CAPÍTULO 10

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     Eu quase choro de alívio ao entrar pela porta dos fundos e não cruzar com ninguém enquanto corro até as escadas e subo para o meu quarto. Seria um pouco difícil de explicar o porquê de eu estar com as minhas roupas rasgadas e exalando o cheiro de um desconhecido. Os feromônios impregnados em mim são tão densos e fortes que é como se eu fosse um farol numa noite escura. E o pior que o cheiro é absurdamente bom.

     Tranco a porta do quarto atrás de mim e sento no chão, sem saber o que fazer. Consigo sentir na minha mente a presença do alfa, os seus sentimentos e até saber se ele está longe ou não daqui. É uma sensação um pouco estranha, mas não é incômoda. Na verdade é como se ela sempre estivesse aqui, e eu só precisasse me habituar a ela.

      Eu puxo a minha mochila para mim e abro um dos pequenos bolsos da parte de trás, tirando lá de dentro um frasco branco com meus inibidores de cio. Pego três comprimidos e os engulo no seco mesmo, sequer me importando com o incômodo na minha garganta, quando os três descem arranhando pelo meu esôfago.

      Sei que é arriscado tomar tudo isso de uma vez, mas eu não posso me dar ao luxo de ter um cio que dure mais do que um dia no máximo (geralmente eles duram até semanas!!), E não estou à fim de usar um vibrador agora ou correr para os braços de um alfa selvagem para repetir o que fizemos pouco tempo atrás. Os supressores também vão me ajudar com o cheiro dos feromônios, além de previnir uma gravidez.

      Puta merda. Ele gozou dentro de mim e me deu um nó!! durante a porra do meu cio!! Quais são as chances de eu me foder mais do que já estou fodido?!

      Parte de mim quer abrir esse frasco novamente e tomar mais uns vinte comprimidos desses só para garantir, mas já estou com um pouco de medo de ter tomado três de uma vez, quanto mais tomar mais um depois disso. Esses negócios podem causar inúmeros efeitos adversos, e eu soquei três direto na minha garganta sem sequer pensar direito.

    — Deus... — Solto uma risadinha triste e abraço os meus joelhos, tentando respirar de forma compassada e não entrar num colapso nervoso, o que não já adiantando muito, porque minha pulsação está nas alturas e minha cabeça está latejando sem parar.

      Me dou conta de que o meu lobisomem selvagem provavelmente sabe como estou me sentindo, porque uma série de pensamento confusos e preocupados adentram na minha mente, e esses com certeza não são meus.

     — Eu tô bem, bobão. — Respondo em voz alta, sem saber como enviar isso através de pensamentos para o outro lado do vínculo. Acho que só consigo enviar coisas que estou sentindo, certo? Não é como se fosse um telefone sem fio, por onde podemos conversar besteiras.

     Respiro fundo e tento me concentrar em qualquer outra coisa que não seja a onda de pânico que ameaça tomar conta de mim.

     — Eu tô bem, sério. — Rosno, ainda sentindo os pensamentos preocupados dele. Acho que se aquele lobo idiota invadir a minha casa para ver como eu estou e tomar um tiro de Francisco por causa disso, eu mesmo vou me encarregar de mata-lo com as minhas próprias mãos antes disso.

     Levanto do chão e decido tomar um banho para tirar toda essa sujeira de mim e vestir uma roupa limpinha e que não esteja aos fagalhos. Além disso, ainda estou sentindo a porra dele deslizando entre as minhas nádegas, e só de pensar nisso as minhas bochechas coram absurdamente.

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     De madrugada, eu acordo sobressaltado, sentindo um suor frio escorrer pela minha pele e uma sensação de vazio na minha mente. Ainda estou me sentindo meio deprimido e estranho, mas a sensação esquisita que estou sentindo não vem de mim.

     — Você tá bem?? — Pergunto em voz alta, sentindo o vazio estranho através do laço, que ainda está intacto. Consigo senti-lo, mas não é como antes. A sua presença reconfortante na minha mente sumiu quase que por completo, e é como se ele tivesse à centenas de quilômetros de distância.

     Será que aconteceu alguma coisa com ele? Será que ele tá machucado?

      Sequer percebo quando corro para fora do quarto, ainda descalço e não vestindo mais do que um velho pijama surrado e desbotado. A casa está escura e gélida, mas não ligo pra isso enquanto corro em direção à porta da varanda, descendo as escadas de dois em dois degraus por vez.

      A noite está completamente escura e absurdamente fria aqui fora, e nuvens cobrem qualquer vestígio da luz da lua e o brilho das estrelas, tornando do céu um paredão escuro e imponente. Eu corro em direção as árvores movido por uma vontade absurda de encontrar o meu lobo novamente, usando a minha visão levemente melhor para conseguir correr entre as árvores enormes e assustadoras.

     — Ei!! — Grito para o nada, olhando ao redor e tentando ver um par de olhos avermelhados me encarando do escuro, como sempre acontece quando nos encontramos para dormirmos juntos de madrugada. Eu quero que ele apareça entre as árvores, mas sei pelo sentimento de distância presente na minha mente que ele não está mais aqui.

     — ONDE VOCÊ TÁ CARALHO?! — Rosno, começando a correr pela floresta às cegas, tentando lembrar de para qual direção fica a sua caverna. Se aquele desgraçado acha que pode dá no pé depois de ter me fodido daquele forma, ele vai ver só.

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A MARCA DO LOBO (COMPLETO)Where stories live. Discover now