Céu de Primavera

3.3K 78 2
                                    

— Prainha? Não sabia que aqui tinha praia. — Hesitou rindo com a mão sobre a cabeça.

— Não!! A prainha é a parte esquerda da cruz. Onde fica a parte da fazenda. Na verdade não é um rio, porque não se encontra com o mar. É um tanque que pertence a fazenda, por isso o nome "Tanque do Coronel". As pessoas costumam tomar banho lá, porque tem muita areia e a pessoa vai do raso para o fundo com mais dificuldade. A maioria dos meninos que conheço da escola e daqui da rua já tomaram banho lá. Alguns deles atravessam o rio nadando até chegar no outro lado, onde fica a cerca que marca o território da fazenda.

— Nossa, Kurt!! Parece muito interessante!! Você já foi lá?

— Sim!! Fui pescar com o meu pai, o seu pai e o nosso tio George quando ele estava passando uns dias aqui em casa. Gostei muito!! Se eu pudesse iria todos os dias.

— Que incrível!!

— Filho? Cadê você? — Megan.

— A minha mãe está me chamando. Depois nós continuaremos essa conversa. Estou gostando muito desse lugar e já estou até pensando em visitar o meu pai todos os dias só para brincar lá. — Hesitou rindo enquanto deixava a laje em direção a garagem.

— Tudo bem!! Vai lá, primo!! — Disse sozinho.

  Dark voltou para dentro de casa. Estava surpreso e pensativo com as coisas que escutou Kurt dizer.

— Oi, mãe.

— Onde você estava? Tenho horas te procurando.

— Estava com Kurt na laje.

— Eu vou buscar o seu irmão amanhã. Até já liguei para Dona Jade Young, pedindo para que ele fosse arrumando a mala.

— Oba!! Estou com muita saudade de Joe.

— Que bom!! Fico feliz meu filho. Agora sim, nós começaremos uma vida nova juntos de novo. — Disse enquanto dava um forte abraço caloroso no filho.

  A noite estava ficando mais intensa. A chuva não parava de cair e nada de Anthony chegar. Com certeza àquela hora da noite ele já não estava mais procurando casa. Dark cansou de ficar esperando o pai para jantar, rapidamente se dirigiu até o banheiro para tomar banho. Depois de ter jantado, logo seguiu para laje, enquanto todos embaixo se preparavam para dormir.

  A noite estava muito fria, ele sentou perto do fogão de lenha e ficou se aquecendo observando o centro da cidade. Nada o faria mais feliz, sabendo que Deus estava fazendo as coisas darem certo novamente. Estava ansioso para ver a cara do irmão novamente, se ele tinha mudado alguma coisa, crescido mais ou se estava falando feito as pessoas da roça.

  Dark achava divertidas as variações linguísticas e Varzedo era o centro da sua atenção naquele momento, porque tinha muitos primos e familiares em geral por lá. Mas, quando viajava para passar as férias com Joe, voltava para Salvador com o mesmo sotaque soteropolitano e o mais curioso era que Joe não voltava falando normal, porque conseguia absorver a forma com que se falava na pequena cidade da zona rural.

  Dark se divertia com tudo isso, principalmente porque ele não conseguia falar igual as pessoas de lá e isso de alguma forma enriquecia o seu conhecimento e a admiração pela língua portuguesa.

  Anthony chegou depois do trem das 23:00 PM. Quando Dark escutou o barulho do portão da garagem se abrir, correu rapidamente para o térreo e ainda na escada avistou o pai entrando enquanto Tommy trancava o portão de volta. Ele se aproximou do pai para um abraço, mas quando se afastou, recebeu uma mão de balas de canela que tanto era apaixonado. Um pequeno detalhe que Anthony lembrou e que naquele momento fez toda diferença. Ele começou a distribuir os queimados para Kurt e Tommy, enquanto Dark se preparava para dormir.

O CÓDIGO DA SABEDORIANơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ