Capítulo III

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 Ele se levantou rapidamente. Envergonhado olhava para os lados com medo que alguém estivesse rindo, pois, o barulho foi como se estivesse caído uma jaca madura no chão. Mas ao perceber que não havia ninguém, começou a rir.

Dark continuou correndo pela rua Alexandre Teixeira a caminho de casa. Quando dobrou a esquina se deparou com a rua deserta, só haviam alguns carros. As luzes dos vizinhos estavam acesas. Ele desceu a escada à esquerda e percebeu a porta entreaberta, mas a grade estava trancada.

Ele encostou e chamou o irmão. Joe levantou do sofá e lhe deu a chave. Após agradecer trancou a porta, pois era o último a entrar. Logo foi para o banho e depois tomou café na sala fazendo companhia ao irmão num filme.

O tempo foi passando...

A família Costello lutava pela sobrevivência. Megan estava cansada da rotina entre trabalho, colégio e igreja. Com muito sacrifício estava terminando o ensino médio para garantir um futuro melhor. Observava de perto o crescimento dos filhos, o que dava mais forças para lutar mais. Entretanto, Anthony não ajudava muito nas despesas, mas de vez em quando levava-os ao supermercado ou a praia de Inema, no bairro de São Tomé de Paripe, subúrbio ferroviário de Salvador. Dark se divertia alugando boias, pois não sabia nadar, enquanto Joe nadava feito peixe e sempre se perdia de vista entre os barcos que partiam em direção à Ilha de Maré. Mas eles sempre voltavam felizes, pois amavam o pai e nada no mundo poderia desfazer aquele elo.

O tempo foi passando...

Dark Costello estava sentado no sofá assistindo ao lado da avó. Ambos boquiabertos, porque o jornal local anunciava os desastres climáticos na cidade. Raios caíram sobre as árvores nos fundos dos prédios de Cajazeiras VII. Rumores de que até um surfista morreu atingido por um raio na praia de Itapuã. Eram as chuvas de outono que inundavam Salvador, vivendo os piores momentos com a estação.

Em Águas Claras chovia muito, era surreal, as árvores voaram sobre as ruas e foram arremessadas em direção ao céu de forma espiral. Casas foram destruídas, carros levados, escolas e telhados totalmente destruídos. Crateras se abriram em pistas, ruas e estradas. Era como se o mar estivesse trocado de lugar com o céu e desabado.

Dona Snow murmurou consigo mesma:

— Deus tenha misericórdia de nós.

Dark hesitou:

— Que Deus console as famílias e que as almas de todos descansem em paz.

Dona Snow levantou cabisbaixa e caminhou até à cozinha. Já era noite e precisava passar o café. Dark com os olhos voltados para a palmeira lembrou da horta que teve que deixar quando se mudou. Naquele momento decidiu ir todos os dias na casa do pai continuar plantando. Ele se levantou e caminhou até a janela, mas teve que conter a ansiedade, pois ainda era noite e não parava de chover.

Na janela elevou os olhos para o céu, eles brilhavam feito bolinhas de gude. No rosto desabrochou alegria e autoestima. Muito atento a qualquer movimento olhava para à esquerda, para à direita, mas não parava de chover e trovejar no céu de outono, tenebroso, com nuvens cinzentas.

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O CÓDIGO DA SABEDORIAWhere stories live. Discover now