III

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George não poderia deixar aquela senhorita com uma má impressão dele. Saiu apressado do jardim e voltou para o salão do baile. Correu seus olhos por todo o salão procurando uma moça de vestido azul com o cabelo loiro preso. Como se só existisse ela de vestido azul e cabelo loiro, pensou ele. Começou a andar pelo salão, mas era interrompido a cada minuto por mães apresentando suas filhas e exaltando suas qualidades, coisas que George não estava nem um pouco interessado. Sentiu os olhares de curiosidade sobre ele, pois nunca havia saído dos muros do palácio para conviver na sociedade londrina.

Depois de muito procurar, conseguiu avistar Charlotte com uma expressão de tédio ao lado de uma mulher, que deveria ser sua mãe. Foi em direção a ela, pegando em sua mão enluvada, e posteriormente, beijou com delicadeza.

— A senhorita queira me perdoar pelo episódio do jardim. Gostaria de dançar a próxima valsa comigo?

George percebeu a confusão e perturbação nos olhos de Charlotte. Sentiu certo prazer em deixá-la daquela maneira. Ela puxou sua mão e fechou a expressão, cruzando os braços. A senhora ao seu lado, que ele presumiu ser sua mãe, olhou para Charlotte com um olhar reprovador.

— Queira perdoar Charlotte. — disse a senhora. — Chamo-me Jasmine Turner, sou a governanta das irmãs Harrison.

— Estou honrado em conhecê-la — George beijou sua mão. — Chamo-me Alfie Smith.

— E o senhor está de saída, não é mesmo? — Charlotte arqueou a sobrancelha para George.

— Desejo que a senhorita dance comigo. Estou apenas esperando sua resposta. Espero que sua resposta seja sim. — olhou para a preceptora e deu um sorriso sedutor. — A Sra. Turner permitiria?

— Claro. Charlotte não está fazendo nada. — Sra. Jasmine virou-se para Charlotte. — Comporte-se.

— Está bem. — George notou o mau humor na voz de Charlotte ao responder a governanta.

— Ficarei honrado em dançar com a senhorita. — George disse sarcasticamente.

— É claro que vai. — Charlotte revirou os olhos.

George ofereceu o braço para Charlotte colocar o dela, o que ela faz de pouco grado, mas ele estava se divertindo com a situação a cada momento. Quando começou a valsa, eles entraram dançando com grande elegância e postura impecável.

George estava satisfeito; Charlotte em momento algum pisou em seu pé, muito pelo contrário, mostrou-se ser uma perfeita dançarina.

— Vai ficar me olhando desta maneira, ou irá me dizer o motivo dessa tamanha tolice que acabou de fazer? — Charlotte disse irritada.

— É tolice eu me arrepender do que fiz a senhorita, pedir perdão e querer dançar uma valsa como um selo do meu arrependimento?

— Exatamente! É uma completa tolice. — o encarou atentamente. — E eu não perdoei você.

— Por quê? — George perguntou atordoado.

— O senhor foi um completo mal-educado comigo. Foi um péssimo comportamento e má impressão. Faz-se isso com uma desconhecida, imagino o que não possa fazer com os conhecidos.

Aquelas palavras atingiram George como um punhal em suas costas. Quase parou a dança no meio do salão, mas tinha que continuar, ou todos o olhariam ainda mais. E mais cochichos iriam surgir acerca de quem ele era.

— Eu não sou assim. — George encarou Charlotte com mais atenção. — Não consigo entender o que aconteceu comigo. — mordeu o lábio inferior.

— Será mesmo? — Charlotte perguntou com desconfiança.

— Minha mãe me fez prometer que eu nunca seria como meu pai. — engoliu em seco. — E eu não quero ser como ele, entende? Ele é péssimo com minha mãe.

Lady CharlotteWhere stories live. Discover now