Retorno

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- Charlie? – chamou Leon, quebrando o transe de pensamentos e trazendo ele novamente ao presente. A primeira reação de Charlie foi passar a mão na sua cabeça, ele sentiu a cicatriz por entre seus cabelos e deu um pulo na cadeira.

- Como? – Perguntou ele.

- O cabelo? Bem, é raspado na hora da cirurgia mas depois é feito um implante, sabe, pra não ficar um buraco na cabeça de ninguém – ele sorria.

- Eu fugi- disse Charlie. – Eu era pra ter morrido e fugi, agora estou aqui!

- Calma Charles, pra falar a verdade mesmo você não fugiu – ele sorriu. – Bem, você fugiu, mas você só conseguiu fugir porque eu deixei.

- Como assim?

- Fui informado que o protocolo não havia sido seguido, você ainda estava nas escadas e seu amigo, Chuck, estava pirando na sala dele. Mas eu pensei, isso é inofensivo, melhor deixar ele ir, pode até ser divertido.

- Isso é tão injusto! – Gritou Charlie. – Vocês me matariam.

- Sim, mas se você tivesse lido o contrato saberia que isso poderia acontecer, e não usamos palavras bonitas. Estava escrito lá, preto no branco, que se a experiência não obtivesse sucesso, a cobaia precisaria ser morta.

- Eu não acredito.

- Não obrigamos ninguém a nada.

- Droga.

- Sinto muito – disse Leon. – Não há maneira de você voltar ao normal sem te matarmos. Colocar o memórium é relativamente fácil, mas precisamos tirar uma pequena parte do seu cérebro, a qual ele substitui. Se tirarmos o memórium você provavelmente vai virar um vegetal ambulante.

- Eu não pedi por isso! Isso foi feito contra a minha vontade.

- Volto a reforçar a importância de sempre se ler o que assina, se você tivesse lido o contrato e decidido que não queria, teria ido embora e iria se esquecer de tudo, sua vida ia seguir normalmente – Leon se levantou na sua cadeira e chegou perto de Charlie, se apoiando sobre a mesa. – Sabe qual é o problema das pessoas? A ganancia, antigamente tínhamos que pegar as pessoas que ninguém se importava a força e fazer as experiências contra sua vontade. Hoje em dia lhe damos um bolo de notas de cem e está tudo certo.

- Eu não acredito que eu fui tão burro – disse Charlie.

- Qualquer um em sua posição faria o mesmo, acredite.

- Vou me esquecer de tudo quando sair daqui, né? – Perguntou Charlie, Leon estava perto o suficiente para que fosse tocado, como Sete havia dito.

- Charles, eu gosto de você – disse Leon. – E por gostar de você e ver o seu potencial que como gesto de boa fé, vou deixar você ir embora com as suas memórias – Leon se levantou e voltou para sua cadeira, Charlie havia perdido a oportunidade de toca-lo. – Veja bem, numero de identificação 1317... – ele apertou alguns botões do teclado. – Liberado.

- Liberado?

- Sim, vou deixar você sair daqui com todas suas memórias e tudo que sabe. Quero que entenda que o que vai fazer com suas memórias pode ter um incrível efeito no seu futuro. Quero dizer, tudo aqui é sigiloso e estou confiando em você que vai continuar desse jeito.

- Claro – disse Charlie, parecia uma escolha, porém no fundo ele sabia que não poderia opinar no que Leon dissesse que ele deveria fazer. – Quem são os sombras?

- Ah, a Sociedade das Sombras? Acho que você não precisa se preocupar com eles.

- Eles me prenderam e tentaram me matar.

As Pontes InvisíveisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora