Capítulo 16

19.3K 1.5K 16
                                    

- Filha, filha, acorda. - Abro os olhos e vejo minha mãe, é como voltar aos meus 15 anos quando ela nos acordava pra ir ao colégio,

- Bom dia mãe - Ergo o corpo me sentando na cama e levando minhas mãos a cabeça - Juro que não bebo nunca mais, to com uma baita dor de cabeça.

- Você sempre diz isso - Ela sorri - trouxe um comprimido de Advil e um copo de suco, beba agora e vá se arrumar e nos encontre lá em baixo pra tomar café, esteja com uma aparência melhor porque senão já viu o sermão que seu pai dará.

- Okay, okay. - Digo obedecendo-a. Papai nunca gostou que saíssemos pra o que ele chama de farra, se ele me ver com essa cara de ressaca vai falar um monte.

Me levanto e vou e direção ao banheiro, tomo um banho rápido e faço minhas higiene matinais. Hoje o dia promete fazer muito calor então decido pôr um shorts de alfaiataria creme e uma camisa preta, calço meus sapatos pretos e faço uma make pesada pra esconder minha cara de ressaca, preciso convencer papai. Pego minhas coisas e desço me encontrando com todos a mesa do café.

- Bom dia família. - Dou um beijo em papai e me sento á mesa.

- Bom dia maninha. - Diz Kate.

- Bom dia Paloma, tem certeza que está em condições de trabalhar ? - Ele me dá aquele olhar mortífero e sei que estou ferrada.

- Melhor impossível papai. - Mentira. Essa dor de cabeça está me matando além do sono que estou sentindo.

- Já falei sobre vocês saírem no meio da semana e se esquecerem que tem trabalho no outro dia. - Ele resmunga.

- Ah pai, não fazemos isso sempre e ontem estávamos precisando. Sua sucessora está linda e bela aí pra ir trabalhar, não precisa resmungar. - Kate o responde.

- Kate, olha como fala com seu pai. - Mamãe a repreende e tenho vontade de rir. Minha irmã sempre foi mais rebelde que eu.

- Ok Kate, não digo mais nada. - Ele se emburra e volta a tomar seu café.

Termino meu café e aviso mamãe:

- Mãe, não sei se venho pra cá hoje. Mas amanhã prometo vir e passar o final de semana com vocês.

- Tabom meu amor, se cuida. - Dou um beijo nela e vou em direção a garagem.

Logo caio no tráfego de Nova York e chego na B&B. Ao entrar me deparo com a seguinte cena: Fernando e Mary conversando bem próximos e ela dando risadinhas, meu sangue ferve.

- Bom dia - cumprimento os dois num tom frio e sério - Mary, traga minha agenda por favor.

- Bom dia Paloma, posso ter cinco minutos do seu tempo? - O imbecil pergunta.

Droga, não posso ser indiferente com ele aqui na empresa, respiro fundo e digo:

- Tudo bem, pode me acompanhar. Mary, assim que o Fernando sair você pode entrar.

- Tabom Loma, você quer café? - Porque o fato dela ser solícita me irrita tanto neste momento?

- Não precisa, já tomei, obrigado. - E entro na minha sala.

Absorvo bem a vista de Nova York e me viro para encarar aqueles lindos olhos me fitando. Durante alguns minutos ficamos assim, apenas nos encarando.

- Diga Fernando, eu não tenho o dia todo. - Faço questão de ser rude.

- Meu Deus, você ta sempre de mal humor. Prefiro você quando está gozando, fica com uma cara muito melhor. - O filho da mãe faz questão de me irritar.

- Já acabou o discurso? Porque eu to de ressaca, com uma dor de cabeça infernal e muito trabalho pra fazer, se me der licença. - Eu aponto a porta.

Ele aciona o botão que faz os vidros escurecerem e dá a volta por trás da minha mesa, eu fico tensa. Ele solta o meu cabelo do rabo de cavalo que eu fiz e massageia minha cabeça, e não é que o negócio é bom?

- Relaxa, deixa eu cuidar de você. - Ele diz, e embora não devesse eu permito que ele continue porque parece que aquilo realmente está melhorando minha dor de cabeça. Sinto meu cabelo ser jogado pra um lado e logo depois lábios quentes encostam na minha nuca, o que me faz arrepiar.

- Fernando, nós não po....- Ele me interrompe e vira minha cadeira de frente pra ele, põe uma mão nos meus cabelos e com a outra segura meu rosto.

- Porque não admite que sente o mesmo que eu? É tão difícil assim? Eu sei a merda que fiz no passado, mas quero consertar. Não percebe isso que há entre nós? Minha vontade é arrancar sua roupa, te jogar em cima da mesa e me enterrar fundo em você. - Eu fecho os olhos imaginando a cena e me dá um calor absurdo, será que o ar está desligado?

- Eu tenho o Josh ou você esqueceu? Não posso largar tudo que vivi com ele pra ser mais uma das suas conquistas, isso não é certo, pra nenhum de nós. - Digo com sinceridade.

- Prefere o merdinha do que a mim Paloma? - Ele me solta e passa as mãos no cabelo.

- Não fale do Josh assim. É claro que sim Fernando, escolho ele. Temos química, sexo ardente e só. Não posso trocar um relacionamento sólido e estável pra virar uma foda casual.

- E quem disse que você seria só isso? - Ele põe as mãos no bolso e se vira pra janela, percebo que está irritado.

- Sabemos que é só isso. Você não se firma com mulher nenhuma, sempre foi um galinha irreverente, e no fundo sabe tão bem quanto eu que me quer na sua cama como um troféu, já que não aceita "Não" e nem perder. O melhor a fazer é ignorarmos isso e seguir em frente do jeito que estávamos antes.

- É isso mesmo que você quer? - Não, eu tenho vontade de gritar, mas não posso, tenho que proteger meu coração. Ele se vira pra mim e percebo um olhar estranho em seu rosto.

- É exatamente isso. - Digo firme.

- Ok. - Ele simplesmente se vira e sai sem dizer mais nada.

Fico olhando pra porta tentando entender o que acabou de acontecer aqui e sinceramente sinto um extremo desconforto, decido ignorar o que eu estou sentindo porque sei que tomei a decisão correta. O Fernando iria bagunçar o meu mundo e me desestabilizar, e quando saísse dele eu não ia conseguir por as coisas no lugar, foi melhor assim.

Acasos do AmorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora