Inércia

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Charles e Jennifer pegaram o metrô para casa, já estava no fim da tarde a temperatura diminuía rapidamente. Ele passou sua mão delicadamente pelo ombro de Jennifer e a abraçou junto a si. Ela fechou os olhos e ele ficou apenas observando seu sorriso, por causa do toque intermitente na pele dos dois, Jennifer podia praticamente ver o que ele estava vendo. Mesmo de olhos fechados podia ouvir o que ele pensava, que naquele momento era: Eu tenho sorte.

— Vai tudo ficar bem – disse Jennifer baixinho.

Espero. Pensou ele.

Ele passava o braço pelo pescoço de Jennifer e segurava sua mão com leveza, era possível sentir seu coração batendo tenuemente, sentia o sangue passar por entre seus dedos, era como uma música lenta no final de uma festa perto do amanhecer.

— Tem algumas coisas interessantes na sua cabeça.

— No momento a única coisa que tem na minha cabeça é você – disse Charles. Jennifer corou. – Literalmente, digo.

— Sinceramente já estou cansada. – ela se esticou no banco do metrô. – Foi um dia e tanto.

— Desde que você saiu do Vanilla, você está trabalhando onde?

— Promete não rir? – Ela mordeu o lábio inferior.

— Prometo.

— Estou escrevendo um livro – disse ela.

— Não acredito.

— Sabia que ia achar idiota.

— Não – Sorriu Charles – De maneira alguma, quisera eu conseguir escrever, meu pai gostava de escrever. Eu adoro todo tipo de arte, ela é pra mim uma maneira de ser ver livre do mundo, é a única coisa que realmente pertence a você. Veja bem, não importa o que você tiver na sua casa, depois que você morrer não vai mais pertencer a você, agora a sua arte, é eternamente sua e ninguém pode arrancar isso, a arte é imortal.

— Pensamento interessante, mas não acho que tenha tanto glamour assim na arte.

— Ah, tem sim – disse ele apertando seu abraço. – Você vai ver.

Continuaram abraçados até chegarem na estação que eles precisavam descer. Jennifer estava quase dormindo quando ele a chamou. Ela abriu os olhos confusa, olhava para ele de um jeito que lembrava um cachorro fazendo aquela carinha de coitado. Charles sorriu e a puxou pela mão, ela o seguiu sem proferir uma palavra. A estação estava cheia de pessoas vazias, uma multidão de pessoas sem rosto que os dois fizeram questão de ignorar. A luz prateada do teto iluminava suas cabeças e eles andavam desviando das outras pessoas que andavam naquele lugar, os dois subiram na escada rolante e esperaram do lado direito até chegar ao topo. Jennifer estava cansada e abraçou Charles, jogando seu peso e se apoiando nele, ele sorriu e ela permaneceu em silêncio. Ainda tiveram que andar mais dois quarteirões até a casa dele, que praticamente a carregou ela até o segundo andar e a deitou na cama. Jennifer estava adormecida e parecia um anjo a dormir.

— Boa noite – disse Charles, beijando sua testa.

Ele não estava com sono, de fato ainda era muito certo, cerca de oito da noite. Charles ligou seu computador e logo o plano de fundo com uma imagem das estrelas e do universo apareceu, ele observou as horas: 08:16pm. Clicou no ícone de internet. Na barra de pesquisa ele digitou "Sociedade do tempo", os resultados das pesquisas foram variados. O primeiro link era de um website chamado "Creepyhorror.ru" e o titulo dizia "Sociedade do tempo: A sociedade secreta mais perigosa que existe" O texto não muito grande do site falava do sanatório do tempo, que aparentemente foi o nome escolhido pelos fãs para falar da "Casa acolhedora Albert Hills para pessoas necessitadas". Eles falavam também que a sociedade do tempo era formada por pessoas poderosas que tinham prazer em torturar e matar pessoas, e que aquele sanatório funcionava como uma espécie de negocio, quem tivesse dinheiro suficiente pagava uma sala com um paciente e podia fazer o que quisesse, cortar, dobrar, matar. O site dizia e trazia vários questionamentos que Charles achou convincente.

As Pontes InvisíveisWhere stories live. Discover now