Aos poucos foi abrindo os olhos, e levou certo tempo para descobrir onde estava. Charlotte lembrava apenas que adormeceu no jardim em plena tempestade, e agora estava em seu quarto. Olhou ao redor, estava tudo escuro, com exceção de um candelabro aceso. Perguntou-se quanto tempo ela havia dormido. Tocou em sua testa, e sentiu que estava febril.
A porta se abriu, e seu pai entrou no quarto com uma expressão triste e abatida. As únicas vezes que ela havia visto seu pai daquela maneira, era quando ela ou suas irmãs adoeciam. O que poderia ter acontecido com ela? Questionou-se. Foi uma grande tolice ter permanecido na chuva, porém, se sentia tão triste e infeliz, que nem raciocinou muito bem naquele momento.
— Pai? — chamou o pai com a voz rouca.
— Oh Deus! — correu em sua direção. — Finalmente acordou.
— Quanto tempo eu dormi?
— Um dia. — começou chorar. — O que deu em você minha filha?
— Não sei. — mentiu. — Eu não queria preocupar o senhor, perdoe-me. Jamais foi minha intenção deixá-lo assim.
— O importante é tê-la novamente. — pegou sua mão febril. — Você ainda arde em febre. — colocou a mão na testa da filha. — Acho que não é mais necessário chamar o doutor aqui.
— O senhor sabe que eu não suporto médicos me examinando. — ela deu um leve sorriso. — Mas se confortar o senhor, pode chamá-lo. Eu devo isso ao senhor.
— Eu só tenho que manter você aquecida. Precisamos conversar depois. O Sr. Brown me disse que o rei esteve aqui. Foi isso que causou tamanha tolice?
— Sim. — tossiu um pouco.
— O que ele fez com você? — perguntou com certa raiva na voz.
— Na verdade fui eu que fiz mal a ele. — começou a chorar. — Oh pai, por que o amor machuca tanto? — puxou o pai e o abraçou. — Eu não consigo ficar sem ele. Simplesmente não posso mais. Como eu pude ser tão imatura? Como eu posso ter o deixado ir, se simplesmente eu amo ele?
— Calma minha Lottie. — afagou as costas da filha. — O que levou você tomar essa atitude?
— Ele desconfiava de mim. Tinha ciúmes de qualquer homem que ficasse perto de mim. Ele insinuou algo entre mim e o Sr. Brown.
— Vocês passaram seis meses sem se ver. É filha de um duque, acha que não tem rapazes que não a olham?
— Ele tinha ciúme de mim com o príncipe Alejandro, papai.
— Qualquer pessoa sente ciúme daquilo que ama minha filha. — beijou sua bochecha. — Você está ficando mais quente. — foi para perto da mesa de Charlotte e pegou uma bacia. — A Sra. Turner vinha constantemente ficar ao seu lado colocando esse pano em sua testa. Ajuda um pouco.
— Onde estão minhas irmãs?
— Dormindo. Já é tarde. — torceu o pano e colocou na testa de Charlotte. — Elas estão preocupadas, mas não deixei que ficassem abatidas. Mandei-as irem a um baile que teve hoje à noite, Frederick juntamente com Henry também foram.
— Fico feliz por isso. — sentiu suas pálpebras ficarem pesadas. — Eu quero dormir novamente.
— Não sente fome?
— Não. Estou cansada, não sei como.
— Você está doente minha filha. — tirou o pano de sua testa. — Eu a deixarei em paz, por hora. — beijou a mão dela. — Eu ainda acho que devemos conversar.
— Claro. Ainda não chorei tudo o que eu tinha para chorar. Eu só preciso de alguns dias para eu me recuperar, não conseguirei melhorar pensando nas minhas atitudes.
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Lady Charlotte
Historical FictionLivro 1 da trilogia "Irmãs Harrison". Charlotte Harrison, a filha caçula do duque de Cambridge, vai fazer dezessete anos. Essa é a idade perfeita em Londres para as moças solteiras começarem a debutar e procurar um bom partido para se tornar marido...