19 - capítulo

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    Freen Sarocha


- Você gostou daquele garotinho, não é? - Laur perguntou puxando assunto quando estávamos indo embora. Depois de ficar um bom tempo com o garoto, ele preferiu ficar ao meu lado até a hora que decidimos ir embora.

- É, ele é legal. - falei simplesmente.

- Você prometeu que ia visitá-lo. -  falou.

- Onde quer chegar, Laur? Não enrola, vá direto ao ponto. - falei sem muita paciência.

- Você não cumpre muito suas promessas, ele é um garoto abandonado, você não devia ter dado esperanças pra ele, isso é maldade, Freen. - ela disse como a dona da verdade.

- Quem disse que vou quebrar essa promessa? - perguntei com um tom um pouco elevado.

- E você acha que vai cumprir, é só mais alguém que vai esperar suas atitudes e vai se cansar de esperar. - disse e eu apertei minhas têmporas.

- Para o carro, eu vou o resto do caminho a pé. - falei e ela encostou o carro.

- Vai fugir mais uma vez. - ela disse e eu bati a porta do carro. Comecei a caminhar pela calçada onde pessoas passavam ao meu lado ou até mesmo esbarravam, pessoas com pressa, será que todos eles dão o devido valor ao que tem?

Flashback On.

- Você acha que a gente é pra sempre? – Becky perguntou enquanto estávamos no telhado da minha casa. Os pais dela tinham deixado ela dormir na minha casa pela primeira vez.

- Claro que sim, não conseguimos ficar longe uma da outra nem por um dia inteiro. Você é meu combustível, Bebec. – falei puxando seu corpo mais para perto do meu. Observávamos as estrelas enroladas em um edredom enquanto estávamos deitadas. – Shay disse que quando olha nós duas enxerga uma coisa que ela nunca viu na vida. Que nos olhamos com tanto amor que ela quer algo assim pra ela. – falei e Becky agarrou minha cintura com força.

- Gosto da minha cunhada e dos meus sogros. – ela disse e eu ri. Era notável o quanto eles se gostam.

- Demos sorte, nossos pais foram bem bonzinhos nos aceitando, temos sorte Bebec. – falei e ela beijou minha mandíbula.

- Eu te amo, Darling. – falou pela primeira vez e meu corpo gelou, um frio na espinha, a melhor sensação que eu já experimentei.

- Eu também te amo, Bebec. – beijei seus cabelos e vi seus olhinhos fechados. – Vamos pra dentro, você está com sono e está frio aqui. – falei e ela concordou. Nos levantamos e entramos pela janela do meu quarto. Fechei a janela e quando olhei pra minha cama, Becky já estava deitada e enrolada no grosso edredom, me dirigi até lá e deitei ao seu lado. Desliguei a luz do abajur e abracei seu corpo. – Boa noite meu eterno amor. – beijei sua nuca e ela entrelaçou nossos dedos em um belo gesto de carinho.

- Boa noite, amor. – ela disse já com a vozinha sonolenta.

Flashback Off.

Me dirigi ao primeiro bar que encontrei e comecei a pedir doses de bebidas, perdi a conta lá pela oitava.


     Becky Armstrong


Que barulho é esse? Me forcei a sair do meu sonho e percebi que era meu celular, abrir os olhos e peguei o aparelho, constatando ser uma e cinquenta da manhã, o nome da Freen piscava na tela.

- Alô.

- Senhorita Rebecca? – uma voz desconhecida perguntou e eu me forcei a acordar direito.

- Sim, sou eu. O que aconteceu com Freen? – perguntei.

- Ela está em nosso bar e bebeu um pouco além da conta, e pediu pra que ligássemos pra senhora. Por ser esposa dela e agora não para de falar seu nome e dançar. Nós precisamos fechar o bar. A senhora poderia vir busca-la? – o rapaz perguntou e eu bufei alto.

- Me passe o endereço. – assim que ele terminou e eu anotei e me pus de pé, vesti uma roupa e saí do quarto. Fui até o quarto da Lexa e constatei que ela dormia profundamente. Saí de casa e seguir até o endereço que o GPS indicava, assim que cheguei vi Freen sentada no chão e um garoto ao seu lado. – Obrigada por ter ficado com ela. – falei ao rapaz que sorriu e voltou pra dentro. Freen me olhou e abriu um grande sorriso, seus olhos castanhos brilhavam como a muito eu não via.

- Meu amor. – ela tentou ficar em pé e quase caiu, me aproximei e ajudei ela a ficar de pé. Coloquei meu braço ao redor da sua cintura e coloquei o seu sobre meu ombro. A levei até meu carro e ajudei Freen a se sentar no banco do carona.

- Onde está seu carro? – perguntei assim que me sentei ao seu lado.

- Acho que tá em casa. – falou e deu de ombros. Comecei a dirigir e chegamos até a minha casa, a ajudei sair do carro e a levei pra dentro, pedindo pra ela fazer silêncio a cada dez segundos. Assim que chegamos ao meu quarto ela se sentou na cama.

- Por que bebeu tanto, Freen? – perguntei enquanto pegava uma toalha limpa no armário.

- Eu estava com saudades. – ela disse e a vi começar a chorar. – Saudade do meu pai, da minha mãe, da minha irmã, das minhas amigas, com saudade da minha filha, com saudade de você, meu amor. – ela disse e eu me aproximei tocando seu ombro.

- Vai tomar um banho e eu prometo que essa saudade vai embora. – falei e ela me olhou com os olhos suplicantes.

- Você promete que ela vai embora? – perguntou e eu assenti. Freen tentou ficar de pé e mais uma vez quase caiu. A ajudei a se manter de pé e a levei para o banheiro, tirei suas roupas e a levei para debaixo do chuveiro. Ver Freen assim me trazia uma dor que eu não queria sentir novamente. Ela não se moveu um centímetro se quer e nem reclamou da água gelada. A cabeça baixa e os olhos fechados. A pele tão alva, o corpo já não tão jovem, os cabelos sedosos, ali era apenas uma garota cheia de dores e medos. Me aproximei e segurei sua mão, ela levantou o rosto e me encarou, a puxei lentamente e fechei o registro. Sequei seu busto e barriga, levei a toalha até suas costas e as enxuguei como pude, ainda mais por estar de frente pra ela e com Freen me encarando de forma tão intensa. Enxuguei o que pude e subi a toalha para sua nuca. Mais acariciei do que enxuguei ali. - Nunca vai embora, Bebec. A saudade nunca vai embora. – ela disse e um nó se formou na minha garganta. Olhei seus olhos e vi apenas dor. Ela pediu a toalha e terminou de se enxugar, enquanto eu saí do banheiro e encostei na parede tentando voltar a respirar normalmente. Fui até meu guarda-roupas e me amaldiçoei por ainda ter peças dela ali, e tão bem cuidadas. Peguei uma muda de roupa e levei pra Freen. Ela nada disse, apenas começou a se vestir e vi que sua embriaguez já não estava como antes. Ela saiu do banheiro já vestida, vi que ainda antes de sair ela deixou sua roupa suja no cesto, e eu sabia que era mais uma muda de roupa sua que eu guardaria. – Acho que é melhor eu ir embora. – ela virou as costas e eu aproveitei dos meus dez segundos de loucura. Segurei seu braço e a puxei levemente.

- Não vá. – falei e ela me olhou com os olhos vacilantes. – Fique essa noite comigo. – falei com um resquício de voz e encarei seus olhos esperando que ela conseguisse me ler completamente como fazia quando ainda erámos casadas. 

Freen deu passos em minha direção acabando com a distância entre nós. Ela segurou em minha cintura e não desviou os olhos dos meus, enlacei seu pescoço com um braço e com o outro eu agarrei seus cabelos trazendo seu rosto em direção ao meu, Freen acariciou meu rosto, beijou minha testa, fechei meus olhos esperando seu próximo passo, que foi colar nossos lábios. O beijo lento cheio de saudades e palavras nunca ditas, cheio de desejos e escasso de promessas, entre nós elas não existem. Comecei a dar passos pra trás até cair na cama com Freen sobre mim. Eu sabia que seria meu fim amanhã de manhã, mas eu queria apenas o agora com o meu passado.

............... 


Parece que os sentimentos ainda existentes, vão falar mas alto! 😊

My Mistakes - FreenbeckyWhere stories live. Discover now