Se7e

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Muito antes de ser o misterioso Sete de sobretudo preto andando pelas ruas a noite e brigando com pessoas muito maiores que ele, ele era já havia sido apenas um garoto nascido e criado em Londres. Ethan teve a sua vida marcada por comédias e tragédias.

Ethan morava com a família na região de Brixton, em Londres. Ele tinha cerca de onze anos, seu pai era um advogado de sucesso e sua mãe, Monica Crow uma notável dona de casa, não que ela não pudesse trabalhar, mas o marido Ethan James Crow II – o qual ela chamava de James, ganhava muito dinheiro e ela não via necessidade nenhuma de trabalhar. Além disso Ethan tinha uma irmã mais nova chamada Erica Crow.

Ethan não tinha muito amigos, era o típico solitário da escola. Em casa, ficava o tempo todo em seu quarto, não costumava sorrir muito. Ethan se lembra até hoje daquela tarde de nevasca em que sua mãe atendeu o telefone.

- Olá? – disse ela. –Sim. Sou eu. Sim. O que tem ele? Como assim? Não. Não. Não pode ser. Não. Mentira. Adeus. NÃO LIGUE NOVAMENTE – ela gritava ao telefone.

Ethan James Crow II, pai de Sete, havia sofrido um acidente de carro devido a neve na pista, o carro que ele estava com dois clientes havia colidido com um caminhão em uma curva – sem sobreviventes. A mãe do pequeno Ethan não soube lidar com a perda do marido, o bar de bebidas da sala que antes era somente mais uma parte da decoração da casa transformou-se na mobília principal. Sua mãe começava a beber e só parava quando desmaiava em algum lugar da casa, geralmente levantava-se apenas para vomitar, outras vezes, vomitava onde estivesse mesmo. Ethan cuidava de Erica de apenas quatro anos enquanto sua mãe se matava aos poucos dia após dia.

Cerca de oito meses depois, quando Ethan já havia completado doze anos, um dia chegou em casa e encontrou Erica sozinha, Charlie soube na hora que sua mãe havia partido em uma viagem sem volta. A policia bateu na porta deles no dia seguinte, o corpo dela – ou uma parte. – Havia sido achado na linha do trem. Ela havia cometido suicídio.

Foi nessa época que Ethan foi separado de sua irmã, Erica. Ethan foi mandado para o orfanato Saint Mary, enquanto Erica foi adotada por um casal, ela jovem e loira, uma menina branca e perfeitamente normal, quem não a adotaria? Ethan já era mais velho, havia sido afetado diretamente pela perda dos pais e nunca mais seria o mesmo, nunca seria adotado.

Foi nesse mesmo orfanato, Saint Mary, que Ethan conheceu Marcus Croat. Ele era um ano mais velho e pelo menos duas vezes mais esperto, ele foi como um irmão mais velho para Ethan.

- Novo aqui, cabeludo? – foram as primeiras palavras de muitas que eles trocariam. – Vou te ensinar como viver a vida.

Marcus era do tipo que tinha lábia e mesmo com treze anos já saia se virar sozinho. Toda noite ele fugia do orfanato pela janela e saia na rua em busca de boas almas que ele pudesse tirar um trocado ou dois.

- Não sei cadê meu pai, pode me dar uma moeda pra eu pegar o ônibus? – dizia Marcus que nunca nem havia conhecido seu pai verdadeiro.

- Claro filho, tome aqui – dizia um homem de chapéu dando uma nota que Marcus usaria para comprar um hambúrguer bem grande, refrigerante e se sobrasse, alguns cigarros.

- Você tem que ser esperto, Ethan – disse Marcus. – Aliás, na rua não devemos usar nossos nomes verdadeiros, me chame de Bartolomeu – disse Marcus.

- Que nome idiota – disse Ethan. – Então me chame de Marty.

- Olha quem fala – os dois riram.

Marcus ensinou Ethan os melhores golpes para conseguir dinheiro de forma rápida e sem chamar atenção. Conforme foram envelhecendo os golpes foram se tornando mais arquitetados e pensados, quando Marcus fez dezoito anos e saiu do orfanato sumiu durante alguns meses. Ethan pensou que ele havia ido embora, que nunca mais o veria, mas quando chegou a sua vez de sair de lá, Marcus o esperava na porta, vestindo aquele longo sobretudo preto.

- Ganhou na loteria? – perguntouSete. – Andei trabalhando, se é que me entende. -Entendo – os dois riram. -Desculpe a ausência, amigo Marty – Marcus riu. – Ethan, Estive arrumando ascoisas para um novo tipo de golpe, e vai ser hoje. -Não tenho ideia do que seja, mas estamos juntos. Osdois seguiram até o cemitério, observaram de longe um funeral que acontecia aluz do dia, meia dúzia de pessoas se amontoavam e rezavam juntas. O dia estavafrio e as primeiras gotas de chuva começaram a cair, Marcus e Ethan seescondiam atrás de um mausoléu.

As Pontes InvisíveisWhere stories live. Discover now