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 — Como assim? Não estou entendendo!!

— A parte que Megan morava, foi ela que desabou. A de Anthony continua intacta, como se alguém estivesse serrado a casa no meio.

— Nossa!! Isso é quase inacreditável.

— Parece que Alfred estava adivinhando. Essa casa foi feita praticamente às pressas e ainda começaram a armazenar materiais de construção em cima da laje. A primeira coisa que pensei quando vi foi se chovesse, a areia, a brita e o arenoso iriam encharcar de água e acabar pesando sobre a laje que com todo o peso, não iria resistir.

— Eu estou chocada!! Se eles estivessem morando aí ainda, a essa hora todos estariam mortos. Eu agradeço muito a sua ligação Kyra. Muito obrigado mesmo!!

— Não há de quê!! Disponha querida!! Eu só fiz a minha obrigação de vizinha avisando a família. Diz a Megan que estou torcendo para que tudo dê certo na vida dela.

— Pode deixar!! Darei o recado!! Agora vou ter que desligar, preciso fazer uma ligação para Megan contando tudo que aconteceu. Boa noite!!

— Tchau!! Boa noite Kendra!!

  Fim da ligação!!

   Dark Costello estava na ponta da laje. O seu corpo estava trêmulo, com os olhos esbugalhados e muito ofegante. As lágrimas molhavam o seu pequeno coração puro. Tentava se perguntar por que as piores coisas estavam acontecendo com a sua família. Mas, por outro lado, ele estava feliz.

  Olhando para o céu ele agradecia a Deus por todos estarem vivos. Por ter livrado a sua família de uma possível morte precoce e dolorida. Ele balançou a cabeça para todos os lados, ainda não estava acreditando no que havia de fato acontecido. "Agora eu tenho certeza que a minha mãe vai acreditar em mim." — Pensava com as duas mãos sobre a cabeça.

  O barulho de pegadas se aproximava. Alguém estava subindo a escada da laje. Ouvia-se o barulho da grade abrir e fechar. As pegadas continuavam se aproximando atrás das suas costas. Dark virou o rosto lentamente para ver quem estava chegando. Era Hanks, estava abatido ao ver o rosto do sobrinho tomado por lágrimas e sofrimento. Ele se aproximou lentamente, deu um forte abraço no sobrinho e hesitou:

— Não fique triste!! Algumas coisas na vida vem para que aconteça outras melhores lá na frente. Você só tem que agradecer a Deus por estar vivo e ter a certeza que verá a sua mãe e o seu irmão de novo.

— Você tem razão meu tio. Mas, algo dentro de mim diz que não estou triste. Essas lágrimas que o senhor está vendo, são apenas a melhor forma de desabafar. Tudo que estava preso e acumulado dentro de mim parece que está saindo e, por mais que eu saiba que estamos vivos, infelizmente não estou conseguindo sorrir.

— Eu te entendo!! Sabia que já passei por isso?

— Não!! A sua casa já desabou?

— Não foi isso. Quando eu tinha 17 anos e sair de Varzedo para encontrar a minha mãe em Salvador. Eu tentava imaginar novamente o rosto dela, o sorriso, ficava pensando em mil e uma coisa antes do nosso reencontro. Depois que nos reencontramos, eu não parava de chorar. Era um dos dias mais felizes da minha vida e mesmo assim mantive uma aparência triste, mergulhado em profundas lágrimas. Eu estava feliz, mas o acúmulo de emoções dentro de mim fazia com que eu ficasse refém da tristeza, que lá no fundo não existia.

— Nossa!! Que barra!! Deve ter sido muito difícil pra você lhe dá com todas aquelas emoções sozinho. — E como foi. Mas, sabe Dark, eu não reclamo da vida. Acredito que tudo que passei me fez ser este homem forte que está aqui bem na sua frente. Tenho certeza que no futuro você também será e lembrará dessa nossa conversa.

O CÓDIGO DA SABEDORIAWhere stories live. Discover now