Epílogo

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Charlotte estava sentada em um banco de mármore no pátio interno do castelo bordando ao lado de sua dama de companhia. Estava distraída; um hábito que acabou adquirindo durante aqueles três meses longe de George. Iriam completar quatro meses de casados, e ela se sentia tão solitária sem a companhia dele. Apesar das damas de companhia que ela foi submetida a ter, sua sogra, seu pai, sua cunhada, sua irmã e Sky, sentia falta do seu marido.

Desde que Portugal declarou oficialmente guerra a Inglaterra, ela viu praticamente todos os homens do seu país partirem para a guerra, para defender a pátria que tanto amavam e honravam. Seu pai também queria partir para lutar ao lado dos milhares de homens, mas a pedido de Charlotte, Scarlett e Phoebe, resolveu permanecer são e salvo em casa, ao contrário de George. Por mais que ela e todo o Parlamento tivessem insistido para que ele permanecesse a salvo no palácio, ele insistiu que o dever dele era estar ao lado do general liderando o imponente exército da Inglaterra.

Notícias sobre a situação da guerra chegavam a todo o momento, e a cada comunicado, o coração de Charlotte parava por alguns segundos. Ela temia o pior a toda hora, apesar de saber que o exercito português estava em grande desvantagem, comparado ao exército da Inglaterra. Ela pensava nos milhares de homens mortos, e o quanto de mulheres estava viúvas e sofrendo. E também pensou nas crianças que esperavam pelo retorno dos pais depois da guerra.

Uma lágrima desceu por seu rosto, e instantaneamente colocou a mão em sua barriga ainda pequena. Fazia algumas semanas que havia descoberto que estava grávida, e não havia dito a ninguém, apenas para a rainha-mãe, Millie, seu pai e Scarlett. Como desconfiava que suas cartas fossem lidas antes de serem entregues, não comunicou a sua irmã que morava na Escócia. Ela pediu para que todos guardassem segredo, não queria que aquela notícia chegasse aos ouvidos de George em pleno campo de batalha. Não queria desconcentrá-lo, e também desejava dar a notícia pessoalmente, quando finalmente estivesse ao lado dele.

— Vossa Majestade sente-se bem? — Kate colocou a mão sobre a dela.

— Sinto-me bem. Obrigada pela preocupação Kate. — deu um sorriso de lado e limpou a lágrima do rosto.

— Perdoe-me estar sendo muito intrometida com Vossa Majestade, mas a senhora está chorando, então não deve estar bem.

Charlotte riu da observação da dama.

— Um pouco de saudade do meu marido, misturado com o medo de perdê-lo nessa guerra. Tudo é meio incerto quando se está em um campo de batalha. Quantos não devem querer a cabeça do rei da Inglaterra? Ter a fama de ter matado um dos homens mais poderosos do mundo. Ah, minha querida Kate, é tudo muito triste para mim. Tenho a sensação de que não estou preparada para essas coisas.

— Vossa Majestade deveria ter aprendido isso nas aulas de etiqueta. — Kate riu e pegou o bordado de Charlotte. — Isso está horrível!

— Eu nunca disse que era boa com bordado. — riu. — Sou boa com pianos. — levantou-se rapidamente e olhou para Kate. — Estou indo...

— Para a sala de música. Todos nós no palácio sabemos que Vossa Majestade se sente bem sozinha lá. Vou pedir para que ninguém a incomode, a não ser que seja algo muito urgente, ou, alguém da sua família.

Charlotte deu um abraço rápido em sua dama.

— É a melhor dama de companhia que tenho.

— Sou uma das únicas que a senhora permite ficar por perto durante muito tempo.

— Talvez a senhora me transmita confiança. — piscou para Kate. — Até breve.

— Até breve Majestade.

Lady CharlotteWhere stories live. Discover now