei firmemente para a caixa por alguns segundos, não fechei os olhos, apenas a encarei e coloquei minhas mãos em uma distância razoável da caixa, e forcei todos os nervos de meu corpo para que eu fosse capaz.

Percebi um movimento constante lá dentro, como se houvesse alguém dentro querendo sair.

Mas não, não era uma pessoa, e sim um elemento.

A água.

Em questão de segundos a tampa simplesmente voou, o que me provou que a água é super forte, e que eu também sou.

Movimentei as mãos e percebi que a água estava ligada ao meu corpo, qualquer movimento que eu fizesse, ela estava seguindo, mas aí me veio o maior desafio.

Não deixar nem sequer uma gota cair no chão.

Então elevei as mãos pra o alto, fazendo com que a água passasse por cima da minha cabeça e de Rosalyn, e eu olhava atentamente pra cima.

Lentamente eu fui puxando-a, e fui caminhando pra perto da redoma.
Quando estava numa distância segura, fui aproximando a água.

Num movimento rápido, despejei tudo lá dentro.

Deu certo.

Suspirei de alívio por ter conseguido.

— Parabéns agora vêm a outra prova. — diz ela. — Mas te darei uns minutos de descanso antes de concluir a próxima.

Sentei-me no chão, e comecei a soar. Eu tinha que tomar cuidado com a temperatura, pois a mesma podia fazer com que eu despertasse o poder do fogo.

E foi ali, naquele momento, de que eu me dei conta da magnitude das coisas que estão acontecendo.

A guerra começou, e ninguém pode fazer nada para pará-la.

Uma gota no oceanoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant