Os dias que sucederam foram bastante estressantes para George. Passava horas no gabinete com seu tio Simon resolvendo muitos problemas, que parecia se multiplicar a cada instante. Fazia dias que não fazia uma refeição ao lado de sua irmã e sua mãe; raramente tinha o prazer da companhia delas. Ele sabia que elas compreendiam, mas ele não queria que as coisas chegassem naquele ponto. Ele foi criado e educado para assumir o trono, tinha consciência disso, e também sabia que muitas vezes a família seria deixada de lado.
Faltavam poucos minutos para o visconde Lascelles chegar para uma reunião, e ele olhava pela janela o céu nublado. Aquele escritório sem ninguém era uma calmaria maravilhosa, mas quando chegava uma pessoa, ele sabia que eram mais problemas. Suspirou fundo e andou em direção à poltrona de couro que um dia foi confortável, e agora era mais desconfortável do que cavalgar durante um dia sem parar.
Ele sentia falta dos dias livres, da companhia da mãe, chegou até a sentir falta dos seus antigos professores com suas aulas cansativas, ensinando como ele deveria ser e agir. Até mesmo do seu tutor sentiu falta.
Estava com sua farda, usada para assuntos políticos e sociais. Seu cabelo estava bagunçado, tinha noção disso, porém não iria arrumá-lo. Pegou um papel em branco e se lembrou de Charlotte; sentia falta da garota. Sentia falta da risada, da companhia e do beijo dela. George não pensava que sentimentos poderiam mudar tão drasticamente, mas de repente tudo havia mudado; principalmente o que ele sentia por Jade. Ele sabia que seu pai o obrigaria a casar com ela, mas ele não aceitaria. Em outros tempos, ter Jade como esposa e companheira de vida era uma boa ideia, pois gostava dela; agora nada disso importava mais para ele. Desde daquela discussão com Jade, ele não a viu mais e nem conversou com ela, cumpriu o que ela pediu; não a procurou. Ouviu batidas no escritório, e logo seu tio entrou com um enorme sorriso.
— George! Estou tão feliz! — Simon abraçou o sobrinho.
— Eu notei pelo seu sorriso. Uma pena eu não poder dizer o mesmo.
— Mas vai ficar feliz por mim.
— Diga-me o que aconteceu de tão bom.
— Vou ser pai! Minha Helena está grávida!
— Oh, parabéns! — George abraçou o tio. — Finalmente uma notícia agradável.
— Não seja tão pessimista. — o tio olhou com reprovação para o sobrinho. — Eu tomei conta disso aqui por você, e veja, estou vivo. É melhor se acostumar.
— Estou me acostumando. — revirou os olhos.
— Está com a aparência péssima. Dormiu à noite? — Simon perguntou e sentou na cadeira em frente a George.
— Não, fiquei revisando alguns documentos e relatórios.
— Não havia necessidade para isso, George. Não vá ficar paranoico em resolver as coisas rapidamente.
— Acabei me empolgando.
— Gostou do que viu? — ele riu.
— Não muito. Meu pai assina sem ler as coisas, tenho uma leve certeza disso. — disse esfregando as têmporas.
— Ele assina na maioria das vezes alcoolizado. Os nobres se aproveitam disso. Eu dei uma organizada melhor nesses problemas. Agora acabou o aproveitamento desses cretinos. — Simon cruzou os braços. — A família real espanhola chega amanhã. Está preparado?
— Sempre estou.
— Ânimo meu sobrinho. Ânimo. — deu batidinhas no ombro de George.
— Essa palavra não está no meu vocabulário de vida ultimamente.
YOU ARE READING
Lady Charlotte
Historical FictionLivro 1 da trilogia "Irmãs Harrison". Charlotte Harrison, a filha caçula do duque de Cambridge, vai fazer dezessete anos. Essa é a idade perfeita em Londres para as moças solteiras começarem a debutar e procurar um bom partido para se tornar marido...