CAPÍTULO 15

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NAVEEN
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    Até que não foi tão ruim trabalhar algumas horas durante a noite, e o melhor: não precisei esperar até o fim do mês para receber a graninha extra, já que as horas extras são pagas de fora à parte. O pequeno peso das notas no meu bolso traseiro era reconfortante pra caramba enquanto caminhava de volta para casa, pouco mais de 2:00 da madrugada. O problema é que eu teria que voltar para o hotel 8:00 horas da manhã seguinte.

     Chego no meu apartamento morto de cansado, e a primeira coisa que faço é dar um pulinho no quarto de Baz, encontrando-o estatelado na pequena cama em formato de carro, com os braços e as pernas abertas, vestindo nada mais do que um pijama fofinho.

     Eu me Inclino sobre ele e dou um beijo no seu cabelo brilhante e macio, fazendo-o grunhir baixinho e rolar para o lado. Preciso me concentrar para não rir da sua cara engraçada, antes de dá meia volta e sair do seu quarto, encostando a porta bem devagarinho para não fazer barulho.

     Vou para o meu quarto na ponta dos dedos e começo a tirar o meu uniforme do trabalho, antes de ir tomar um banho longo e quente, para então cair na cama e dormir até às 7:00 da manhã, para então fazer o café da manhã e arrumar o meu filhote para ir para a creche.

    Lanço um último olhar para a pilha de roupas sujas do lado da cama, mas resolvo lava-las outra hora, agradecendo internamente por ter outros dois pares de roupas idênticas a essas.

🔸🌔🌕🌖🔸

     — Bom... Qual vai ser a minha função hoje? — Pergunto para o supervisor assim que chego no hotel, entrando pela porta dos funcionários (que fica na parte de trás do prédio), tentando conter o bocejo de cansaço que ameaça escapar do fundo da minha garganta.

     — Hoje você vai ser garçom, Naveen. Vai ter um pequeno baile à tarde. — Ele explica, sem olhar para mim, enquanto organiza e assina alguns papéis.

    — Garçom? Mas senhor... Eu nunca fui garçom antes. — Engulo em seco, sem conseguir entender o porquê disso agora.

      Antes, quando eu me candidatei para uma vaga de emprego aqui, eles disseram que eu teria que trabalhar exclusivamente na recepção, mas assim que fui contratado, percebi que o trabalho aqui não é uma coisa bem fixa. Todo mundo aqui praticamente trabalha em todas as funções, dependendo da situação. Eu já fui faxineiro, recepcionista e até ajudei na cozinha quando mandaram. Mas não posso reclamar de absurdamente nada, até porque eles foram super compreensivos e me liberaram durante uns meses, por causa da gravidez.

     — Não é tão difícil, você só precisa ficar andando pelo salão e oferecer bebida sempre que ver alguém com uma taça vazia. — ele me dispensa com um gesto de mão.

     — Certo.

     — Ah, Naveen. Você precisa usar isso aqui. — ele me para assim que eu estou caminhando em direção à porta do escritório, estendendo uma gravata borboleta preta para mim.

    — Okay, senhor. Obrigado. — pego a gravata da sua mão e aceno levemente com a cabeça, antes de seguir meu caminho em direção à saída.

      Uma das partes mais sombrias de trabalhar em um hotel de luxo, é saber que a ala dos funcionários não é tudo luxuosa assim e sequer oferece o mínimo de conforto a eles. Os corredores são estreitos e um tanto claustrofóbicos, assim como as salinhas de descanso, mas com o tempo a gente se acostuma.

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      Okay. Equilibrar uma dezena de taças em cima de uma bandeja de prata é mais difícil do que parece, principalmente porquê tenho que usar apenas uma das mãos e manter a outra atrás das costas, com o cotovelo dobrado, mas pelo menos passei as primeiras horas do meu turno ajudando a levar o bifê para o salão onde o suposto baile aconteceria, e não servindo as pessoas.

      A gravata borboleta está me sufocando um pouco, mas ela combina com o resto do meu uniforme (camisa social branca e calça preta).

     É um pouco engraçado saber que uma festa de adultos vai se passar pela tarde, mas provavelmente é coisa de gente rica mesmo. O meu irmão frequentava esses bailes praticamente todos os dias, e foi justamente num desses que ele conheceu o seu marido.

     E por falar em Calvin, preciso ir visita-lo assim que tiver uns dias de folga no trabalho, porque ele é apegado pra caramba à Baz, e foi quem me ajudou durante os nove difíceis meses até que eu tivesse o meu diabinho loiro.

      Quando os convidados começam à chegar, eu e os outros garçons começamos à andar pelo enorme salão iluminado e decorado num estilo clássico. A maioria das pessoas está vestindo ternos caros e vestidos chiques, e como sempre acontece, boa parte deles são ômegas procurando por casamento.

     Sempre achei tudo nesses bailes muito estranho. É como se os ômegas estivessem se vendendo, expostos no salão enquanto esperam o alfa que tem mais grana (e que pode dar o maior "lance" pela paixão incondicional de um doce e submisso ômega). Há vários Betas também, e esses olham para os ômegas quase da mesma forma como os alfas fazem.

     Avisto uma ômega com uma taça vazia do outro lado do salão, então começo a caminhar para lá, pois nenhum dos outros garçons parece tê-la visto ainda. Preciso me concentrar para não agarrar a bandeja com as duas mãos e não revirar aos olhos para a música clássica e estranha que está tocando, que deveria ser considerada um crime auditivo de tão ruim.

    — Com licença. — uma voz me para, no exato instante em que um cara grande se materializa ao meu lado, me fazendo quase derrubar a bandeja com as bebidas. Olho para o lado e dou de cara com o mesmo alfa loiro e alto de ontem a noite, vestindo um terno preto e feito sob medida.

    — Ah, você. — Abro um sorriso calculado e tento soar simpático. Estendendo a bandeja discretamente na sua direção.

     Ele pega uma das taças, embora continue com os olhos claros fixos nos meus. São de um azul familiar, mas esse pensamento é meio bobo, até porque olhos azuis é o que não faltam por aí.

     Ele tem um cabelo loiro e curto, maçãs do rosto altas e lábios rosados um pouco apertados, como se tivesse sempre fazendo um biquinho desafiador. O ar à nossa volta fica um pouco denso, me fazendo saber que ele está exalando um pouco de feromônios, então respiro pela boca para não senti-los.

     — Naveen, certo?

     — Sim. — Fico um pouco surpreso por ele ainda lembrar o meu nome, dando um passo para trás para abrir um pouco de distância entre nós, não que isso adiante alguma coisa. Esse homem é um alfa, e pelas suas roupas, o quarto do hotel super caro e o nome requintado, ele é podre de rico, e esse tipo é o mais perigoso.

     — Além de recepcionista, você também é garçom? — Pergunta, um tanto curioso, tomando um gole na taça.

     — Sou sim. — Reviro os olhos e preciso conter uma resposta afiada. Aqui eu sou praticamente tudo.

     O alfa revira os olhos e abre a boca para dizer alguma coisa, mas seus olhos focam em alguma coisa atrás de mim, então ele desiste de falar automaticamente. Eu olho por cima do ombro e encaro o que chamou a sua atenção. Ou melhor: quem.

     Um ômega baixinho com o cabelo preto e encaracolado, que possui um olhar um tanto debochado, típico de alguém rico e que sabe muito bem tirar proveito do seu status.

     Bom... Acho que estou atrapalhando algo aqui. Respiro fundo e saio discretamente, para então servir o resto dos convidados.

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A MARCA DO LOBO (COMPLETO)Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt