Susto

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Charlie terminou sua leitura com um embrulho no estomago que não conseguia explicar, o relato acabou e o que sobrou foi a incerteza do que aconteceu com Richard Black depois desses acontecimentos. Qual seria o motivo para a Sociedade do Tempo fazer algo tão cruel com pessoas inocentes e como poderia existir tanta gente cruel. Ele queria se sentir mais cansado agora, porém parecia que não conseguiria dormir o resto da noite.

Seus pensamentos foram interrompidos com um enorme barulho vindo do corredor, Charlie se arrepiou. Pareceu que alguém havia batido com uma marreta na parede, ele se levantou devagar e andou na ponta dos pés até a porta. Deu uma olhada pelo olho magico – não havia nada. – Ele então destrancou a porta e a abriu devagar, ela fez um barulho agudo mais alto do que Charlie esperava. Assim que saiu pela porta encontrou uma mulher com o uniforme de camareira no chão encostada na parede, rapidamente ele tentou socorre-la, porém ela já estava se recuperando.

- O que aconteceu? – perguntou Charlie. A mulher não respondeu, apenas apontou para com o final do corredor com o dedo indicador. Charlie olhou bem a tempo de ver um homem vestindo com um sobretudo preto sumindo na curva que o corredor fazia.

Charlie deixou a mulher sozinha e saiu correndo na direção do homem. Estava decidido a não deixa-lo fugir dessa vez, o homem havia ido em direção as escadas e Charlie ia logo atrás. Charlie pode ver quando ele pulava de um corrimão para outro descendo rapidamente, era ágil, provavelmente jovem. Charlie perdeu um pouco mais de tempo nas escadas.

- Espera ai! – Gritava Charlie – O que você quer de mim?

O homem atravessou o saguão correndo enquanto a mulher da recepção dormia profundamente na cadeira acolchoada e Charlie passou alguns segundos depois. Ele passou pela porta que dava para rua e sentiu a chuva caindo em seu corpo nu, só agora olhou para baixo e percebeu que vestia apenas uma cueca samba-canção, o homem de preto seguia rapidamente pela calçada e Charlie mesmo descalço não diminuiu o passo.

            - Espera – Gritava Charlie – Eu quero respostas!

O homem não deu ouvidos, corria mais rápido que ele e estava se distanciando cada vez mais. Virou a direita em uma pequena viela, Charlie virou logo em seguida porém assim que virou a esquina encontrou a rua vazia. Ele parou de correr e precisou respirar fundo para recuperar o folego, não havia para onde ele ter ido, a não ser que ele tivesse escalado a parede feito o homem aranha. – Charlie olhou para o topo dos dois edifícios de três e quatro andares que formavam a viela.

- Como? – Perguntou a si mesmo.

Uma luz clarão tomou conta da sua visão, alguém apontava uma luz diretamente para sua face, o sargento Eric Locce baixou sua lanterna e arma.

- Oficial? – disse Charlie protegendo os olhos contra a luz.

- O que faz na rua uma hora dessas, vestido assim? – disse o policial com um forte sotaque.

- É que... – Charlie pensou na possibilidade do policial escolta-lo para delegacia, precisaria toca-lo. – Eu sou sonambulo, estou em um hotel aqui perto, obrigado por me acordar.

O policial não pareceu acreditar.

- Sorte sua que meu turno está acabando - Disse Eric. – Volte para o buraco de onde você saiu antes que eu mude de ideia, seu pervertido.

Charlie se pôs a andar na direção de seu hotel, estava ensopado e a chuva não parava de cair. Ele sentia que alguma coisa estava faltando, sua vida ultimamente tinha sido somente perguntas e nenhuma resposta.

- QUE MERDA! – Gritou Charlie sozinho na rua, no meio na madrugada chuvosa.

Charlie adentrou o saguão, a mulher que antes estava no chão agora se sentava junto a recepcionista e segurava um saco de gelo na cabeça.

- Pegou aquele desgraçado? – Perguntou a mulher ao ver Charlie.

            - Fugiu – disse ele. – Me diz, o que exatamente aconteceu?

- Bem – disse ela. – Eu estava só passando pelo corredor quando vi aquele homem de costas, percebi na hora que ele não estava hospedado aqui. Tinha visto vocês antes, então fui perguntar o que estava fazendo, ele me empurrou contra a parede e bati a cabeça. Ele se afastou e você saiu pela porta, então bem... Você já sabe.

- Já tinha visto ele antes? – Perguntou Charlie.

- Como vou saber? – Ela riu. – Ele usava uma meia calça na cabeça.

Charlie subiu as escadas, a agua escorria pelo seu corpo e pingava por todo o chão de carpete, sentia uma leve dor na perna direita, era um pouco sedentário e sempre que fazia algum esforço acabava dolorido. Ele andou no corredor até o quarto 217 e quando foi entrar no pela porta viu algo no chão, era um cartão de visitas, ele se abaixou e pegou.


"7"


O cartão preto continha unicamente o numero sete escrito na cor branca, Charlie tentou olhar o cartão a contra luz para achar alguma mensagem secreta, porém não havia nada, ele entrou pela porta, Jennifer ainda continuava dormindo como uma pedra – essa garota gostava mais de dormir do que um gato. – Ele guardou o cartão na mochila e se deitou na cama, quanto mais ele procurava, mais questões sem respostas encontrava.


As Pontes InvisíveisWhere stories live. Discover now