IX

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Passar aquele pouco tempo com Charlotte em sua casa, tinha animado bastante o dia de George. Conseguiu conhecer mais sobre ela, sua personalidade, seus gostos e passatempos preferidos. Queria ter conhecido as irmãs dela, mas pareciam que nunca voltariam das compras e tinha que ir embora.

Voltar ao palácio, para sua prisão particular luxuosa, foi algo que ele não queria. Muitas vezes desejava não ter nascido príncipe herdeiro, para ao ser afastado de tantas obrigações. Poderia seguir sua carreira militar tranquilamente, ser um duque. Como não podia ter tudo na vida, iria se contentar com o que tinha.

Resolveu ir ao quarto de sua irmã lhe contar a novidade sobre sua nova provável professora de piano; mesmo Charlotte alertando para não dizer nada, mas com certeza ela ficaria bastante animada com a notícia. Quando chegou ao quarto de sua irmã, ouviu vozes alteradas saindo de lá. Não pensou duas vezes antes de entrar.

— Eu não devo nada a você, Lauren! Absolutamente nada!

— Que maldita gritaria é essa? — George foi em direção da mãe e a abraçou.

— Eu só vim falar com Millie e essa insolente veio encher minha cabeça com as asneiras dela. — o rei encarou o filho. — E você, por onde estava?

— Não é da sua conta. — George respondeu com raiva.

— A partir do momento que você é meu herdeiro, me deve satisfações. Está me entendendo bem? — William empurrou Lauren para longe do filho. — Eu vou viajar novamente, vou demorar. Você vai ficar como regente enquanto eu estiver longe, chega de vida boa. Sua amada princesa espanhola chegará em poucos dias com sua família, os receba para mim. Deixei um documento assinado o deixando como meu regente, e o Parlamento aceitou.

O rei saiu do quarto aborrecido, deixando Lauren e George no quarto da filha a sós. Lauren chorava muito, e não era tinha sido a primeira vez que George havia presenciado uma cena daquela entre seus pais.

Ele se sentou ao chão e abraçou sua mãe fortemente. Afagou suas costas com carinho, como sempre fazia naquelas situações. Sentia muita pena dela por sofrer aquelas coisas na mão do seu pai, e nada poder fazer; tinha que ficar se submetendo aquelas humilhações constantemente.

— Onde está Millie?

— Estudando na biblioteca com o professor de aritmética.

— Ela viu o começo da discussão?

— Não, eu nunca permitiria que ela presenciasse esse tipo de comportamento de William. — Lauren fungou. — Simplesmente não aguento mais viver aqui com seu pai. Os únicos motivos que me deixam viva é você e sua irmã.

— A senhora deveria viajar, respirar novos ares. A senhora tem uma prima na Itália, por que não vai visitá-la? Poderia ficar o tempo que precisasse por lá. Eu cuidaria de Millie durante sua ausência.

— Uma rainha nunca deixa seu lar e seus filhos, George. — ela pegou a mão do filho e apertou. — Eu faço tudo por vocês, absolutamente tudo. Aguentarei as maiores tempestades que vier. Não posso deixar nada me derrubar. Cabeça e queixo erguido sempre. Ensinaram-me isso nas aulas de etiqueta, preciso colocá-las em prática sempre. Jamais posso mostrar fraqueza diante dos outros.

— Ele bateu na senhora? — ele acariciou seu rosto.

— Ele pode ser um monstro, mas ainda não chegou a esse ponto.

— Prometa-me que dirá se ele fizer algo assim.

— Prometo meu filho. — Lauren encostou a cabeça no ombro do filho.

— Enxugue essas lágrimas. — George passou a mão nos olhos da mãe. — Não consigo vê-la dessa maneira.

— Eu sei. — Lauren soltou a mão do filho. — O que queria com sua irmã?

Lady CharlotteWhere stories live. Discover now