CAPÍTULO 17

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NAVEEN
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    Já estava bem mais tarde do que o normal quando saí do trabalho e fui buscar Baz na escola, e isso faz eu me sentir culpado pra caramba com isso. Mal tenho tempo pra ficar com o meu pequeno, mas sem trabalhar, as coisas podem ficar ainda piores para a gente, e eu nem terei como pagar a creche em que ele fica (há algumas públicas, mas não ficam próximas do meu apartamento, e como não tenho carro, fica um pouco complicado).

     Quando chegamos em casa, eu coloco a mochila do meu bebê em cima do sofá da sala e o levo até o banheiro para lhe dá um bom banho.

    — Hoje vamos ao shopping. — Explico, vendo os olhinhos dele se iluminarem instantaneamente.

     — Sério?! — Ele exclama, completamente encantado enquanto eu retiro a sua camisa e a calça fofinha que ele está vestindo. Depois, coloco ele dentro da banheira e ligo a torneira, observando-o jogar água para todos os lados e me molhar no processo, não que eu me importe com isso.

     — E adivinha o que vamos comprar? — me ajoelho no chão ao lado da banheira e encaro o meu diabinho fofo, que está alegre como sempre e com energia de sobra.

    — Sorvete!? — Baz exclama, me fazendo rir da sua cara engraçada. Ele fecha os olhos enquanto eu passo shampoo no seu cabelo, que sequer escurece com a umidade de tão claro que é.

     — Também, mas vou comprar outra coisa que sei que você quer muito. — Explico, sentindo o meu coração praticamente explodir com o quanto eu amo esse diabinho lindo.

      — Dois sorvetes?

     — Você não pode tomar tanto sorvete de uma vez, bebê. Quando chegarmos lá você vai ver. — Explico, massageando o seu cabelo macio, enquanto ele continua jogando água para todos os lados. Baz se contenta com pouco, e não fica zangado caso eu não tenha dinheiro pra comprar alguma coisa pra ele, como brinquedos novos. Isso me deixa um pouco triste, porque queria dar o mundo inteirinho pra esse alfazinho.

     Passo os minutos seguintes terminando de dar banho nele, antes de enrola-lo numa toalha felpuda e pedir pra ele tirar a cueca molhada por baixo dela. Pego-o no colo e o levo para o seu quarto, enquanto ele me conta como foi sua aula e brinca com as mechas do meu cabelo de forma tranquila e calma.

     O quarto de Baz é pequeno, mas bem organizado, com duas prateleiras repletas de brinquedos ao lado da cama (ele é cuidadoso pra caramba com todos eles, e tem cada um dos brinquedos que tinha quando era neném praticamente intactos).

     — Eu consigo sozinho, papai. Já sou um homen. — Baz diz, completamente orgulhoso, quando eu tento enfiar suas pernas dentro da cueca Boxer.

     — Você só tem três anos. — Reviro os olhos, sem conseguir conter o sorriso. Não faço ideia de onde ele herdou esses traços convencidos. De mim com certeza não foi.

      — Três anos já é adulto. — Baz murmura, terminando de vestir a cueca sozinho e pegando a camisa que escolheu para vestir. Eu preciso conter a gargalhada ao vê-lo vestir a camisa e tentar enfiar a cabeça pelo buraco onde deveria passar um dos braços, então vou ajudá-lo com isso, rindo dos seus grunhidos de desgosto.

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     O shopping é bem mais movimentado à noite, e Baz parece completamente encantado com tudo a nossa volta assim que colocamos os pés dentro dele. É como se ele tivesse sido teletransportado para o paraíso, e mesmo que já tenhamos vindo algumas vezes aqui, ele sempre fica encantado do mesmo jeito.

    — A escada rolante!! — Ele exclama, me puxando pela mão até lá, e apesar de ser minúsculo, ele consegue correr rápido pra caramba.

    — Vem aqui. — Pego Baz no colo, ignorando o seu protesto silencioso (uma carinha de muxoxo e um biquinho birrento) porque tenho medo de deixá-lo subir sozinho, então ele sempre vai nos meus braços mesmo.

     Assim que subimos a escada rolante, eu o coloco novamente no chão e agarro a sua mão gordinha. Ele fica ainda mais encantado com esse andar de que o primeiro, principalmente por aqui ter as duas coisas que ele mais gosta: comida e brinquedos.

     — Olha ali, Papai!! — O diabinho aponta para uma piscina de bolinhas que fica ao lado da praça de alimentação, onde também tem alguns castelos infláveis e pula-pulas. Acho que ele está praticamente explodindo de tanta alegria, e isso me deixa feliz pra caramba também.

     — A gente vai lá daqui a pouquinho, mas antes, eu vou comprar aquele negócio que você queria, lembra? — Explico, recebendo um olhar confuso em troca, porque ele parece não lembrar do carro que queria antes, então começo a levá-lo em direção à enorme loja de brinquedos que fica à poucos metros de onde estamos.

     Baz parece à ponto de saltitar de felicidade, abrindo um sorriso fofo. A gente entra na loja, onde parece que algum unicórnio vomitou um arco-íris inteirinho de tão colorida que é, com brinquedos de todos os tipos espalhados por todos os lados.

     — Eu tenho aquele!! — Ele exclama, apontando para um ursinho de pelúcia lilás que é quase do seu tamanho. Eu comprei um idêntico à esse para ele alguns meses atrás.

     — Você pode escolher o que você quiser. — Digo, abaixando-me para dar um beijinho na sua bochecha.

     — Sério?!

      — Sério. — Confirmo, vendo-o olhar ao redor como se um novo mundo tivesse sido aberto na sua frente. Seu olhar recai num joguinho simples na prateleira ao nosso lado, então ele volta à olhar para mim, como se pedisse permissão.

     Eu solto um suspiro baixinho e engulo o nó que se formou na minha garganta. Sempre que nós vamos até uma loja como essa, ele tenta escolher algo barato, mesmo que não saiba os valores em si, até porque agora que ele consegue contar de um até dez e ainda está aprendendo as vogais (ele olha para o brinquedo e observa, provavelmente achando que quanto mais simples, mais barato).

     — Eu disse, qualquer coisa, okay? Qualquer um. — Pego o meu diabinho no colo e ando pelo corredor com ele, levando-o em direção aos corredores do fundo da loja, onde ficam as coisas mais caras. Faço questão de deixar os carrinhos enormes e motorizados que ele queria da outra vez bem visíveis para ele, mas caso dessa vez ele queira outra coisa, tudo bem também.

     — Que tal algo por aí? — Giro um ângulo de 360° bem devagarinho, para ele conseguir ver todas as possibilidades de carros, bonecas, bonecos e até mini casinhas.

     — Sério? — Os olhinhos azuis dele se eluminam, me fazendo abraça-lo com força enquanto confirmo levemente com a cabeça.

     — Que tal aqueles...

     — Ãhn... Oi, pessoal. — Uma voz levemente rouca e bem humorada me interrompe, me fazendo virar para a esquerda e dar de cara com o alfa loiro de hoje à tarde, Michael, alternando o olhar entre eu e Baz, com um pequeno sorriso nos lábios.

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A MARCA DO LOBO (COMPLETO)Where stories live. Discover now