XXVII

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Dor. Era somente isso que George sentia. Estava estirado no chão pressionando a mão onde a bala o havia atingido. Um enorme alvoroço preencheu o local, e estava deixando ele ainda mais nervoso. Millie estava desesperada gritando seu nome, mas ele não conseguiu responder. Algo em sua garganta não o deixava falar. Sua mãe logo chegou desesperada e gritava para os guardas ajudarem a colocá-lo dentro da carruagem.

Sua visão começou a ficar turva, porém uma pessoa de vestido branco veio correndo em sua direção ainda mais desesperada. Jurou que era Charlotte, mas não conseguia ter total convicção, pois os guardas a impediram de se aproximar dele. Sentiu os braços dos guardas o levantando e o levando para a carruagem. Sua mãe não parava de falar com ele, pedindo a todo o momento para que ele não fechasse os olhos, que continuasse aguentando firme até chegarem ao palácio.

O sacolejar da carruagem deixava George ainda mais inquieto, e a dor só piorava. Sua mãe tirou a farda dele e jogou no chão, rasgou a blusa com toda força que possuía e colocou sobre o ferimento para estancar o sangue que não parava de fluir. Ouviu-a rezando baixinho, ele pôs a mão sobre a da mãe.

— Ficarei bem, mãe. — George disse com dificuldade.

Uma lágrima desceu pelo rosto da rainha.

— Apenas aguente firme, meu filho.

Ele afirmou com a cabeça, respirando com dificuldade.

— Não poderia ir mais rápido? — resmungou Millie nervosa.

— Não adianta ir mais rápido Millie, podemos sofrer um acidente. Provavelmente estamos perto do palácio. Mandei um guarda ir à frente falar com o doutor para ir imediatamente para os aposentos reais. Vai ter que retirar essa bala ainda hoje.

— Já estamos em frente aos portões.

A carruagem andou mais rápido ainda, parou em frente às escadarias e um guarda abriu a porta. A rainha e a princesa desceram rapidamente, e logo os guardas foram retirá-lo da carruagem.

O rosto dele estava bastante pálido, e sua respiração estava a cada minuto mais lenta. Subiram com ele rapidamente para o quarto onde o médico já o esperava. Ele gemia de dor a cada degrau que os guardas subiam com ele.

A porta do seu quarto estava aberta, o colocaram imediatamente na cama, e o doutor foi logo para cima dele. Retirou a camisa rasgada que a rainha havia colocado para estancar o sangue no chão, analisou a ferida com bastante preocupação.

A bala havia atingido uma área bem perto do coração, por pouco ele não havia morrido. Rapidamente, o doutor e seu assistente começaram a limpar a ferida, o que ardia bastante e fazia George gritar bastante.

Ele sabia que a pior parte ainda não havia chegado; a parte de retirar a bala.

— Vossa Majestade terá que ter força. Isso irá doer bastante. — deu um pouco de láudano para ele, quase cuspiu tudo, pois o gosto era terrível. — Entendo perfeitamente sua ação, é realmente horrível.

— Estou ciente disso. — respondeu com dificuldade. — Continue. Por favor, não prolongue a dor que sinto.

O doutor assentiu, e pediu para seu assistente pegar o bisturi e a pinça.

— Dr. Collins, salve meu filho. — Lauren se desesperou. — Eu não suportaria outra perda tão recente.

— Farei o possível. — virou-se novamente para George. — Pense em coisas boas, alguns pacientes dizem que ajuda na hora da dor.

George assentiu. Começou a pensar em suas férias na Espanha, em momentos com sua mãe, as brincadeiras com sua irmã, pensou em Charlotte com seu humor ferino. Quando tentou esboçar um sorriso, automaticamente um grito saiu da sua garganta, o doutor havia passado o bisturi perto do seu coração, e com a pinça procurava o projétil. Quando finalmente retirou, começou a costurar a ferimento.

Lady CharlotteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora