181254141791

6.6K 110 10
                                    

  No corredor ele ouviu um comentário entre os alunos sobre um assunto secreto. Dark ficou curioso, queria saber o que estava acontecendo. Logo virou à esquerda, na entrada das escadas que davam acesso aos andares e avistou duas meninas sentadas no final. Distraídas conversavam entusiasmadas e deixaram escapar o misterioso assunto. Era sobre um campeonato de poema que estava prestes a acontecer na escola.

Na sala ele sentou silenciosamente, olhou em volta e percebeu que todos estavam lhe olhando. No seu rosto havia entusiasmo, certamente pelo campeonato que queria tanto participar, por isso não conseguia prestar atenção na aula e se surpreendeu quando a professora lhe direcionou uma pergunta:

— Dark? Não ouviu a pergunta que te fiz?

— Desculpa! Estava distraído pensando.

— Deixa pra lá! Vê se volta para o planeta terra.

Os alunos começaram a rir dele. Mas a risada coletiva não durou muito, pois Areny Müller hesitou:

— Silêncio! Se continuarem vou tirar 1 ponto de cada um. Tenho um comunicado para vocês. Como hoje não haverá merenda por falta d'água, a secretaria achou melhor liberá-los. Por tanto, a aula acabou. Vejo vocês amanhã!

De repente surgiu um grito coletivo cortando o silêncio:

— Oba!

Eles ficaram felizes com a notícia. Dark pegou o caderno e foi falar com Henry Solberg. Um menino branco, cabelos lisos, pretos e olhos escuros. Eles tinham a mesma idade e era seu único amigo na sala.

Após saírem juntos, partiram de volta numa conversa agradável sobre o campeonato. Eles caminhavam pela rua Orlando José Ribeiro alegres e satisfeitos.

Henry Solberg morava na rua Prof. Jaime de Sá Menezes, num prédio branco no final de linha de Cajazeiras VII. Quando chegaram na Av. Boiadeiro, se despediram e cada um seguiu o seu caminho.

Depois de virar à esquerda Dark caminhava novamente pela rua Santa Tereza. Ele corria com pulos de alegria, mas após ter virado à direita, na Av. Januário, se deparou com uma tremenda confusão. Ouvia- se barulho de tiros por todo canto, pessoas corriam e gritavam sem parar. Ele ficou paralisado e não sabia o que fazer com tamanho desespero. A sua primeira reação foi correr, correr e correr.

Dark corria em direção a Estrada do Matadouro e quando olhou para trás, viu muitas pessoas desesperadas se jogando no chão, atrás dos carros e dos postes, afim de se protegerem do tiroteio. Três crianças se jogaram no chão e saíram se arrastando até encontrarem um abrigo seguro debaixo de um caminhão parado no início. Sem nem mais pensar ou olhar para atrás ele virou à direita e partiu desesperado com o coração ao ponto de sair pela boca. Uma imensa vontade de chorar e gritar por socorro. Mas ele foi forte, mesmo com todas dificuldades de entender tudo ao redor e com a vulnerabilidade do risco de perder a vida continuou correndo. O seu corpo não estava preparado para tanta adrenalina, já que teve um dia muito corrido.

Correndo desesperadamente sentido início da Estrada do Matadouro, Dark começou a pedir proteção a Deus, pois queria chegar bem em casa para contar a história. Mas após ter corrido bastante, olhou para trás e percebeu estar fora de perigo. Ele agradeceu a Deus por ter lhe dado livramento e quando olhou para a frente, avistou a panificadora Águas Claras, onde sempre comprava pão.

A panificadora era a mais conhecida e ficava na Estrada do Matadouro após três estabelecimentos do lado direito, na entrada da rua Januário. O fundo dela ficava de frente para casa de Dona Snow.

Dark caminhava lentamente mais calmo, pois o grande susto já havia passado. Após uma breve corrida, ele estava em frente à rua Januário, então, desceu a ladeira e olhou para a rua Alexandre Teixeira à sua esquerda, para ver se via o pai por ali. Mas não havia sinal de Anthony e desceu o caminho XXIX.

Chegou em casa muito eufórico, com olhos esbugalhados, atônito, com a farda molhada de suor e as pernas bambas. Rapidamente caminhou até o sofá, mas após ter jogado o caderno em cima da mesa ele correu para à cozinha.

Na casa só estava Dona Snow, havia acabado de chegar da casa de Andryne e ao encontrá-la foi contando tudo. Mary Snow ficou boquiaberta, deu um abraço bem forte nele e ambos foram para a sala. Após sentarem no sofá, bebendo um copo d'água com açúcar pôde desabar com calma.

                             (Gostaram do Capítulo? Então... Votem e comentem!):D

O CÓDIGO DA SABEDORIAWhere stories live. Discover now