Capítulo 43 - O fim

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Elena


A alegria enfim reinava.

Dália estava cuidando dos últimos preparativos da festa, que será daqui a alguns minutos. Ela já estava arrumada.

Por incrível que pareça, eu estou nervosa para essa festa. Sinto uma sensação do fim de um ciclo de minha vida, e que o ponto de encerramento é esse baile.

O que vai acabar não vai ser a minha história, não, minha história continuará, eu continuarei. O que está prestes a acabar é um ciclo de minha vida, de descobrimento, de aventuras. Afinal, qual outra garota no mundo humano com apenas 18 anos já passou por tudo que eu passei? Acredito que nenhuma.

A experiência que eu tive esses meses foi indescritível. Tudo surgiu muito rápido, meu amor com Dylan, os descobrimentos, a guerra, a morte, a ressurreição. Acho que minha vida daria um bom livro, ou até mesmo uma boa série. Não consigo imaginar isso tudo sendo narrado. Mas sem dúvidas eu leria um livro sobre mim, e assistiria também.

Mas cá estou. Frente ao espelho há dez minutos e apenas pensando em tudo isso.

Tudo ocorreu da melhor forma, nunca achei que essas coisas de finais felizes fossem possíveis, pelo menos não pra mim. Sempre achei clichê, mas se for para ser feliz sem medidas, então que seja.

Encaro o vestido que estou usando, e mal posso acreditar no quanto estou bela. No outro baile meu vestido era deslumbrante, mas era tudo muito diferente naquela época. Eu tinha acabado de deixar Dylan, a guerra estava prestes a começar, e eu estava preocupada. Mas agora não, agora eu estou leve.

A visão que tenho de mim mesma no espelho é surpreendente: Um vestido longo metade coberto de pedras preciosas em cor azul bebê, e a outra metade de pedras vermelhas como sangue. Representando meus dois poderes: água e fogo.

Desci as escadas, e logo percebi que Dylan estava me esperando, usando um terno escuro que fazia jus à cor de seus cabelos. Vê-lo é sempre incrível, e ele continua surpreendentemente bonito.

— Você está linda, Elena. Apesar de que isso é óbvio. — elogiou ele.

— Você está deslumbrante, meu amor. — falei enquanto o puxava para um abraço apertado.

Os convidados começam a tocar a campainha, interrompendo o abraço.

Fui abrir a porta, era a família Bourne. Os primeiros a chegar, e os mais pontuais. Annabel foi a primeira a entrar, e logo fui abraçá-la.

— Está tudo bem? — perguntou ela. — Agora que aquelas duas saíram daqui, a família Bourne passará a ser mais participativa em Northmoss.

— Annabel, desde que elas se foram Northmoss anda em paz. Depois disso tudo, constatei que aquelas duas eram como um tumor para nosso lar. — falei. — Espero que vocês sejam mesmo mais participativos, se não fosse pela guerra eu nem iria conhecê-los.

— É… As maldades da Quara nos afastaram. Mas agora estou aqui, isso que importa. — contou ela.

Annabel foi falar com Dália, junto ao resto de sua família.

Os próximos a chegarem foram os Snapes, a sua frente estava uma mulher ruiva que até então eu desconhecia.

— Olá! Sejam bem vindos. — falei.

— Muito obrigado pela hospitalidade. Sei que você deve estar se perguntando quem sou eu. Bom, eu me chamo Amélia Snape, e sou irmã de Quara. O trono era meu por direito, mas ela ameaçou matar meus filhos, e eu cedi o trono a ela. Não compactuo e nunca compactuei com as loucuras de Quara e sua filha, e todos os Snapes sentem por tudo. Eles recebiam ordens, e tinham que cumprir. — explicou ela. — Eu sinto muito, Elena. Garanto que daqui em diante haverá paz.

Surpreendi-me com essa história, ela me passou confiança, e eu confiarei.

Logo em seguida a família Clive chegou, liderada pelo meu pai, Jack.

Sem hesitar, ele me deu um abraço apertado.

Rosalyn foi logo em direção a Tobias, abraçá-lo. Ela o puxou e veio até mim.

— Elena, nós gostaríamos de te dizer pra você não se preocupar com a nossa relação. Eu sou estéril. — contou ela.

Essa revelação me chocou, e me alegrou ao mesmo tempo. Eles podem ficar juntos sem quebrar as regras, afinal, não nasceria um fruto disso.

Mas o que me intrigou de verdade foi o fato dela ter vindo falar comigo, e não com Dália.

— Você não deveria ter dito isso a minha mãe? — questionei.

— Ah… Você ainda não sabe. — disse ela. — Espere e saberá.

Fiquei confusa, mas não tive tempo para pensar, pois logo Dália subiu no palco que estava armado no salão de festas, para falar algo ao microfone.

— O baile de hoje não é apenas uma celebração a paz, como todos os outros aos quais estamos acostumados. Hoje estamos aqui, para reverenciar a nova sucessora da família Swale. Minha filha: Elena. — disse ela.

Todos aplaudiram, e eu mal pude acreditar no presente que estava recebendo.

— Suba ao palco, filha. — pediu Dália.

Fiz como ela pediu, e parei em frente a uma multidão com olhos marejados, visivelmente emocionados.

— Vocês não têm noção como é gratificante poder estar aqui, e saber que a partir de hoje eu exercerei uma função tão majestosa. Todos vocês que estão aqui nessa sala, são parte de um desejo que eu tive há um tempo atrás: Que algo de extraordinário acontecesse esse ano. Quando eu desejei isso, eu imaginei ganhar um namorado, passar no semestre. Não imaginei descobrir tudo isso, ou melhor, ser parte de tudo isso. — lágrimas começaram a escorrer de meus olhos, deixando visível minha emoção. — Eu amo cada um de vocês. Hoje mais cedo eu pensei: E se minha história fosse um livro? Vocês, presentes aqui, seriam os leitores. Pois vocês vivenciaram cada passo de minha evolução como mulher, como pessoa, e como Swale. Hoje eu sou melhor, e é graças a vocês.

Quando terminei de falar, os aplausos fizeram com que nada mais pudesse ser ouvido. Ver as pessoas emocionadas com um discurso meu, é mais que gratificante: é divino.

— Como a Elena é nossa representante agora, me diga, Elena, terá ritual dos elementos hoje? — perguntou Vince, usando o microfone.

— Não. E vou lhes dizer porque: Ficamos o ano todo presos a isso, a treinar, a controlar, e por que não hoje deixar os elementos nos controlarem? Vamos sair desse palácio, vamos em direção a algum rio, vamos rolar na terra, acender uma fogueira, sentir o vento. Vamos ser pessoas, vamos viver! — A emoção estava tomando conta de mim totalmente, e eu permiti.

Mais uma vez, os aplausos foram calorosos. Logo em seguida, as mulheres estavam descendo de seus saltos e correndo em direção a porta, eu fiz o mesmo, junto a Dylan.

Corremos para fora do palácio.

Eu respirei fundo, e me permiti sentir tudo que estava ao meu redor.

Todos estavam felizes, correndo e se divertindo como se não houvesse o depois.

E a verdade é que, temos mesmo que nos livrar da infelicidade, pois não sabemos o que acontecerá amanhã, ou melhor, se haverá amanhã.


Afinal, uma gota no oceano pode mudar tudo.

Uma gota no oceanoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora