53 - capítulo

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     Becky Armstrong


- Por que eu não posso ir dar um beijo de boa noite na Lexa? – Freen perguntou pelo que acredito ser a sexta vez.

- Ela tem visita. – respondi mais uma vez. Clarke estava dormindo no quarto da Lexa, coisas normais de quando uma amiga vai a casa da outra, mas Freen insiste em ir da um beijo na filha de quatorze anos. – Por que você não vai dormir? – perguntei. Freen só foi até a casa dela pra buscar roupas, ela tem medo que algo aconteça com Lexa no meio da noite. Ela nunca confessou isso, mas consigo ver em seus olhos toda vez que ela tem que se afastar de Lexa por pelo menos uma hora. O que vem sido pouco levando em consideração o fato dela estar de férias. Freen e Allan estavam ocupando o quarto de hospedes enquanto estão por aqui. Não, não estamos dormindo na mesma cama. Por quê? Não estamos casadas. Claro que já transamos antes, mas mesmo assim não acho saudável agirmos como casadas, estamos iniciando algo agora e não quero apressar as coisas. Como se estivéssemos nos conhecendo novamente. E acredito que era exatamente o que estávamos fazendo.

- Allan não para de se mexer e rouba minha coberta de madrugada, eu fico com frio Bebec. -  disse com um bico enorme e uma carinha de cão abandonado.

- Por que não dormem com cobertores separados? - perguntei tentando não reparar no bico em seus lábios.

- E quem disse que não dormimos? Ele joga o dele no chão e toma o meu. -  se jogou na minha cama enquanto eu dobrava minhas roupas. Ela agarrou meu travesseiro e eu me fiz de desentendida, não querendo demonstrar que eu já sabia sua intensão. - Bebec. - ela chamou e eu fiz um som nasal pra que continuasse. - Você ta dobrando roupas minhas também. - ela disse e eu notei que eu estava separando nossas roupas em dois montes. Lutei conscientemente para que eu não ruborizasse em sua frente.

- To fazendo um favor pra você. - falei e percebi que ela me encarava, permaneci de cabeça baixa.

- Obrigada. -  disse. Já havíamos jantado, Clarke chegou no meio da tarde e só iria embora na segunda, uma mini lua de mel do casal Camren. O relógio marcava onze da noite e sei que Freen está enrolando pra ir dormir achando que vou ceder a seus encantos. Allan já estava na cama a uma hora. - Eu vou trocar de roupa. -  anunciou e pegou uma de suas camisetas na pilha de roupas ao lado das minhas e foi até o banheiro. Levei minha pilha até o guarda-roupa e separei nas devidas gavetas. Voltei e fiquei encarando a pilha de roupas dela. Melhor guardar, pra não acumular nada aqui, não é? Guardei logo antes que minha consciência gritasse o contrário. - Bebec. - ouvi a voz manhosa e me controlei.

- Oi Darling. - respondi já sabendo o que ela quer.

- Por favor. - ela disse com o mesmo bico de antes. Ela se aproximou e eu tive a sensação dos meus pés estarem grudados no chão. - A gente pode ligar o ar condicionado pra ficar bem friozinho, eu te abraço e você me abraça. Como nas noites de inverno. - como nas noites de inverno. Eu só queria que essa simples frase não mexesse tanto comigo. Nas noites de inverno sempre nos abraçávamos, nuas, um edredom e nos beijávamos até esquentar os corpos e nossas almas. Abrir meus olhos e encarei os dela que brilhavam em expectativa. Freen se aproximou e eu segurei em seus ombros. Ela segurou minha cintura e beijou meu nariz.

- Sem safadeza. - falei, mais pra mim do que pra ela.

- Sem safadeza. - ela disse e cruzou os dedos indicadores sobre seus lábios os beijando como em um juramento. Ela abriu um grande sorriso e eu pedi forças, a quem quer que possa me enviar.

(...)

Depois de ter cedido ao pedido dela, eu resolvi tomar um banho, na esperança de que quando eu voltasse ela já estivesse dormido. Minha esperanças foram por água a baixo quando vi que ela me olhava com um grande sorriso nos lábios assim que saí do banheiro, pelo menos eu havia me vestido lá dentro. O Ar condicionado estava ligado e eu notei isso quando as pontas dos meus dedos dos pés já estava geladas. Fui em direção a cama e entrei debaixo do grosso edredom branco. Ela só podia não ter os olhos tão lindos e a boca tão gostosa.

- Demorou. –  disse com um sussurro. Ficamos de frente uma pra outra. – Mas tá muito cheirosa. – ela disse como se isso compensasse toda a demora que eu tive.

- Obrigada. – respondi. Freen pousou sua mão macia na minha cintura e inconscientemente eu engoli em seco.

- Tá com frio? – perguntou e se eu não estivesse tão perto tenho certeza que não teria a ouvido.

- Um pouco. – falei a verdade, ela já sabia por que o contraste de nossas peles era notável apenas pelo fato de quando sua mão quente tocou a minha cintura gelada eu me arrepiei. Freen se aproximou e eu não movi um músculo, e nem pisquei os olhos. Apenas observei seu movimentar. Ela enlaçou meu corpo com seu braço direito e me abraçou. Assim que nossos corpos se encostaram eu suspirei. Todo seu calor me envolvendo e eu mais uma vez ali, em seus braços, sentindo seu cheiro tão natural, marcante e que não tinha mudado nada desde a primeira vez que eu o senti, depois do nosso primeiro encontro. Freen pegou meus braços e os colocou dentro de sua camiseta, não se importando de eu estar fria, apenas querendo me aquecer com seu corpo, e finalmente eu também a abraçava. Freen cheirou meus cabelos e beijou em meio a eles. Eu sabia que estava perdida assim que ela se jogou na minha cama, sabia que ela ficaria a noite toda e pedia inconscientemente que fosse a vida toda. Apertei meus olhos criando coragem para um pedido. Suspirei alto e ela se afastou alguns centímetros pra olhar meu rosto, e de olhos fechados eu conseguia perceber cada uma de suas ações. – Não vai me beijar? – perguntei torcendo pra que ela tivesse ouvido. Abrir meus olhos a tempo de ver ela chegando cada vez mais perto e com os olhos em minha boca entreaberta esperando sua aproximação total. E mais uma vez ali estavam, os fogos de artifícios, as sensações adolescentes, os choques passeando pelo corpo, as batidas do coração desregulares. O de sempre, mas apenas quando é com ela. As bocas dançando uma sobre a outra, as línguas se envolvendo e o desejo de que dure para sempre, ou até o sempre durar. Enfiei minha mão esquerda por entre os fios dos seus cabelos e me agarrei ali, tentando me prender ao ato. Senti o peso de seu corpo sobre o meu, me fazendo ficar totalmente deitada com Freen sobre mim. Eu já sabia onde íamos parar, ainda era a minha única certeza.

- Bebec. –  se separou de mim e olhou no fundo dos meus olhos. – Eu não quero que se sinta obrigada a isso, só vamos fazer se você tiver vontade. Posso te esperar. – ela disse e beijou minha testa. Se deitou ao meu lado e me abraçou, como se soubesse minhas vontades. Ergui meu corpo ficando por cima dos cotovelos e olhei pra ela, que me encara esperando que eu fale o que quero dessa vez.

- Vai a merda Freen. – eu disse e ela arregalou os olhos. – Pare de ser tão submissa, okay? Quem foi que disse que eu não quero? Pare de fazer como se eu comandasse isso aqui sozinha. Se você não estiver comigo, só vamos conseguir algo se tiver atitude. Vamos lá mulher, me pegue de jeito e me faça gemer seu nome a noite inteira. – falei e Freen parecia assustada, mas eu sabia que ela estava processando cada palavra minha. – Anda Fre... – não falei mais nada, ela já estava em cima de mim e com a boca colada na minha, com um beijo de tirar o folego, de roubar a cena. Eu não estava perdida desde que ela se deitou na minha cama aquela noite, eu estava perdida desde que fui aquele bar junto de Anahí e perguntei se Freen queria dançar.

My Mistakes - FreenbeckyWhere stories live. Discover now