Nostalgia

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            O dia começou com o celular de Jennifer despertando, Charlie não comentou o assunto até ela dar lhe presentear com um beijo e ter acesso as suas novas memórias.

- Meu deus Charlie! – dizia ela apavorada. – Esse homem está nos seguindo, quem é ele?

A pergunta era retórica, ela sabia que nenhum dos dois poderiam saber quem aquele homem era, estava ficando cada vez mais comum ver ele por ai.

- Talvez ele não tenha nada a ver com isso tudo isso – disse Charles. – Talvez seja um ladrão.

- Nossa, estou bem mais aliviada – disse a irônica Jennifer.

- Não há motivos para ficar se preocupando tanto – disse Charlie por fim.

Os dois chamaram um taxi e foram para o endereço onde Charlie leu na internet que ficava as ruinas do sanatório do tempo. Segundo o fórum "thetimealysum.com" o sanatório ficava seguindo a rua Lavor por cerca de doze quilômetros, depois entravasse em uma pequena rua estreita e perdida pelo tempo, essa rua não tinha nome oficial, mas foi apelidada como a rua da morte. A rua era feita de vários tipos de pedras e tinha vegetação crescendo entre elas. Aliás era bem afastada da cidade e o que mais tinha era vegetação, eles chegaram até um muro avermelhado com inúmeras pichações, no centro da rua havia um enorme portão de ferro que havia pelo menos uns três metros, o portão abria do meio, havia duas partes porém uma não estava mais no lugar, havia desabado no chão.

- Obrigado – disse Charlie ao taxista. – Pode ficar com o troco.

Desceram do carro e enquanto o taxista manobrava eles já passavam por cima do portão de ferro caído. Estava enferrujado e vegetação já crescia entre ele, provavelmente estava assim a muito tempo. Depois do portão havia uma pequena rua de pedra que levava até o edifício no alto de uma colina não muito alta.

Quando Charlie viu o sanatório do tempo seu estomago se revirou, quando ele leu sobre as ruinas do sanatório, acreditou que tudo que sobrava era ruinas, mas aquele lugar parecia inteiro. Havia pichações por todos os cantos e nas janelas manchas pretas que provavelmente haviam sido feitas pelo fogo, mas de modo algum aquilo parecia uma ruina, somente uma mansão abandonada pelo tempo.

Os dois andavam pela pequena rua quase invisível por causa do mato sem dizer uma palavra. Jennifer pegou na mão de Charlie e viu seus pensamentos, ele não gostava daquele lugar, havia algo ruim ali e até ela sentia isso.

- Podemos ir embora – Disse ela. – Não temos necessidade de entrar.

- Eu preciso – disse ele.

No chão haviam latas de spray vazias e eles passaram por algo que provavelmente foi uma fogueira. No topo da colina a rua de pedra formava um circulo e havia um chafariz no meio, ou pelo menos o que restava do que já havia sido um. Seu interior estava seco e cheirava a urina e carniça, haviam pedaços de tecido e coisas pretas que era impossível de se definir. Não havia sinal das grandes portas duplas que davam acesso ao lugar, haviam sido arrancas e levadas sabe-se lá para onde.

- Vamos – disse Charlie, Jennifer concordou sem falar nada.

Ele deu o primeiro passo para dentro do edifício, o lugar que um dia foi um saguão tinha as paredes pretas por causa da sujeira e humidade, na de trás havia o símbolo da sociedade do tempo cravejado em pedra. Não havia sinais de nenhum móvel, só latas de cerveja jogadas ao chão e pedaços de madeira.

- Pode ser algum local pra uso de drogas – disse Jennifer. – Vamos ter cuidado

- Claro – os dois praticamente sussurravam, mesmo talvez sem ter motivo.

As Pontes InvisíveisWhere stories live. Discover now