O CÓDIGO DA SABEDORIA

Capítulo XX

                    Segunda-feira, 5:00 AM.

  No final do ano de 2006 Cliff já havia terminado de fechar a porta do quarto. Ele rebocou as paredes, colocou uma porta de duas partes e pôs piso para a irmã e os sobrinhos se mudarem logo.

  Cliff Hudson foi o primeiro filho de Carl Hudson fora do casamento, portanto era irmão de Megan por parte de pai e morava no bairro da Mata Escura. Ele tinha 22 anos, pele bronzeada, 1,69 de altura, olhos castanhos claros, cabelos escuros e uma personalidade exemplar. Era um rapaz muito extrovertido, estudava música e tocava na igreja onde morava. 

  Na nova casa Megan estava saindo para ir trabalhar. Olhou para à cama e viu os filhos dormindo feito anjos. Ela colocou a corrente entre as duas partes da porta e rapidamente desceu a pequena escada de madeira feita por Anthony para dá acesso a porta da casa. Ela caminhou pelo quintal rente a parede e após subir a escada, abriu o portão e seguiu em direção a escadaria, pois sua rotina havia mudado, não morava mais na casa da mãe e estava se adaptando novamente ao itinerário.

  Logo após a mãe ter saído, era por volta das 6:00 AM quando Joe rapidamente levantou da cama, depois de ter tomado café e se arrumado, ele saiu em direção à Lapa, comprar um novo controle de vídeo game que adquiriu com ajuda do irmão. Ele pôs a corrente entre as duas partes da porta e colocou-as pra dentro, simulando estar trancada.

  Dark já estava com 13 anos e trabalhava na marcenaria no final de linha de Águas Claras. Estava conhecendo a delícia de trabalhar pra conquistar algumas coisas, no seu caso, passou a gastar mais no vídeo game, pois costumava passar horas jogando, porque ainda não estava totalmente curado do choque que levou ao não vê mais o Henry, que desapareceu da escola desde a última vez que o viu descendo a ladeira da rua do Boiadeiro.

  Na segunda-feira após a exposição do poema, Dark Costello foi para a escola muito feliz, estava muito ansioso para rever o amigo, mas assim que chegou na sala de aula foi bombardeado com perguntas dos outros alunos sobre o sumiço de Henry. Ele ficou sem reação e chegou até a dizer que achou que ele estivesse assistindo aula, mas uma aluna falou que a última vez que ele apareceu na sala foi no resultado do campeonato, depois disso ninguém nunca mais o viu.

  Dark não conseguiu estudar naquele dia. Estava triste e todos os alunos, inclusive a professora Areny sentiu essa tristeza nele. Depois da sirene, não pensou em outra coisa a não ser ir até à casa do amigo para obter alguma informação. Ele correu desesperadamente pela rua Orlando José Ribeiro, depois virou à esquerda e desceu a ladeira da rua do Boiadeiro direto.

  Após a rua Prof. Jayme Menezes de Sá, Dark estava sem ar, mas ele não desistiu, quando chegou no prédio (Bloco 19), olhou para à janela do 2° andar e começou a bater palmas e chamar o nome do amigo. Uma senhora apareceu dizendo ser a avó dele e falou que Henry já estava no Rio de Janeiro e infelizmente não teria previsão de volta.

  Dark voltou para casa com a metade do seu coração. Estava muito triste e chorava pelas ruas enquanto ainda voltava. A tristeza tomou conta do seu corpo e o seu coração passou a carregá-la por um período longo, sem data e sem previsão para ao menos amenizar.

  Na cama ele agonizava para lá e pra cá, estava tendo mais um dos seus pesadelos que voltaram à tona depois da partida do amigo. No seu pesadelo avistava um pasto vasto de árvores e matos, flores de diversas cores pairavam pelo campo. Ele se via livre, correndo entre as árvores frutíferas à sua volta, parecia estar feliz e nada poderia detê-lo. Mas, algo parecia se mexer atrás da árvore à sua frente. Dark parou e ficou observando a árvore, desconfiado que realmente estivesse visto alguém correr e se esconder ali atrás. De repente, um menino saiu de trás da árvore e caminhou em sua direção. Ele foi se aproximando, se aproximando e Dark parecia ter certeza que já havia visto aquele rosto em algum lugar. Nada estava bem, sentia o corpo paralisado, como se estivesse enfeitiçado a ficar parado vendo aquele menino se aproximando cada vez mais.