Céu de Inverno

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  No edifício Vale de Ondina Megan entrou no elevador e pediu o térreo. Depois virou-se de costas para o espelho, começou a alisar o cabelo e sorrir pra ver o reflexo da sua felicidade. No térreo, ela deixou o elevador e seguiu direto para a portaria, acenou um breve adeus para o porteiro e desceu os 10 degraus em direção ao portão. Ao sair, virou-se para à direita e partiu para o ponto pela rua Prof. Sabino Silva, em direção a Av. Centenário.

  A noite caiu rapidamente. O céu estava estrelado e não havia sinal de nuvens carregadas, mas o vento continuava frio e dentro do ônibus o ar-condicionado incomodava alguns alunos.

  Na rua Celika Nogueira o ônibus subia com aqueles felizes passageiros abordo. Areny alisava a cabeça de Dark que demonstrava entediado sentado, bastou-se uma olhada pela janela pra reconhecer que estava próximo de casa.

  Megan estava desconfortável naquele ônibus lotado, mas não parecia que estava ali, pois estava lendo um novo romance, viajando no mundo confortável das palavras. Mas sempre que podia olhava pela janela pra se situar.

  Dark chegou em casa, rapidamente caminhou até o quarto e tirou os sapatos, nem trocou de roupa e ainda com os pés descalços saiu, pois estava ansioso para contar as novidades aos colegas, afinal, todos viram quando desceu do ônibus.

  Assim que chegou perto dos colegas de frente ao telefone público foi contando o que havia acontecido, sem esquecer de cada detalhe memorizado. Mas a conversa não demorou, pois no início da rua surgia Megan. Ela estava com os cabelos lisos, soltos e ao descer com aquele lindo vestido amarelo e um salto não muito alto, chamou a atenção de todos que a via passar com um andar ousado. No seu rosto transparecia uma mulher realizada, por causa do brilho dos seus olhos e seu semblante.

  Ao ver a mãe descendo, ele deixou de lado a conversa e rapidamente correu ao encontro dela. Mas ao se aproximar deu-lhe um forte abraço apertado e disse que o teatro era muito lindo, do jeito que sempre sonhou em conhecer, mas que estava decepcionado porque não foi chamado até o palco para recitar o seu poema e muito menos falaram o seu nome na plateia. Não apareceu na televisão e nem foi apresentado ao público o vencedor do campeonato como havia pensado.

  Megan riu com entusiasmo, disse que queria saber de todos os detalhes, mas que naquele momento tinha uma novidade que iria transformar as suas vidas. Dark ficou paralisado e ao mesmo tempo feliz, apesar de algumas coisas não saírem como planejadas, a vida estava proporcionando momentos de felicidade, mesmo com algumas dificuldades que já havia se acostumado a ver e ficar calado. Mas com certeza se Megan estivesse sorrindo, isso já estaria de bom tamanho.

  Ao virar para à esquerda, Megan desceu e conduziu o filho para dentro. Ela colocou as duas sacolas no sofá e se dirigiu até à cozinha para contar a novidade a mãe. Dark continuou na sala.

  Logo sentia-se o cheiro fresco de café que a Dona Snow acabava de passar.

  Megan chamou a mãe para sentar na mesa, pois tinha muita coisa para pôr em dia, principalmente a decisão judicial que estabelecia a divisão ou a venda da casa. Dona Snow ficou curiosa e rapidamente foi conduzida até a sala. Elas se sentarem e Megan começou a contar a tal novidade.

  Dona Snow ficou boquiaberta com uma expressão perplexa, apesar das brigas de Damon para com os netos, não queria que eles fossem embora. Mas ficou feliz em saber que iriam começar uma nova história, uma nova vida e, aquele importante avanço.

  Dark Costello ouvia toda conversa na sala, ficou confuso, pasmo, boquiaberto e o seu coração começou a acelerar descontroladamente. O frio na barriga veio à tona e fazia a sua carne estremecer, já que ainda tinha muito medo que os pais brigassem novamente. A cena de violência vinha nitidamente na sua cabeça, como nos filmes, invadindo e interrompendo os seus pensamentos.

  Dark balançou a cabeça para os lados com muita força, colocou as mãos sobre os ouvidos e correu para o banheiro, pois não queria ouvir mais nada. Não queria pensar nas cenas que presenciou durante o casamento conturbado dos seus pais.

  Quando se trancou no banheiro, era impossível não se lembrar de nada, ele ainda não tinha o controle total dos pensamentos, mesmo sabendo que estava próximo de sofrer mais um colapso, já que estava com o sistema nervoso abalado e o seu coração parecia se recusar a bater no próximo minuto.

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