IV

54.7K 5.3K 2.3K
                                    

Charlotte demorou a dormir naquela noite. Andou por todo seu quarto tentando lembrar-se daquele homem em algum lugar, mas não obteve nenhum sucesso. Deu um grito baixo de frustração e deitou-se em sua cama com o vestido do baile. Ela sabia que tinha que retirar o vestido, mas suas pálpebras estavam cansadas, e acabou adormecendo logo em seguida.

Acordou com a Sra. Turner balançando seu ombro e abrindo as cortinas. Os raios de sol atingiram o rosto de Charlotte com grande intensidade, fazendo-a fechar os olhos com mais força, colocando o travesseiro em seu rosto.

— Quantas vezes terei que repetir que faz mal dormir com roupas tão apertadas? — a governanta começou a dar um sermão e retirou o travesseiro de seu rosto.

— Perdoe-me, Jasmine. — ela colocou as mãos sobre o rosto. — Acabei adormecendo.

— Sempre as mesmas desculpas. — Jasmine resmungou. — Levante-se e vire-se para que eu possa retirar seu vestido.

Charlotte obedeceu a governanta imediatamente. Ela sabia que não era recomendável deixá-la muito irritada. Jasmine desabotoou os botões com destreza, e começou a desamarrar o espartilho logo em seguida. Quando o vestido caiu ao chão, Charlotte deu um suspiro de alívio.

— Olhe em que situação a senhorita se encontra. — Jasmine a empurrou até o espelho. — Toda marcada! Vou ter que vir verificar você a cada baile para ver se retirou o vestido?

— Não será necessário, Sra. Jasmine. — Charlotte tocou nas marcas vermelhas da barriga.

— Vou levar esse vestido para lavar. — Jasmine olhou para Charlotte. — Vou mandar Leila preparar seu banho. Lavanda com rosas?

— Sempre. — Charlotte deu um beijo na bochecha de Jasmine.

— Você e suas demonstrações de carinho inesperadas. — Jasmine deu um sorriso tímido.

— Terei que tomar café da manhã com minhas irmãs?

— E seu pai também. — Jasmine lançou um olhar reprovador em sua direção.

— Não precisa me olhar dessa maneira desaprovadora. — Charlotte fez um beicinho.

— Deixe-me ir, consegue empatar qualquer um. — Jasmine riu e saiu do quarto.

Charlotte deitou na cama novamente, esperando por Leila anunciar que seu banho estava pronto. Levantou-se da cama e foi vestir um robe, pois não poderia percorrer pela casa sem nenhum traje. Soltou os longos fios loiros do penteado que estava um fiasco comparado ao que estava na noite anterior. Charlotte ouviu uma batida fraca na porta, e mandou entrar. Imediatamente Leila entrou com um sorriso sempre doce e inocente. Ela tinha cabelos pretos sempre presos, e sempre estava vestindo um vestido cinza simples. E seus olhos eram verdes, como de um felino.

— Seu banho está pronto. Chegou uma carta para a senhorita.

— Sem formalidades, pode falar você. — Charlotte riu.

— Como queira. Aqui está a carta. — Leila entregou a carta.

— O selo real? — perguntou curiosa.

— Sim, da casa Windsor. — Leila olhou para janela. — Odeio aquele rei. Espero que o filho seja tudo ao contrário dele.

— Com fé, ele será um bom rei. — Charlotte riu, rompeu o selo real da carta e começou a ler.

— E então o que diz? — Leila perguntou com curiosidade.

— Segredo. — piscou o olho para ela, e começou a ler a carta.

Senhorita Charlotte Harrison,

Não estava enganada quando disse que meu sobrenome pertencia a família da rainha; sou um parente dela. Não estou usando o selo da família Smith por não ter um comigo, então irei pegar o da minha adorável tia.

Lady CharlotteWhere stories live. Discover now