George ficou hipnotizado com a visão de Charlotte tocando piano mais uma vez, assim como tinha ficado na casa dela. As mãos dela eram habilidosas e não errava nenhuma nota. Ele não reconheceu a música que ela tocava, mas era bastante triste. Diziam que um músico toca o que sente. Ficou pensando se ela estava triste, e o possível motivo.
Charlotte terminou de tocar e virou-se para todos que estavam presentes.
— Gostaram? — deu um sorriso triste. — Fiz em homenagem a minha mãe.
— Linda canção. — a rainha bateu palmas. — Toca tão bem! Parecia que eu estava no céu. Encantadora. Sophie estaria muito orgulhosa da senhorita.
— Vossa Majestade era amiga da minha mãe?
— Nos conhecemos no batizado de George. Sempre nos víamos em eventos, ela era uma pessoa maravilhosa. Transmitia simpatia para qualquer um que conversasse com ela. Sim, eu a considerava uma boa amiga. No meio de tantas pessoas que desejam nosso mal, sua mãe era uma das poucas pessoas que desejava o bem. Senti muito a morte dela. — a rainha se aproximou dela, pegando sua mão com carinho. — Seu pai havia me dito que você era muito parecida com Sophie, principalmente os olhos. Realmente, são iguais. Pode não ter conhecido sua mãe, mas tenho certeza que sabe o quão foi amada desde o momento em que ela soube da gravidez. E, se não sabe, agora sabe. — deu um beijo na testa dela. — Não chore. — passou o dedo pelo rosto dela. — São boas lembranças.
— Mal vejo a hora de me ensinar. — Millie se levantou e ficou ao lado de Charlotte, afagando suas costas.
— Sou uma professora exigente, esteja bastante preparada. — Charlotte limpou as lágrimas com a mão.
— Aposto que se fosse comigo, até apanhar, eu apanharia. — disse George, com o olhar preocupado, apesar de tentar fazer algum humor.
— Pode ter certeza disso, Alteza. — Charlotte o encarou com os olhos azuis intensos e pupilas dilatadas.
— Gostaria de saber o motivo do relacionamento de vocês serem, como eu posso dizer? Agressivo? — Jade perguntou chamando a atenção de todos.
— Não percebi nenhuma agressividade, Vossa Alteza. É apenas uma brincadeira. — Charlotte respondeu tranquilamente.
— Certo. — a rainha observou as duas jovens com curiosidade. — Bem, vamos para a sala de estar azul. Jade e George nos acompanham?
— Não, mãe. Prometi levar Jade para conhecer o jardim.
— Então, um bom dia para ambos. Vai amar o jardim, querida.
— Tenho absoluta certeza que sim. — Jade deu um pequeno sorriso.
Sua mãe, sua irmã e Charlotte saíram da sala de música conversando e dando risos baixos. A vontade que George tinha era ir atrás delas e ficar perto, com certeza seria diversão garantida.
Em nenhum momento ele conseguia esquecer aqueles olhos azuis, cabelos loiros, vestido branco de veludo, tocando piano. Perguntou-se como até uns dias atrás estava certo de que gostava de Jade, e tudo começou a parecer incerto. Jade estava com ele, coisa que desejava desde que voltou da Espanha, mas não estava a mesma coisa de antes. Ela continuava com a mesma inteligência e delicadeza de sempre, porém não tinha a simplicidade e espontaneidade de Charlotte. Ele não queria compará-las, mas sua cabeça só queria fazer isso o tempo todo.
— George! Estou meia hora falando com você.
— Perdoe-me.
— No que estava pensando?
— Nada importante. — forçou um sorriso.
— Estava pensando nela, não estava? — cruzou os braços.
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Lady Charlotte
Historical FictionLivro 1 da trilogia "Irmãs Harrison". Charlotte Harrison, a filha caçula do duque de Cambridge, vai fazer dezessete anos. Essa é a idade perfeita em Londres para as moças solteiras começarem a debutar e procurar um bom partido para se tornar marido...