CAPÍTULO 13

23K 3.1K 451
                                    

NAVEEN
TRÊS ANOS E MEIO DEPOIS
🔸🌔🌕🌖🔸

    O hotel em que eu trabalho não é simplesmente um hotel, e isso faz o meu trabalho ser mais cansativo ainda. Ele é o maior hotel da capital, e onde ocorre a maioria das festas e bailes nobres, além de hospedar só gente absurdamente rica.

     Durante o meu turno, preciso alternar entre ficar na recepção e ajudar na limpeza, e pra falar a verdade, eu prefiro mil vezes cuidar da limpeza mesmo. Não tenho psicológico para lidar com essas pessoas riquinhas e insuportáveis, que ficam irritadas com praticamente qualquer coisa e acham que a culpa inteiramente minha para o hotel já está completamente cheio e não ter suítes de luxo vazias ou coisas assim.

     Agora estou limpando um quarto que acabou de ser liberado por um hóspede, com a ajuda de uma funcionária mais velha. É assustador ver como pessoas tão ricas e chiques podem ser tão nojentas e estranhas ao mesmo tempo.

     A suíte está uma completa zona de guerra, com lençóis jogados por todos os lados e travesseiros espalhados pelo chão, exalando um cheiro forte de feromônios misturados sêmen. Eu seguro a ânsia de vômito e recolho as toalhas sujas do chão, agradecendo internamente por estar com luvas de limpeza e um avental transparente preso ao corpo, enquanto jogo essas porcarias dentro do carrinho de limpeza.

     — isso aqui acontece com mais frequência do que você imagina. — A funcionária que está me ajudando diz, observando a minha expressão de puro horror. Ela vai até as janelas e às abrem, para ajudar a ventilar o lugar e fazer o cheiro diminuir.

     — Esse quarto não vai ser utilizado de novo por uns dias, né? — pergunto completamente espantado, precisando respirar pela boca para não ficar atordoado com cheiro repugnante dos líquidos e feromônios de um alfa completamente desconhecido.

     — Provavelmente amanhã pela tarde já vai está tudo arrumado, sem nenhum cheiro estranho. Você não está acostumado com a limpeza dos quartos né?

     — Geralmente preciso limpar os corredores e a cozinha. Só ajudei na limpeza dos quartos algumas vezes. — Respondo, percebendo que a mulher também é uma ômega, e que apesar disso, não se encolha ou fique incomodada com o cheiro. Talvez pela força do hábito.

     — O nosso trabalho aqui é apenas recolher os lençóis, fronhas, colchas e tudo que estiver exalando esse cheiro nojento. Depois outra equipe vem limpar o que sobrou, utilizando produtos específicos para tirar todo esse odor e deixar o quarto com um cheiro normal de novo.

     — Certo. Vou ver como está o banheiro. — Empurro o meu carrinho em direção ao banheiro, torcendo internamente para que a situação esteja pelo menos um pouco melhor do que a do quarto, mesmo que saiba que isso é completamente impossível.

     Assim que entro no cômodo menor, preciso de todas as minhas forças para permanecer aqui, e não simplesmente sair correndo, pedir demissão e nunca mais colocar os pés num raio de dez quilômetros desse lugar, e apesar de ser difícil e agonizante trabalhar aqui, eles pagam bem o suficiente para dá uma vida descente para mim e para Baz.

     Se o quarto está uma zona, o banheiro está está mil vezes pior do que isso. Camisinhas usadas estão espalhadas pelo chão, assim como respingos de xixi. Eu realmente não quero levantar a tampa daquele vaso vaso para saber o que me espera lá dentro.

      Solto um suspiro baixinho e me agarro no pensamento de que só faltam alguns minutos para o meu turno chegar ao fim, então começo a limpar esse inferno.

🔸🌔🌕🌖🔸

      Já são quase 2:00 da tarde quando eu finalmente chego na creche onde Baz fica. Ele deveria sair 1:30, mas os professores sabem e ficam com ele durante essa meia hora à mais quando eu não consigo chegar à tempo aqui.

     — Papai!! — O meu loirinho surge na porta da creche, soltando a mão da professora e correndo até mim, fazendo a mochila nas suas costas balançar para lá e para cá de forma engraçada.

     — Oi, bebê. — Pego-o no colo assim que ele chega até mim, então Baz envolve o meu pescoço com os seus braços e apoia o queixo no meu ombro. O cheirinho bom do perfume infantil dele me faz inspirar o seu cheiro que emana do seu cabelo dourado, fazendo o diabinho revirar aqueles enormes olhos azuis de forma engraçada.

     — A gente pintou um monte de desenho hoje. — Ele diz, de forma orgulhosa.

     — Sério? Você trouxe algum pro papai ver? — pergunto, andando pela calçada de forma tranquila, já que o nosso apartamento fica logo alí na esquina.

     — Dentro da minha mochila. — Ele diz, feliz da vida. O sorriso fofo dele faz o meu coração aquecer, e eu abraço o corpinho rechonchudo desse diabinho com força, arrancando uma risada baixinha dele.

     — Como foi o trabalho hoje, papai? — Ele agarra o meu rosto e me força à encara-lo, focando aquelas bolotas azuis em mim.

     — Foi ótimo!! — Minto, dando um beijo na sua testa. Sebastian é um alfinha esperto pra caramba, e eu amo tanto esse menino que cada segundo longe dele é um inferno.

      Nós continuamos andando e conversando de forma alegre, e eu quase tropeço ao cruzar com um homen loiro e alto que passa pela gente. Eu resisto à vontade de olhar para trás e encara-lo, porque já passei da fase de achar que qualquer homem loiro que surge no meu caminho pode ser aquele diabo cinzento de quase quatro anos atrás, que sumiu da minha vida da mesma forma que apareceu nela. Mas não me arrependo de absolutamente nada, pois ele me deu a coisa que eu mais amo na minha vida.

     Assim que estamos quase chegando no nosso prédio, o meu celular começa a tocar no bolso, então passo Baz para o braço direito e tiro o aparelho da calça.

     O número do supervisor do hotel está brilhando na tela, então atendo a chamada rapidamente.

     — Olá, Senhor. Boa tarde.

     — Boa tarde, Naveen. Será que você poderia fazer algumas horas extras hoje a noite? — Ele me pergunta, então movo minha atenção para Baz, sabendo que ele está ouvindo a conversa também.

     — horas extras?

    — Sim. Estamos precisando urgente de um pouco de ajuda na recepção, e você será bem pago caso aceite. — Ele diz apressadamente, claramente tendo outras coisas para fazer do que ficar conversando aqui comigo.

    — Eu posso lhe dá à resposta daqui alguns minutos?

    — Claro. Aguardo à sua resposta. — O supervisor diz, antes de desligar a chamada.

     Eu solto um suspiro e enfio o celular de volta no bolso, movendo a minha atenção de volta para o meu alfinha fofo aqui. A gente não está tão apertado em relação à dinheiro esse mês, mas um pouco de grana à mais sempre é bem-vinda. Além disso, talvez com esse dinheiro eu possa comprar o carro enorme e motorizado com o qual Baz ficou encantado quando fomos no shopping no outro dia (apesar dele não ter pedido. Ele nunca faz isso).

    — Filhote. Você se importa de ficar uma horinha com a vizinha hoje à noite? Eu vou sair depois que você estiver dormindo e voltar antes de você acordar, mas caso você acorde de madrugada, pode ficar com a vizinha, okay?

     — Tudo bem, Papai. — O meu bebê responde, abraçando o meu pescoço com força.

🔸🌔🌕🌖🔸


🔻

A MARCA DO LOBO (COMPLETO)Where stories live. Discover now