Prólogo

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Em um dia bastante tempestuoso na Inglaterra, Charles retornava para Cambridgeshire depois de meses em campos de batalha. Ele estava extremamente ansioso para rever sua esposa e suas duas filhas. Provavelmente seu terceiro filho nasceria em breve, segundo as cartas que Sophie lhe enviava, o que deixava ele a volta dele para casa ainda mais feliz.

Os fortes trovões e raios invadiam o céu a toda hora, começando chover fortemente quando o duque chegou a sua propriedade. Desceu da carruagem rapidamente, pois não conseguia conter a ansiedade de rever sua amada Sophie. Abriu a porta com grande alegria, quando percebeu que várias empregadas corriam de um lado para o outro com vários panos em mãos. Aquilo só poderia significar o nascimento do seu novo filho. Começou a correr em direção as escadarias, quando se bateu com a governanta da casa, Sra. Young. Ela tinha uma expressão cansada e preocupada. Seu rosto estava bastante suado para o clima frio, e seus cabelos bastante desgrenhados.

— Vossa Graça. — ela faz uma pequena vênia. — Não se demore mais aqui. Vá imediatamente para o quarto ver sua esposa.

— O que tem minha Sophie? — Charles perguntou preocupado.

— Ela esteve doente nos últimos dias da gravidez. — Sra. Young suspirou. — A duquesa jamais permitiu nos comunicar com o senhor sobre isso. Ela ficou dois dias em trabalho de parto, está muito fraca.

Charles ouviu um choro de bebê.

— Santo Deus, nossas preces foram atendidas! Finalmente a criança nasceu.

Ele não esperou mais nenhum segundo, saiu correndo em direção ao quarto do casal.

Quando ele entrou em seus aposentos e se aproximou da cama, a duquesa estava bastante pálida como se todo o seu sangue tivesse saído do seu corpo; logo percebeu que ela não estava nada bem. O duque começou a ficar angustiado em ver o amor da sua vida morrendo diante dos seus olhos. Esperou tanto pelo momento de retornar para casa e ficar com sua família depois de tantos meses fora. Começou a chorar e segurou a mão de Sophie suavemente. A filha da Sra. Young, Violet, segurava seu filho nos braços, que não parava de chorar.

— É um menino ou uma menina? — encarou Violet.

— Uma menina, senhor.

Charles apenas assentiu com a cabeça e voltou sua atenção para a esposa.

— Charles, venha para mais perto de mim. — Sophie chamou com certa dificuldade.

— Não se esforce tanto querida. — beijou sua mão. — Está muito fraca. Nossa filha nasceu graças ao bom Deus. — Charles olhou para Sra. Young que havia acabado de entrar no quarto. — A senhora chamou o médico?

— De nada adiantará o médico. — Sophie disse. — Não há mais solução para mim, meu amor. Sinto a morte me levando para longe daqui. Não consigo arranjar mais forças para suportar essa dor que me consome por inteira. — ela olhou para Violet. — Traga-me minha filha. Preciso vê-la antes de partir.

Violet prontamente obedeceu a duquesa, colocando a pequena criança ao seu lado. Sophie virou sua cabeça devagar e beijou a pequena cabeça da filha. Lágrimas começaram a brotar de seus belos olhos azuis, o que deixou Charles ainda mais triste.

— Cuide da minha filha, Violet. Tire-a desse quarto, não a quero presenciando a morte da mãe.

Violet assentiu, saindo do aposento com a pequena criança enrolada em um tecido branco.

— Enquanto você estava fora, eu fiquei doente nos últimos dois meses da gestação, na verdade, ainda estou. Eu sinceramente não sei lhe responder como vivi para ter nossa pequena menina. — tossiu fortemente. — Graças ao divino Deus você chegou a tempo de me encontrar viva. Peço-te que a nomeie Charlotte, e não a culpe por minha morte. Cuide bem das nossas meninas, sinto que não poderei lhe dar um menino, mas haverá outra pessoa para ocupar o meu lugar.

— Doce Sophie, não diga palavras tão absurdas! Eu jamais deixaria de amar Charlotte, muito menos culpá-la por algo tão terrível. E você não irá morrer, não consigo aceitar isso. — fungou e as lágrimas começaram a descer cada vez mais por seu rosto. — Eu a amo demais, por favor, não me abandone aqui.

— Eu também o amo, Charles. De todo o meu coração, eu o amo demais. Conhecê-lo foi uma das melhores que me aconteceu. — Sophie respirou pela última vez e soltou a mão de Charles.

Sua cabeça pendeu para o lado e a sua pulsação parou. A cor dos seus olhos azuis, antes cheios de vida, perdeu o brilho.

Ela estava morta.

Charles deu um grito de frustração ao ver sua amada esposa morta. Saiu do quarto totalmente atordoado, indo em direção ao quarto da sua filha recém-nascida. Violet estava com a criança no colo ninando. Tomou a criança dos braços da jovem e deu um beijo em sua testa. A criança se acalmou em seus braços, e ele se sentou em uma poltrona, dispensando Violet com a mão.

Permitiu-se olhar para Charlotte atentamente. Notou que seus olhos eram tão azuis quanto os da sua mãe. Charles sorriu e acariciou a face do pequeno bebê, e começou a chorar ainda mais.

— Agora eu sempre terei uma lembrança viva da sua mãe. Através dos seus olhos, minha pequena Charlotte.

Lady CharlotteWhere stories live. Discover now