XXI

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O baile fluía tão bem, que George já sentia o cansaço. Tinha dançado muitas valsas, e muitas quadrilhas. Perdeu a conta de quantas pisadas recebeu nos pés, e os milhares de perdões. Ele se sentia tão feliz em ter ficado perto de Charlotte naquele dia tão importante para ele, que se sentia extasiado, como se não precisasse de mais nada em sua vida, mesmo sabendo que precisava. Sua próxima valsa tinha sido reservada para ser com Jade. Ela estava com uma expressão debochada ao dançar com o duque Roberts, e ele dançava elegantemente com a irmã de Charlotte, Scarlett.

Quando acabou a valsa, os homens foram para o lado direito, e as mulheres para o lado esquerdo. Quando os violinos começaram a tocar, todos levantaram as mãos e foram em direção aos seus parceiros. George colocou a mão na de Jade, e rodou uma vez para a direita, e depois para esquerda.

— Parabéns pela coroação. — sorriu. — Nem tive muito tempo de dizer isso para você.

— Eu entendo. — ele colocou a mão em sua cintura. — Eu estava ocupado.

— Ficou ocupado demais para mim. — levantou os braços em movimentos perfeitos, colocando-os logo depois nos ombros de George. — Aposto que para sua amante, tinha todo o tempo do mundo.

— Primeiramente, ela não é minha amante. — segurou a cintura dela. — Respeite-a, está na minha casa e no meu país.

— Está bem. — ela troca de parceiro por alguns segundos, e voltou para George.

— Melhor assim.

— Acha que só porque é o rei de muitos países, é totalmente inabalável?

— Em nenhum momento eu disse isso. — a girou duas vezes. — Mas eu percebi que adora colocar palavras em minha boca. Você é realmente surpreendente. Estou arrependido de ter dançado com você, sinceramente. — revirou os olhos. — Você era mais agradável nas conversas antigamente.

— Você me deixou amarga, George. — tremou os lábios ao falar.

George percebeu que a valsa tinha acabado, curvou-se diante de Jade e sorriu amavelmente.

— Espero que adoce algum dia. — piscou o olho para ela. — No momento vou procurar minha... — colocou a mão no queixo. — Oh, lembrei-me, minha amante.

Saiu com um sorriso satisfeito nos lábios e foi procurar Charlotte pelo salão. Em muitos momentos, George foi parado por membros do Parlamento, outras vezes por membros da realeza, alguns conselheiros também paravam para lhe cumprimentar, e ele tinha que prestar atenção em cada assunto deles. Quando conseguiu se livrar do assunto político com o Primeiro-ministro Michael White, avistou Charlotte conversando com Alejandro e dando gargalhadas. Sentiu o ciúme preencher seu corpo por inteiro, e aquela cena o incomodava mais do que imaginava. Ele sabia que Charlotte nunca o trocaria por Alejandro. Ou trocaria? De repente sentiu uma grande insegurança, incerteza. Quando eles dançaram, ele percebeu que nada mudou, ou se tinha mudado, ele não sentiu. Passou muito tempo sem falar com ela, e ela poderia ter mudado os sentimentos. Uma mão tocou em seu braço.

— Meu irmão. — Millie afagou seu braço. — O jantar já foi anunciado, falta somente você.

— Vamos.

— Vou falar com Charlotte e Alejandro.

— Não precisa, ela está se divertindo. — disse ironicamente.

— Ela é uma convidada especial e ele é o príncipe da Espanha. Não precisa ter ciúmes, por favor, seja racional.

Millie soltou-se do braço do irmão e foi em direção dos dois. Charlotte soltou-se do braço de Alejandro e deu um abraço em Millie, dizendo algumas palavras e sorrindo. Millie sorriu, e ficou levemente corada. Deixando George curioso com aquilo, mas ficou no mesmo lugar. Quando Charlotte olhou em sua direção, deu um breve sorriso, e começou andar com Millie e Alejandro ao seu lado. Ele deu o braço para Millie, que aceitou de bom grado, enquanto Charlotte foi com Alejandro. Praguejou várias pragas possíveis, não deveria ter deixado ela ir acompanhada dele.

Lady CharlotteWhere stories live. Discover now