24 - capítulo

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   Freen Sarocha


- Vamos? - Lexa disse chegando perto do meu carro e o Dylan perto dela com um sorrisão. Eu tinha passado a manhã toda dormindo por ter passado a noite anterior de plantão.

- Eu estava esperando vocês. - falei entrando no carro junto com os dois adolescentes.

- O que nós devemos fazer lá, dona Freen? - Dylan perguntou animado no banco traseiro.

- Ajam normalmente, nada demais. Não é um bicho de sete cabeças, são só crianças. - falei e ele assentiu.

- E o garotinho, Allan, que você falou naquele outro dia? - Lexa perguntou me olhando rapidamente, logo enfiando a mão na mochila e pegando um pacote de biscoitos recheados. O abriu, pegou dois biscoitos e entregou o pacote para o Dylan.

- Quer tia Freen? - o garoto perguntou e o vi ficar vermelho pelo espelho retrovisor. - Oh, desculpe, eu não...

- Tudo bem, Dylan. Afinal eu ainda sou sua madrinha, e ser tia parece ser legal. - o garoto deu um sorriso tímido e eu aceitei um biscoito. - Allan é um garotinho bem legal que eu conheci lá. Ele estava em uma árvore.

- Ele acha que é um pássaro? - Dylan perguntou com curiosidade e Lexa deu risadas.

- Não, uns garotos mais velhos o desafiaram e depois o deixaram sozinho, mas ele tem medo de altura. Conversamos um pouco antes de ele confiar em mim pra que eu o ajudasse a descer da árvore. Depois brincamos de carrinho o resto da tarde. - Lexa me olhou com a curiosidade estampada em seus olhos.

- Você brincou com ele? Com carrinhos? - eu assenti. - Você sabe brincar dona Freen? Eu sabia que perderíamos se não fossemos. Será que alguém filmou isso? - Lexa disse com um tom carregado de comédia.

- Você ficaria impressionada com o drifting que eu fiz, acho que eu sou radical. – falei com um tom animado e os dois me olharam e deram risadas. Chegamos ao orfanato e a senhora responsável veio nos cumprimentar. Eu percebi a surpresa em seus olhos em me ver ali novamente. – A senhora poderia me informar onde está o Allan? – perguntei de forma gentil.

- Oh, está lá nos fundos. Ele sempre gosta de brincar lá. – ela disse e liberou nossa entrada. Eu fui apresentando o lugar para os dois adolescentes, não muito bem, por que da última vez eu não prestei tanta atenção assim. Quando chegamos aos fundos eu vi logo o garotinho sentado no chão com dois carrinhos e seus óculos em seus olhos.

- Hey, garotinho. – chamei e ele olhou na minha direção com um ar assustado, mas logo abriu um grande sorriso e se levantou vindo em minha direção e abraçou minha cintura.

- Freen, você veio mesmo. – ele disse e meu coração se apertou ao ver alguém tão feliz ao me ver. A senhora havia me alertado da primeira vez que estivemos aqui que não podemos deixar as crianças se apegarem tanto por que depois elas sempre sofrem.

- Claro que eu vim, e trouxe dois amigos meus. – falei e o garotinho se desgrudou de mim e olhou para Lexa e Dylan.

- Oi, eu sou o Dylan. – o garoto estendeu a mão para Allan que a apertou. – Posso ver seus carrinhos? – o garotinho assentiu sem muita confiança.

- Essa é minha filha, Allan. Lembra que eu te falei dela? – perguntei ao garoto que se aproximou da Lexa e estendeu a mão pra ela. Minha filha me olhou e segurou a mão do menino, vi um pequeno sorriso surgir em seus lábios.

- Eu não tenho bonecas, mas posso pedir para alguma menina se você quiser. – o garoto disse tímido e chutou uma pedrinha no chão, vi suas bochechas ruborizadas por conta das pessoas novas que ele estava conhecendo.

- Posso te contar um segredo? – Lexa perguntou e o garoto a encarou com curiosidade e assentiu. – Eu prefiro carrinhos, bonecas não tem emoção nenhuma. – o garoto ficou com os olhos brilhando e abriu um grande sorriso.

- Eu sempre digo isso. – ele disse animado e segurou a mão da Lexa a levando para perto dos carrinhos. Fiquei observando os três brincando até sentir uma presença ao meu lado.

- Você sabe que está descumprindo as regras, não sabe? – a senhora disse ao meu lado.

- Provavelmente estou. – falei sem desgrudar os olhos das crianças.

- Temos regras por motivos, senhora Sarocha. – olhei pra mulher e ela me olhava escolhendo as palavras. – Allan foi trazido pra cá com dois anos de idade. A mãe nunca o quis e os avós criaram até essa idade. Mas a avó faleceu e o velho homem disse que já não tinha condições de cria-lo. – prestei atenção em cada palavra que ela dizia pra mim. – Quando ele tinha pouco mais de três anos uma família se interessou em adotá-lo, fizeram algumas visitas e o garoto ficou apegado a eles, mas depois de dois meses eles desistiram por que descobriram a gravidez da mulher, e mais uma vez ele foi abandonado. A terceira vez. Allan ficou mal quando percebeu que eles não voltariam. Depois disso ele apenas cresceu, por ser fechado e desconfiado, não são todas as crianças que brincam com ele, mas Allan é o garoto com o maior coração que eu conheço. – a mulher deu um pequeno sorriso observando o garoto. – Na última vez que vocês vieram aqui, foi a primeira vez que eu o vi brincando com alguém que não fosse as poucas crianças que se aproximam dele. Fico muito feliz que a senhora tenha gostado dele, mas as crianças não podem adquirir muito afeto, por que se não elas sofrem quando as pessoas as esquecem. – a mulher disse e eu percebi que meus olhos estavam marejados.

- E por que ainda não o adotaram? – perguntei hesitante.

- Ele já é grandinho, as pessoas sempre preferem bebês. Um menino na idade dele já é difícil de ser adotado. – ela disse e eu assenti voltando a olhar para as crianças, Lexa estava conversando com Allan enquanto Dylan buscava alguns galhos debaixo das árvores mais ao fundo. Voltei meu olhar para a mulher mais velha, a senhora voltou seus olhos pra mim e deu um pequeno sorriso sem mostrar os dentes.

- O processo de adoção é muito difícil? – perguntei e seus olhos ganharam receio.

- Depende, se a senhora conhecer um bom advogado pode ser um pouco mais fácil, e depende da idade da criança também. O processo de adoção de bebês é mais difícil. – ela disse e eu assenti voltando a olhar para as crianças quando ouvi Lexa me chamar para brincar com eles.

- E quando o garotinho já tem sete anos, senhora? – a mulher me olhou espantada e abriu um sorriso verdadeiro, vi seus olhos com lágrimas de felicidades e percebi como ela gosta de Allan. Lhe devolvi o sorriso e me juntei a minha filha, meu afilhado e meu futuro filho. 

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Sim, a Freen vai adotar o Allan ❤

My Mistakes - FreenbeckyWo Geschichten leben. Entdecke jetzt