37 - capítulo

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      Freen Sarocha


Depois de testar meus dotes culinários na casa da Becky, eu decidi me aprofundar nisso. Por exemplo, estou fazendo um sanduíche de queijo na minha cozinha. Coloquei algo na geladeira sem ser sucos ou água. Meu celular tocou exatamente quando eu estava a ponto de colocar a terceira fatia de queijo. Peguei o celular no bolso e o coloquei na orelha o prendendo com o ombro, enquanto colocava o queijo de forma perfeita.

- Alô. - disse enquanto fechava o sanduíche com uma segunda fatia de pão de forma.

- Freen, pode falar? - reconheci a voz da Taylor e fui em direção a geladeira pegando um iogurte que eu havia comprado de madrugada em um mercado vinte e quatro horas.

- Fala ai doutora. - mordi o sanduíche enquanto abria a pequena garrafa colorida. Porque tantas cores?

- É bom você fazer uma última visita ao Allan. - ela disse e larguei o sanduíche no prato.

- Como assim, porra? Não deu certo, Taylor? Não gostaram de mim? Mas é só fazer uma nova visita? Posso recorrer? - disparei enquanto ela tentava me responder e eu não deixava.

- Espera, se acalma. Volte a respirar. - ela disse e eu respirei como ela disse. - É a última, por que os documentos da adoção saem amanhã. Mas é bom você visitar o garoto e saber se ele realmente quer isso, tenho certeza que não falou com ele. - ela disse e eu sorri grande.

- Os documentos vão sair? Tá falando sério? Não brinca com isso, Taylor. - falei rapidamente de novo.

- Você ouviu a segunda parte? - perguntou bufando. - Eu não brincaria com isso. Faça o que eu disse, e se tudo tiver resolvido, eu te ligo amanhã novamente. -  falou e eu apenas sorri grande.

- Okay, eu vou lá. Agora, valeu Taylor. - desliguei o telefone na cara dela e fui tomar um banho, eu diria, rápido demais. Vesti a primeira roupa que achei e saí de casa. Passei em uma loja de departamentos e comprei uma mochila do Homem-Aranha, o super-herói preferido dele. Como falar a um garoto que eu quero o adotar? Nunca fiz isso na minha vida. E se ele não quiser? Percebi que já estava estacionada na frente do orfanato e pensando em várias possibilidades, nem uma positiva. Respirei fundo e saí do carro com uma sacola em mãos, bati no portão e esperei a senhora aparecer com um grande sorriso.

- Olá, senhorita Sarocha. Parabéns. – ela me cumprimentou e eu aceitei sua mão.

- Muito obrigada, você acha que ele vai aceitar que eu o adote? – perguntei com receio e a mulher deu uma pequena risada.

- Por que não vai descobrir, ele tá se arrumando pra ir pra escola. – ela disse e eu assenti seguindo pra dentro do lugar, perguntei a duas crianças se ela sabiam onde o Allan estava e elas me indicaram o quarto masculino. Seguir até lá sem muita confiança. Parei na porta e ouvi algumas conversas, então preferi escutar primeiro.

- Ela não vai voltar, Allan. Ela já deve ter esquecido de você. – um garoto disse, e pela voz eu percebi ser mais velho.

- Ela vai sim. – ouvi a voz do Allan embargada pelo choro.

- A doutora não vem a alguns dias, você vai ficar com a gente, e vai sair daqui com dezoito anos. Igual a todos nós. – a voz de outro garoto soou, eu percebi que falavam de mim e que Allan estava chorando copiosamente. Não é certo querer bater em garotos, mas por que ser tão malvados com o pequeno garoto? Não esperei mais nenhum segundo e entrei porta adentro. Apenas Allan e os dois garotos que aparentavam ter cerca de quatorze anos estavam no quarto. Allan me olhou e abaixou a cabeça tentando limpar as lágrimas. Os mais velhos me encaravam envergonhados. Allan estava sentado em sua cama e eu caminhei até lá, sentei ao seu lado e afaguei seus cabelos.

My Mistakes - FreenbeckyWhere stories live. Discover now