Adrenalina

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Charlie saiu da Magma Tower carregando todas suas memórias consigo. Até o momento ainda não conseguia acreditar que aquilo tudo era real, e o pior - não tinha volta.
Tinha o endereço onde encontraria Sete no bolso, pensou por um minuto se realmente deveria vê-lo, afinal Leon Brown havia deixado bem claro que não seria tolerado nenhum tipo de associação com ele. Charlie logo deixou essa ideia de lado, afinal Sete havia salvo sua vida e a sociedade do tempo já quisera ele morto uma vez.

- Taxi - chamou Charlie. O carro preto parou e ele entrou, entregou o papel que Sete havia lhe lado com o endereço para o homem com aparência de indiano.

O carro já estava em movimento e Charlie não conseguia parar de pensar nas memórias de Leon. Haviam tantas coisas que ele não conseguia compreender, apesar de ter acesso a suas memórias, elas não acompanhavam raciocínio lógico nem manual de instruções. Charlie se perguntou por que alguém apagaria partes da própria memória, mas a resposta era óbvia, haviam segredos que ele deveria proteger a todo custo. Charlie entendia isso.

- É aqui - disse o taxista. Charlie pagou e desceu do carro, era um bairro escuro e a numeração da casa era na verdade um bar do subúrbio. Um cheiro de fumaça predominava no ar, a porta estava aberta e Charlie entrou. Ao fundo a música "Free Bird" tocava baixinho, conforme dava pequenos passos descobriu uma ou duas pessoas jogadas no chão, provavelmente inconscientes.

- Mas que merda é essa?

Charlie contou seis homens jogados no chão sem dar o mínimo sinal de vida, até que um se levantou do nada, dando um susto em Charlie.

- Meu deus - disse Sete sentado no chão. Sangue escorria pelo seu nariz.

- O que aconteceu aqui? - perguntou Charlie.

- Parece que você perdeu a festinha - disse Sete se levantando entre uma mesa e uma cadeira quebrada.

- Estão mortos? - perguntou Charlie.

- Não sei - agora ele estava de pé e começou andar até o balcão. - Não bato em um homem depois que ele já está no chão.

- Sério, o que aconteceu aqui? - Charlie estava sem palavras.

- Coisa rotineira - Sete serviu um copo de whisky e deu um gole. - Vamos? Meu carro está logo ali.

- Certo - Sete saiu andando na frente e Charlie o acompanhou.

- Como foi lá na sede deles? - perguntou Sete enquanto entrava em um beco ao lado do bar.

- Foi estranho, agora eu sei o que aconteceu, mas... - Charlie se perdeu nas palavras ao ver a imagem de um carro em chamas no beco. As labaredas atingiam cerca de dois metros de altura, os dois se entreolharam em seguida.

- Sabe - disse Sete. - Acabei de lembrar que meu carro está sem gasolina. Usaremos o seu. - Sete deu mais um gole no whisky que ainda carregava na mão.

- Eu não tenho carro - disse Charlie.

- Então vamos lhe arranjar um - Sete sorriu.

Os dois voltaram pra rua escura, quase não haviam carros ali. Sete estava sorridente embora Charlie não tivesse ideia do motivo, continuava a segui-lo, sentia em débito com ele.

- Olha ali - disse Sete. - Um conversível.

- Que carro é esse? Um Porshe?

- Tanto faz - Sete riu, atravessando a rua em direção ao conversível vermelho.

- Não Sete, não faz isso - antes que Charlie pudesse terminar de falar o Sete já estava dentro do carro. Puxou dois fios embaixo do volante e encostou eles duas vezes até o carro pegar.

As Pontes InvisíveisWhere stories live. Discover now