Raiva

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Charles jamais pensou que Chuck o ajudaria em uma hora difícil, surpreendeu-se com a atitude do amigo e até surgiu uma pequena chama de felicidade por quase um segundo dentro dele. Até lembrar dos últimos acontecimentos, como sua cabeça doía.

— Sabe do que você precisa? – Perguntou Chuck.

— Um banho?

— Também – Chuck riu. – Mas sério, você precisa de luvas.

— Você acha que vai resolver?

— Aparentemente pode ser em qualquer parte da pele, mas se tu usar luvas, acho que já cai em uns cinquenta por cento a chance de um toque acidental.

— Vou comprar um par amanhã.

— Isso, agora toma um banho e vai dormir, eu tenho algumas coisas pra fazer.

— Não vai entrar?

— Não – respondeu Chuck.

— Vai salvar gotham, né? – riu. Chuck esboçou um sorriso e saiu com o carro, havia parado de chover e Charles estava novamente sozinho, ele foi até a porta da casa.

— As chaves – pensou em voz alta. – Estou sem minhas chaves

Charles já estava quase desesperado pensando em escalar até a janela do segundo andar quando tentou abrir a maçaneta e ela cedeu, a porta estava aberta, um alivio.

— Chuck, é você? – a voz feminina ecoou da cozinha.

— Sou eu – falou Charles em voz alta. Justine apareceu na porta da cozinha vestindo um roupão de banho e uma toalha na cabeça, estava segurando uma garrafa de cerveja.

— Ah, acho que o Chuck não vem hoje pra casa – disse ela.

— E onde exatamente ele está?

— Trabalhando, claro – ela sorriu.

— Ah, claro – disse Charles

— Quer assistir televisão? Eu estou sem sono nenhum – falou Justine.

— Eu também, acho que não custa nada – disse ele se sentando no sofá marrom que ficava em frente a televisão.

— E ai, como foi seu dia? – Perguntou Justine.

— Você nem imagina.

— Cerveja? – Justine ofereceu a garrafa de Wülerberg quase cheia a Charles.

— Claro – ele estendeu a mão com cuidado para não tocar os dedos de Justine.

— Como foi o médico? — Ela começou a zapear pelos canais de televisão.

— Vou ir amanhã – ele riu. – Aconteceram alguns contratempos.

— Como assim? – Só agora Justine percebeu o corte nos seus lábios e o sangue na sua camiseta.

— Você sofreu um acidente? – Perguntou ela.

— Mais ou menos isso

— Vai limpar isso antes que infeccione. – Disse Justine. Charles tratou de obedecer, se levantou em silêncio e subiu as escadas. Entrou no seu quarto apenas para pegar uma toalha e foi para o banheiro, ele estava descalço e o ladrilho azulado do chão do banheiro estava gelado, ele girou o registro do chuveiro até ajustar a agua para quente, sem pensar duas vezes entrou bem debaixo do jorro de agua. Ele pode sentir a agua entrando por cada corte nos seus braços, mãos e alguns outros cortes na perna. Até o corte do lábio doía tão intensamente que por um momento ele quase perdeu o equilíbrio. Ardia de uma forma que era impossível explicar, mas ele não se rendeu, continuou o banho por pelo menos dez minutos até sair e sentar na privada. Havia sido um dia longo e Charles não via a hora dele acabar.

As Pontes InvisíveisWhere stories live. Discover now