Céu de Outono

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  Todos dormiam tranquilamente com o barulho da chuva e da trovoada que não parava de insistir em apavorar os moradores do bairro. Mas, todos na casa de Dona Snow gostavam de dormir com o barulho da chuva, principalmente Dark, pois tinha dificuldades de dormir por causa das assombrações que achava que via todas as noites, mas só depois que passou a dormir com a mãe e o irmão começou a dormir tranquilamente. Ele criou coragem para enfrentar alguns obstáculos que a vida insisti em colocar na nossa frente.

Dark não se sentia totalmente protegido, porque o medo havia diminuído, mas não sanado totalmente. Era uma questão de tempo para entender que tudo o que estava acontecendo na sua vida era reproduzido através do medo que ele mesmo não permitia sair da cabeça. Naquela mesma noite não imaginava que começaria uma nova rotina de medo, mas desta vez, não era o medo do escuro e nem das coisas que achava que via nos cantos da casa. Os objetos e móveis que viam se mover no escuro não era nada perto do que aconteceria com aquele menino tão frágil e tão vulnerável.

Era por voltas das 2:00 AM quando de repente... Ouvia-se gritos... Muitos gritos... Na direção do quarto de Megan. Dona Snow acordou muito assustada. Apavorada desceu da cama, calçou a sandália "rosa" e seguiu correndo em direção ao quarto da filha para saber o que havia acontecido.

Após ter aberto a porta ficou chocada com a cena que viu. Se deparou com a filha abraçando o filho que chorava muito e não parava de soluçar. Joe estava sentado na frente da cama, com os olhos esbugalhados, apenas observando a cena. Um ar de mistério tomava conta do quarto. O seu semblante estava tomado de espanto e de muita curiosidade. Dona Snow, consternada, colocou as duas mãos sobre a cabeça e então hesitou:

— Oh, meu Deus!! O que aconteceu? Ele está passando mal? Se for, fala logo pra levá-lo para a emergência de Cajazeiras II.

Megan olhou bem sério para a mãe e com um olhar muito triste respondeu:

— Não mamãe!! Ele não está doente!! Não precisará chamar, porque ele já está se acalmando.

— Se ele não está passando mal, então porque gritou bem alto e acordou todos nós?

— Foi só um pesadelo!! Todos nós temos pesadelos. Eu mesma tinha muitos quando era criança lembra? A senhora sempre me dizia que logo iria passar e ficar tudo bem.

Dona Snow suspirou aliviada e fez uma cara de surpresa.

— Ufa! Que bom que não foi nada grave!! Fiquei preocupada com aquele grito. Me lembro que quando os seus irmãos eram pequenos tinham pesadelos também. Eu mesma tive vários e era o meu pai quem me acalmava. Dizia que era pra eu parar de ficar ouvindo muitas histórias de terror, senão acabaria tendo pesadelos à noite. Mas, com o que ele realmente teve pesadelo?

— Ele disse que foi com o desespero de um pai que teve o filho sequestrado. O homem pediu ajuda a ele para encontrar o filho, mas depois disse que era a mente dele. Ele não orou antes de dormir e agora está aí, assustado com esse pesadelo.

Dona Snow começou a gargalhar, era otimista e bem-humorada. Após olhar com deboche para o neto, hesitou com muita graça:

— Toma vergonha seu moleque medroso!! Tá parecendo um pombo assustado com tanto medo. Você é filhote de saruê pra ficar aí grudado na sua mãe? Levanta já daí e vai orar, pedi a Deus pra te dar uma boa noite de sono e te livrar desses terríveis pesadelos. Eu vou até à cozinha pegar um copo d'água com açúcar pra te ajudar a acalmar os nervos.

— Por favor mamãe, traz pra mim também. Sem açúcar, pois estou com sede. — Disse com o semblante despreocupado.

Joe estava cansado e sonolento. Tornou-se a deitar e em alguns segundos voltou a dormir.

O CÓDIGO DA SABEDORIAWhere stories live. Discover now