XXII

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Em seus sonhos, uma pessoa vestida de preto a tirava de perto de George e a jogava de um penhasco. Ela caia em constante velocidade, chocando-se ao chão com grande força. Charlotte acordou assustada e suando bastante. Bebeu um copo d'água que estava em seu criado mudo, e respirou fundo várias vezes antes de se levantar. Odiava quando tinha sonhos ruins, principalmente quando envolvia alguém que ela amava.

Olhou para o relógio que estava em cima da sua escrivaninha, ele marcava 7:00 da manhã. Ela não gostava de acordar cedo, mas aquele pesadelo havia tirado seu sono e sua vontade de continuar na cama. Tocou a campainha para alguma criada vir até seu quarto. Enquanto esperava, abriu as cortinas do seu quarto e olhou pela janela como estava o céu; estava nublado, como ela já previa. Leila chegou alguns minutos depois.

— Bom dia senhorita. — sorriu. — Estou achando até estranho você acordada tão cedo.

— Bom dia Leila. — Charlotte se virou e sorriu. — Eu tive um pesadelo. — engoliu em seco. — Não consegui mais dormir, foi muito... Pesado. Nunca é bom sonhar com sua própria morte.

— Deus te livre de uma morte tão precoce. — Leila fez o símbolo da santíssima trindade. — Você quer tomar um banho? Já pedi para que preparassem para a senhorita.

— Sim, seria ótimo. — Charlotte se aproximou de Leila. — Chegou alguma correspondência para mim? — perguntou esperançosa.

— Infelizmente não. Não se preocupe, ainda é muito cedo. Depois de um dia muito agitado como ontem, ele deve estar descansando.

— Sim, deve ser isso. — abraçou o próprio corpo.

— Fique tranquila. — Leila pegou a mão dela, dando um pequeno aperto. — Seu banho já deve estar pronto. Quer que eu escolha um vestido para você?

— Seria meu sonho? — retirou a mão da mão de Leila. — Escolha tudo por mim, estou sem paciência.

— E quando está com paciência?

— Sempre! — respondeu indignada.

— Enganando a si mesma? — encarou Charlotte com os profundos olhos verdes. — Você parece triste.

— Impressão sua. — Charlotte foi em direção ao banheiro.

O banho estava realmente pronto, e o ambiente estava com um muito vapor. Charlotte colocou a mão na água, retirou rapidamente, pois estava muito quente, mas adorava tomar banho com aquela temperatura. Retirou a camisola rapidamente e entrou na banheira rapidamente. Todos os seus músculos relaxaram de imediato, e ela fechou os olhos. Começou a pensar em todos aqueles meses longe de George e como foi ficar longe dele tanto tempo. Foi um teste com ela para saber o quão realmente o amava. Quando ele começou a parar de lhe enviar cartas, foi um grande golpe.

Aproximou-se muito de Millie através das cartas, e através delas observou o luto da princesa passando aos poucos. Ela sempre deixava Charlotte saber como estava George e sua situação no palácio. Certo dia pediu para Millie acabar com os relatos sobre ele, pois doía não ter a atenção dele. Quando ela estava na Escócia com sua família na casa do falecido irmão do pai, toda noite ela chorava baixinho para ninguém ouvir. Não sabia explicar porque aquilo doía tanto. Paixão deveria ser algo bom, assim ela pensava. Voltar a vê-lo naquele dia na Abadia, devolveu a vida do seu coração que vivia em profunda tristeza. E quando ele a tirou para dançar no baile em comemoração a sua coroação, foi algo realmente belo e adorável. O futuro parecia tão incerto para ela, que só a deixava frustrada.

Saiu do seu devaneio quando começou a sentir a água esfriando. Saiu da banheira se enxugado com uma toalha que estava próxima, e voltou para seu quarto. Leila levantou um belo vestido azul para Charlotte olhar, ela sorriu ao ver que era um dos seus preferidos. Vestiu suas roupas de baixo, calçou um par de sapatos simples, e logo depois deslizou o longo vestido por seu corpo, e Leila abotoou a longa fileira de botões.

Lady CharlotteWhere stories live. Discover now