10 - capítulo

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      Freen Sarocha


- Hm, mãe. A mamãe tá chamando pra jantar. A senhora também, tia Freen. – Clarke disse atrás de nós, ainda estava nos braços da Laur, sentada no chão e chorando. Eu precisava daquilo, e sei que ela ficaria comigo por horas se ainda fosse necessário. Clarke sempre me chama de tia, mesmo que eu nunca tenha agido como uma.

- Nós vamos daqui a pouco, filha. – Laur disse e se fez silêncio. – Vamos comer Freen, tenho certeza que não comeu nada ainda. – ela disse e eu enxuguei minhas lágrimas e logo fiquei de pé, ficando de costas para a Laur.

- Obrigada, Laur. Acho que já está na minha hora. – falei sem olhar pra ela, a ouvir suspirar.

- Fique para o jantar, Freen. A gente conversa depois. – pediu e eu ponderei a idéia, seria bom comer uma comida caseira de verdade.

- Tudo bem, mas não posso demorar. – falei e ela concordou. Logo saímos da oficina e seguimos até a casa. Lauren herdou tudo de seu pai e resolveu dar continuidade na empresa dele, já Camila é escritora. Já tem três livros publicados. A Latina me recebeu com um sorriso aliviado e deu um selinho na esposa. Clarke estava desconfiada, mas parecia de certa forma contente. Nós almoçamos juntas, as três até tentaram puxar assunto comigo, mas quando perceberam que não daria certo, conversaram entre si, enquanto eu assistia como era uma família feliz. Pra falar a verdade é até bonito, me deixei ser levada pelas lembranças.

Flashback On.

- Bebec, me ajuda. – eu pedi enquanto minha esposa estava ao banheiro e eu tentava acalmar Lexa. – O que você quer, ferinha? – perguntei balançando sua mãozinha, a garota tem apenas alguns dias.

- Pronto, já cheguei meus amores. – Becky disse entrando no quarto branco com detalhes em rosa e roxo enquanto arrumava seu cabelo em um coque frouxo. Ela veio pegar Lexa e eu dei um selinho demorado nela. – Já está na hora de você mamar, não é meu anjinho? – segurou a mãozinha e se sentou na cadeira de amamentação, a menina em seu colo diminuiu o choro por já saber que teria o que tanto queria. Minha esposa abaixou a alça do seu vestido florido e já que não tinha sutiã não demorou nada pra que Lexa engolisse logo sua fonte de alimento. Becky acariciava os cabelos claros enquanto cantava uma música de ninar em espanhol. Fiquei em pé, encostada na parede, admirando as duas. As razões do meu viver. – Por que não vem mais perto, mamãe? – ela disse com uma voz fina me fazendo rir. Me aproximei das duas e acariciei o rostinho da minha filha que não se importou em nada, apenas continuou sua refeição.

- Vocês são tão lindas. – falei com a voz baixa. Becky segurou na lateral do meu rosto e aproximou seus lábios dos meus. Me beijou com carinho extremo e eu correspondi.

- Te amo. – ela disse quando nos separamos e eu sorri grande. Voltando pra lhe dar um selinho demorado.

- Também te amo. – a pequena resmungou abaixo de nós. – Amo você também, pequena ciumenta. – falei e Becky soltou uma risadinha, me afastei e deixei minha filha mamar em paz. Apenas assistindo as duas em um momento tão lindo e genuíno. De tanto carinho e confiança. Eu sabia que tinha feito a escolha certa pra minha vida quando convidei Becky pra jantar comigo depois da festa que a conheci.

Flashback Off.

- Freen? Freen? Tá tudo bem? – Lauren perguntou e eu foquei meus olhos nela.

- Sim, só estava pensando em algumas coisas. – falei deixando meu prato de lado.

- Freen, podemos ir até a biblioteca? – Lauren perguntou e eu assenti. Limpei minha boca com o guardanapo e nós levantamos e fomos em direção a biblioteca, com livros que Camila adora. – Por que você não fala com a Rebecca? – ela perguntou e eu a olhei, mas logo voltei a atenção aos livros e seus títulos. – Tenta ficar mais tempo com a Lexa.

- Laur, minha filha vai ficar bem. – eu disse e ela suspirou.

- Freen, me escuta. A quanto tempo você não passa um dia com a Lexa? – ela perguntou e eu tentei lembrar.

- Alguns anos. – eu disse e ela negou com a cabeça.

- Não faça isso, você vai se arrepender. Pega o seu celular, liga pra Rebecca e conversa com ela. – ela disse e eu abaixei o olhar. – Anda Freen, o que está esperando? –  disse e eu a encarei. – Tudo bem, eu vou deixar você sozinha pra fazer essa ligação. –  disse e eu assenti. Lauren saiu e eu peguei meu celular no meu bolso. Procurei o nome da Rebecca na lista de contatos e encarei seu nome por alguns segundos, apertei o botão pra chamar e levei o aparelho até minha orelha esperando alguns segundos.

- Freen? – a voz dela invadiu meus ouvidos.

- Bebec, Rebecca. – me xinguei mentalmente. – Eu gostaria de falar com você. – falei e engoli em seco.

- Tudo bem, pode falar. – ela disse e eu pensei no que eu deveria falar, ainda me perguntei por que escutei a Vero.

- Não pode ser pessoalmente? – perguntei e o silêncio predominou a chamada. – Rebecca? – chamei e ela suspirou do outro lado.

- Tudo bem, Freen. Eu tô saindo pra almoçar, te encontro no restaurante Italiano próximo a sua casa. – ela disse e eu senti algo estranho no meu estômago.

- Claro, tô indo pra lá. Chego em cinco minutos. – falei.

- Não se atrase, tenho hora pra voltar. – ela disse e eu concordei, desligamos a ligação e eu saí da biblioteca rapidamente pegando minha maleta e o jaleco.

- Vou encontrar a Rebecca, obrigada pelo almoço. – falei saindo da casa e as deixando na sala. Dirigi rapidamente até o restaurante tão conhecido, por ser cliente fiel desde que me separei. Perguntei se Rebecca Armstrong já havia chegado e o recepcionista me guiou até ela. – Você está esperando a muito tempo? – perguntei hesitante.

- Não, cheguei agora. – ela disse encarando o cardápio. – Vai querer almoçar?

- Não, obrigada. Almoçei na casa da Lauren. – falei e ela me encarou durante alguns segundos antes de voltar ao cardápio. – Mas te acompanho no vinho. – falei e ela me entregou a cartela de vinhos, sabendo que eu tenho um ótimo gosto pra bebidas. Rebecca pediu seu almoço e eu o vinho. Logo estávamos degustando a bebida. – Dulce falou comigo hoje de manhã. – falei e ela me encarou.

- Eu saí do consultório dela agora a pouco. –  disse e vi seus olhos ficarem marejados.

- Bebec, não fica assim. – falei me aproximando e segurando sua mão, ela logo a tirou e enxugou uma lágrima que escapou.

- Ela é minha filha, Freen. Como você pede que eu não fique assim? – ela disse com a voz dura.

- Eu queria te pedir algo. – falei e ela me olhou, talvez percebendo que eu havia deixado de lado um motivo pra que brigássemos. Rebecca assentiu e eu respirei fundo. – Quero passar mais tempo com a Lexa, o que você me diz?

My Mistakes - FreenbeckyWhere stories live. Discover now