69 - capítulo

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     Freen Sarocha


- Hm, filha. – minha mãe chamou assim que entramos no quarto. – Freen está morando com você? – eu sabia que ela ia perguntar logo que ficássemos a sós, só achei que ela ia demorar pelo menos dois minutos inteiros.

- Sim, já tem alguns meses. – expliquei e a mulher que deixava a pequena mala em cima da cama.

- Você não nos disse nada. – minha mãe disse.

- Pois é, achamos melhor falar pessoalmente. – sorri, ou tentei, cruzei os braços observando ela separar uma muda de roupar para o meu pai.

- E vocês estão bem? Vi que Lexa e ela também estão bem, levando em consideração como ela odiava a Freen na última vez que nos visitou, elas estão muito bem. –  perguntou sem mostrar muita atenção, mas ela quer saber muito mais.

- Freen mudou, mãe. Ela provou isso pra Lexa e pra mim também, e é o que importa, não é? Pra Lexa, que é filha dela, e pra mim, que sou noiva. – sorri sem mostrar os dentes e minha mãe levantou o rosto pra me encarar.

- Noiva?

- Sim, vamos nos casar em um mês. Uma coisa simples. Apenas para assinarmos os papéis, já somos casadas em nossas almas. – expliquei.

- Tem certeza disso, filha? – perguntou.

- Absoluta, não existe nada que eu tenha mais certeza do que esse casamento. Freen e eu somos outras mulheres, mais ainda sim estamos destinadas uma a outra. Não adianta fugir disso. – falei e a mulher sorriu, ela apenas sorriu.

- Eu disse a mesma coisa a sua avó quando ela me perguntou se eu queria mesmo me casar tão jovem. – ela disse e eu me sentei na poltrona da Lexa. – Confesso que achei que vocês voltariam assim que Lexa me ligou perguntando o que fazer por que a mãe estava tentando se reaproximar. – ela disse e eu arqueei uma sobrancelha em dúvida. – Sim, ela me ligou chorando, dizendo que estava com medo. Eu disse pra ela não extrapolar os próprios limites. E quando ela disse isso eu sabia que era o que faltava pra vocês voltarem, um passo da Freen e vocês estariam ligadas de novo. – a mulher mais velha explicou parecendo orgulhosa. – Mesmo com todos os erros, Freen é a sua pessoa, filha.

- Eu a amo mãe, amo de uma forma que não sei explicar, que não sei demonstrar. Parece que Freen é o meu céu, meu paraíso. Parece que a voz dela me acalma, os carinhos me fazem flutuar e o cheiro dela me transporta pra qualquer lugar sem ao menos sair do lado dela. Freen é minha destruição, mas é a única salvação. – falei e minha mãe se levantou vindo em minha direção.

- Dá primeira vez vocês se casaram muito jovens, quiseram fazer tudo sozinhas, agora é diferente filha, vocês tem estabilidade, tem uma filha...

- Dois filhos. – a interrompi.

- Dois filhos. – ela sorriu antes de continuar. – Não deixe que nada impeça a felicidade de vocês, hoje em dia, quando algo da algum problema, as pessoas simplesmente jogam fora, não tentam concertar. – deixei uma lágrima escapar, achei que talvez meus pais fossem totalmente contra eu me casar com Freen novamente.

- Obrigada, mama. – agradeci e fiquei de pé abraçando minha mãe.

- De nada, bebê. Agora vamos descer, seu pai disse que ia colocar medo na Freen. – ela fez uma careta e eu acabei rindo, limpei algumas lágrimas e saímos do quarto. Chegamos na varanda e encontramos Freen e meu pai perto do carro dele. Nos aproximamos lentamente.

- Não sei, senhor Anthony. – Freen disse tentando olhar algo dentro do motor com o flash de seu celular ligado.

- O que estão fazendo? – minha mãe perguntou, meu pai nos olhou e Freen continuou tentando olhar algo lá dentro.

- Freen está tentando descobrir por que aquela luz fica piscando. Esses carros modernos tem tantas luzes. Na minha época eles apenas ligavam e andavam. – meu pai disse e eu acabei rindo.

- E desde quando você entende de carros, Darling? – perguntei e a morena levantou os olhos me encarando.

- Talvez fosse algum fio solto, amor. – ela disse com uma expressão adorável. Eu não aguentei e me aproximei pra lhe dar um selinho.

- É melhor ligar para o John. – ela concordou, John é o mecânico de confiança dela. Filho do mecânico de confiança do senhor Sarocha.

(...)

- Mama. – meu garotinho chamou assim que entrou em casa. Nós quatro estávamos na cozinha ocupados com o jantar. Allan adentrou a cozinha com um vasilhame. – Tia Shay mandou biscoitos, ela não quis entrar por que o tio Troy estava esperando para o jantar. –  disse e deu de ombros e me entregou. – Oi. –  disse aos mais velhos.

- Oi. – meu pai respondeu e se aproximou do menino. – Você sabe quem nós somos? –  perguntou ao Allan e vi Freen para de cortar os legumes e prestar atenção, assim como eu.

- Sim, os avós da Lexa. – respondeu sem pestanejar.

- Sim. – minha mãe se aproximou e o Allan manteve a atenção nos dois. – Somos pais da sua mama, isso faz de nós seus avós também. – ele arregalou os olhos e ganhou um brilho natural além do grande sorriso.

- Eu... eu tenho... avós? –  perguntou e olhou pra Freen imediatamente. Ela assentiu e o menino voltou a olhar os mais velhos. Minha mãe começou a chorar como uma criança grande.

- Sim. – ela respondeu e se aproximou do menino. – Eu posso abraçar meu neto? – o menino me olhou e eu lhe sorri. Allan abriu um sorriso enorme e abriu os braços para minha mãe que com dificuldade o pegou no colo. Meu pai se aproximou e pegou o menino depois de alguns minutos.

- Vovó? – Allan perguntou tímido olhando pra minha mãe que assentiu. – Vovô? – perguntou olhando meu pai que beijou seu rosto. Freen se aproximou e pousou seu braço por sobre meus ombros e me puxou em sua direção.

- Eu te amo. – falei. Palavras tão simples e que carregam tão grande sentimento.

- Eu também amo você. – beijou minha têmpora. – E agora só quero saber por que Clarke ainda não trouxe Lexa pra casa. –  disse e eu acabei rindo. Em meio ao jantar, Lexa chegou acompanhada da Clarke, Dylan, Lauren, Camila, Anahí e Dulce, trazendo pizzas. 

E naquele momento minha casa ficou pequena pela quantidade de pessoas conversando. Allan foi mostrar os brinquedos para o avô. Anahí e Camila conversavam com minha mãe. Toni jogava vídeo game com Dulce. Dylan estava em cima da Lexa tentando dar um beijo molhado em seu rosto enquanto Clarke se acabava de rir e Mel latia tentando proteger a dona. Freen me abraçou por trás pousando seu queixo em meu ombro e apenas observávamos tudo sem dizer nada. E se todos os erros me trouxeram de volta pra ela, talvez nem tenham sido erros tão ruins.

My Mistakes - FreenbeckyWhere stories live. Discover now