Capítulo VII

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  Dark Costello ficou estarrecido, cabisbaixo, confundido e muito envergonhado. Olhou nos olhos do pai e hesitou:

— Não meu pai!! Me perdoe!! Não me bate!! Eu falei isso porque o senhor deu um cavaquinho a Joe e não me deu nada. Por favor não me bate!! O senhor me perdoa?

Anthony ficou estarrecido com a expressão do filho. Ele chorava muito e não conseguia imaginar o que o pai faria naquele momento. Mas, tinha medo que acontecesse agressão física. Então, com os olhos cheios de lágrimas, Anthony olhou no fundo dos olhos do filho e respondeu:

— Mas, é claro que te perdoo meu filho!! Não precisa ficar assim assustado. Calma!! Eu não vou te fazer mal.

— Promete?

— Prometo!! Sente- se aqui no sofá. Eu preciso conversar com você, apesar de ter feito uma coisa muito feia que é mentir, não vou te magoar. Eu não sou esse monstro que está pensando.

Dark levantou a cabeça e direcionou um olhar triste para Joe. Anthony percebeu que ele estava aflito com a situação, então olhou para Joe e tirou a carteira do bolso da bermuda. Os olhos de Joe começaram a brilhar, sabia que naquele momento ia ganhar dinheiro e resolveria os seus problemas. Mas, Dark continuou ali paralisado, olhando pra frente com os olhos bem atentos. Anthony abriu a carteira lentamente e retirou uma nota de vinte reais. A nota estava ao lado de mais duas cédulas, uma de cinquenta e outra de vinte.

Anthony virou a cabeça para à esquerda e entregou o dinheiro a Joe, que rapidamente sorriu olhando para o irmão satisfeito com a atitude do pai. Dark com os braços cruzados, continuou ali de pé, apoiado na pia assistindo aquela cena.

Joe dobrou a cédula e guardou no bolso de trás da bermuda. Anthony olhou bem sério para ele querendo expulsa-lo dali. Então... Hesitou:

— Olha só. Vê se compra algo que preste viu? Saiba gastar esse dinheiro. Não vá gastá-lo todo no vídeo game porque eu vou saber. Se você gastar, não vou lhe dar mais 1 centavo. Compre algo que dure muito tempo e possa lhe distrair todos os dias. Enfim.. Compre algo interessante, que você possa fazer bom proveito. Agora vou precisar que nos deixe a sós, preciso ter uma conversa séria com o seu irmão.

— Tudo bem!! Pode deixar!! Tchau! Boa noite!! Benção ao meu pai.

— Tchau!!! Que Deus te abençoe meu filho!! Boa noite!! Vai com Deus!!

Joe Costello se levantou do sofá e virou à esquerda, subiu a pequena escada da frente em direção ao portão. Mas, quando chegou de frente ao portão, decidiu virar à esquerda e subir a rampa da laje.

Anthony olhou meigo para o filho que logo sentou-se ao seu lado esquerdo. Anthony olhou para o teto desconfiado, ouvia atentamente o barulho das pegadas em cima da laje. Dark continuou ali sentado, com a cabeça pra cima, também com os olhos voltados para o teto.

Anthony decidiu levantar, seguiu em direção a porta, pegou o facão atrás dela e seguiu resmungando em direção a laje. Ele subiu as escadas e quando chegou de frente ao portão, rapidamente lançou um olhar curioso para a laje. Logo se espantou quando se deparou com Joe conversando com Paul.

Paul Wislley era o filho mais velho de Alfred. Tinha olhos castanhos escuros, cabelos lisos e pretos, de pele bronzeada e aparentemente mais velho que Joe. Eles costumavam conversar sobre os super-heróis da televisão, discutiam fatos e conhecimentos voltados para o cavaquinho, pois Paul tocava o instrumento e fazia parte de um grupo de samba do bairro. Joe aparecia nos ensaios para aprender mais vendo Paul tocar e com isso não faltava assunto para aqueles amantes da música. Ao ver os meninos conversando em cima da laje, Anthony entusiasmado hesitou:

— Ué, achei que você estivesse ido para casa Joe. Boa noite Paul!! Tudo bem com você?

— Estou sim!!! Obrigado seu Anthony!! — Disse sorrindo na janela à direita.

— Não!!! Eu estou aqui perguntando a Paul onde posso comprar uma revista que ensine cavaquinho com umas notas mais avançadas. O senhor não disse que tenho que comprar algo que me traga benefícios ao invés de gastar todo no vídeo game? Pois então... Estou investindo no meu futuro como músico de sucesso. — Hesitou com um sorriso no rosto.

— É assim que se pensa meu filho. Eu tenho muito orgulho de você. Não se esqueça que apoio a sua carreira de músico. Agora deixa eu descer aqui, pois o boneco está lá embaixo me esperando. Tchau Paul!!! Dê lembranças ao seu pai.

— Pode deixar seu Anthony. Darei assim que ele sair do banho. Boa noite!!!

Anthony deu meia volta e desceu as escadas de volta para casa. Enquanto Joe e Paul conversavam e compartilhavam conhecimentos numa conversa construtiva e agradável.

Dark continuava inquieto na sala, balançando as pernas para lá e para cá. Logo ouviu o barulho das pegadas do pai, então rapidamente olhou para à esquerda e viu ele entrando.

Anthony Costello pôs o facão de volta atrás da porta e deixou escapulir um sorriso pelo canto da boca. Ele voltou a sentar ao lado do filho, pegou a carteira e retirou uma cédula de vinte reais. Dark olhava para pai estendendo a mão dando-lhe a nota. Ele ficou olhando para a carteira, paralisado na nota de cinquenta. Mas pegou a nota de vinte fazendo cara de quem não gostou. Ao perceber a insatisfação no rosto dele, Anthony olhou confuso e hesitou:

— Ué! Você não gostou do dinheiro que lhe dei? Aceite, pois precisará comprar alguma coisa importante que esteja precisando. Eu estava errado em lhe abordar daquela forma no ponto. Me equivoquei e peguei pesado com você. Esta nota será uma prova de que não fará mais o que fez, tudo bem? Mentir e enganar alguém é muito feio e vergonhoso. Você ainda é uma criança e ninguém gosta de criança mentirosa e ousada. Quer ter essa má fama por aí?

— Não meu pai!!

— Então trate de refletir no que fez e se trabalhar para ser um menino melhor, inteligente, que obedece ao pai e a mãe. Agora guarde esse dinheiro no bolso e vá para casa, vou colocar a comida da sua avó pra você levar.

— Tudo bem!! Me perdoe!! Isso não acontecerá mais. Obrigado por não ter me batido. Eu estava com medo do senhor me bater e por isso mentir.

Ele olhou no fundo dos olhos do filho e dirigiu-se até o fogão.

Anthony e Dona Snow eram de Varzedo. Um município da Bahia. Mary Snow nasceu e foi criada lá, mas quando chegou na fase adulta, partiu sozinha para Salvador, em busca de melhor qualidade de vida. A família de Anthony ainda vivia lá e por isso tinha muito respeito por ela.

— Pronto!! Agora corra e entregue nas mãos da sua avó. Depressa!! Antes que esfrie menino. — Disse esticando os braços, dando nas mãos dele.

— Tudo bem!! Obrigado!! Tchau meu pai!! Boa noite!!

Dark Costello levantou-se do sofá. Cabisbaixo levava a comida e não conseguiu disfarçar a insatisfação. Mas, quando deixou a casa e começou a subir as escadas, ouviu o grito do pai que o chamava. Ele respondeu, deu meia volta e seguiu pra ver o que ele queria. Assim que apareceu na porta, Anthony inquiriu:

                                                                         Continua... 

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